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As Práticas das Igrejas[de Vida] Orgânica

Tags: igreja igrejas


Nos últimos três anos, temos estudado, escrito e compartilhado consideravelmente sobre a doutrina da igreja segundo o Novo Testamento (a Eclesiologia do Novo Testamento), principalmente neste Blog. Muito do que nós temos publicado baseou-se em livros e websites disponibilizados por preciosos irmãos contemporâneos que têm sido iluminados e usados pelo Senhor para edificar o seu corpo na terra, trazendo maior entendimento sobre os eternos princípios do Novo Testamento acerca da igreja. Alguns desses abençoados livros e sites são indicados neste Blog.


Isto foi motivado pela vontade de contribuir com alguns irmãos no Brasil, os quais nos têm procurado para ajuda-los na implantação de novas igrejas orgânicas em suas cidades ou bairros, e que não possuem a experiência para lidar com questões práticas neste “novo mundo” que é uma igreja orgânica.

O fato é que a maioria dos irmãos que têm nos procurado para ajuda-los a iniciar uma congregação que vive igreja segundo os princípios do Novo Testamento nas cidades Brasil afora, tendo renovado seu entendimento acerca da eclesiologia, está saindo de uma igreja institucionalizada; portanto, só conhece as práticas dessas igrejas. Eu e alguns dos irmãos que se reúnem comigo também passamos por isso e sabemos o quanto sofremos (e temos sofrido) por não termos sido orientados no início sobre como contextualizar os princípios eclesiológicos neotestamentários e vivenciá-los em nossa geração, em nossa comunidade. Temos aprendido errando e consertando; estamos no caminho.

Alguns desses irmãos puderam vir a estar conosco durante poucos dias. Outros nos têm contatado via e-mail, e por meio de comentários no Blog.

É preciso ressaltar que esta nova série de artigos não pretende dogmatizar sobre a ortopraxia das igrejas orgânicas. Embora todas as práticas tratadas na série tenham fundamento na Bíblia (especialmente no Novo Testamento), não se tratam de um “manual oficial”, ou sequer de uma tentativa disto. Que os irmãos as vejam como uma contribuição de um irmão que tem aprendido ao longo de cinco anos de vida em uma igreja organica, e que, por isso, já possui alguma experiência. São sugestões práticas que podem ser implementadas, dependendo da contextualização da cultura local e da identidade pessoal que cada grupo congregação desenvolve, na medida em que cresce qualitativa e quantitativamente na fé, na comunhão do amor e na graça de Deus.


IDENTIDADE COLETIVA – O que somos? O que não somos?
Antes de começarmos a tratar sobre como iniciar uma comunidade orgânica (ou neotestamentária), é preciso definir claramente a visão sobre sua identidade. Antes de iniciar algo, temos que saber o que estamos inciando.

Primeiramente, é preciso compreender que as igrejas orgânicas não são uma nova denominação evangélica ou católica. Não há nenhuma organização por sobre, ou por trás das igrejas simples que têm se reunido nos lares ou em outros lugares. Não há controle humano sobre elas. Não há sequer ciência sobre o número de comunidades (células) que estão ativas em cada cidade, ou mesmo em cada bairro de uma cidade.

Embora esta expressão “igreja orgânica” esteja sendo usada por muitas dessas pequenas congregações não institucionalizadas, ela não significa uma marca registrada, nem a existência de estatutos ou regras escritas extra-Bíblia que regulamentem a doutrina e a prática individual ou em rede, das informais igrejas nos lares.

A palavra “orgânica” vem da Biologia e significa algo que nasce e funciona sem ser manipulado geneticamente pelo homem, ou que não recebeu produtos artificiais para se desenvolver ou para combater pragas. E também significa um organismo vivo. Esta simbologia aponta fortemente para a natureza das igrejas orgânicas: são pequenas comunidades (grupos) constituídas por pessoas de variadas idades e personalidades, que receberam a Cristo como Senhor e Salvador pessoal; que creram no seu nome e o expressam na terra, coletiva e individualmente. São congregações fortemente relacionais, que não se utilizam de técnicas da administração de empresas para iniciarem, nem para funcionarem, mas baseiam-se nos princípios do Novo Testamento. Elas não são fundadas. Elas nascem. São organismos vivos, e não organizações (no sentido de instituições). São famílias estendidas, famílias espirituais, que compartilham a vida (no contexto atual), e não somente as crenças da fé.

Além disso, não há uniformidade completa entre elas, em termos de prática e de doutrina, embora possuam algumas características, as quais identificam se uma igreja é ou não orgânica.

É importante que se diga que as igrejas orgânicas são comunidades que adotam a Bíblia como maior autoridade em termos de fé e prática cristã, portanto, são de interpretação doutrinária reformada, evangélica. As igrejas orgânicas não estão a inventar (ou reinventar) as doutrinas centrais do Cristianismo Bíblico. Ao contrário, confirmam e repassam os ensinamentos sistematizados pelos grandes estudiosos da Teologia Bíblica que contribuíram para o entendimento da Palavra de Deus, as grandes conclusões consolidadas pela igreja em sua história de pouco mais de dois mil anos. As igrejas orgânicas diferem das igrejas institucionalizadas evangélicas apenas quanto à doutrina da igreja (eclesiologia) e às práticas eclesiais. Nas doutrinas centrais são ortodoxas; nas doutrinas periféricas são tolerantes e amorosas com as variadas posições; nas práticas são primitivistas, orgânicas (ou neotestamentárias).


As igrejas orgânicas tem surgido no Brasil e no mundo por um mover do Espírito Santo de Deus. O vento de Deus tem soprado livremente, e a quantidade de igrejas não institucionalizadas – nos lares – no Brasil, tem aumentado significativamente, principalmente nos últimos dois anos.

Alguns irmãos que tem iniciado e liderado igrejas orgânicas creem que toda a igreja do Senhor (todos os verdadeiros crentes em Cristo) irá um dia retornar às origens neotestamentárias da igreja (na época da grande tribulação); que todas as igrejas e denominações cristãs bíblicas que hoje são institucionalizadas um dia deixarão de existir como instituições, e se tornarão orgânicas, simples, nos lares. Alguns deles baseiam seu entendimento nas sete cartas às igrejas do livro Apocalipse, interpretando que cada igreja ali significa uma das fases da igreja na história, e que a igreja de Filadélfia representa a penúltima etapa da igreja antes de Cristo retornar ao mundo, e que esta corresponde às igrejas nos lares.

Pessoalmente, interpreto as sete cartas do Apocalipse como símbolos dos tipos ou modelos de igrejas que existiram e existirão até a volta física do Senhor, porém não necessariamente sucessivamente, ou seja, alguns daqueles tipos de igrejas, ou todos, existirão concomitantemente durante o período compreendido entre a primeira e a segunda vinda do Senhor. Assim, a igreja de Filadélfia parece estar simbolizando as igrejas orgânicas nos lares (observando principalmente o caráter relacional descrito na carta), mas esta não será a única forma de igreja a existir no período escatológico final da história da humanidade, pouco antes do retorno de Jesus. Em outras palavras, entendo que conviveremos com vários tipos de igrejas institucionalizadas ou não, até o Senhor Jesus retornar. Sabemos que na história da igreja, sempre existiram grupos cristãos aos quais podemos identificar com alguma das igrejas descritas nas cartas do Apocalipse, e também sabemos que sempre existiram grupos que se reuniram nos lares, e às vezes até clandestinamente, em locais longe da vista das autoridades eclesiásticas e políticas instituídas.


Princípios de Nascimento de Igrejas Constantes no Novo Testamento
As igrejas narradas no nosso Novo Testamento surgiram segundo um padrão metodológico tríplice. Ou foram plantadas por um apóstolo e sua equipe (ou por pessoas treinadas por eles), ou surgiram a partir da divisão de uma igreja existente (por esta ter crescido muito e não caber mais em um lar), ou eram iniciadas em determinado local quando alguns irmãos de uma ou mais igrejas vinham de outra(s) localidade(s) e mudavam residência para lá, e ali estabeleciam uma comunidade-igreja. As três maneiras pelas quais as igrejas do primeiro século nasciam podem ser metaforicamente comparadas ao germinar e ao crescer orgânico de plantas e vegetais: plantação, reprodução por divisão celular, ou transplante.

O autor Frank Viola classifica os modos de nascimento das igrejas narrados no Novo Testamento em quatro modelos: o Modelo de Jerusalém; o Modelo de Antioquia; o Modelo de Éfeso; e o Modelo de Roma. Contudo, pode-se perceber que nesses quatro modelos estão presentes os três métodos orgânicos de nascimento de igrejas aqui citados.

Em Jerusalém, bem como em diversas cidades de Israel, os apóstolos plantaram a igreja durante alguns anos, e ela se reproduziu grandemente nas cidades, por divisão celular. Quando surgiu a perseguição por parte dos Judeus, a maioria dos irmãos saiu das cidades israelenses, principalmente de Jerusalém, e foram morar em cidades de outros países, iniciando nelas novas comunidades de discípulos. Ocorreu, assim, em Jerusalém, plantação, e depois, um transplante não intencional.

Muitos discípulos que saíram de Jerusalém e de outras cidades israelenses se estabeleceram em Antioquia da Síria, que se tornou então a maior igreja da região. Uma vez estabelecida em Antioquia, a igreja desta cidade enviou obreiros para plantar novas igrejas em cidades na Ásia Menor (hoje Turquia), na Grécia, na Macedônia, e em outras cidades na Europa – o mundo gentílico. Pode-se perceber que em Antioquia, a igreja surgiu por transplante, e depois enviou apóstolos para plantarem novas igrejas.

O apóstolo Paulo plantou a igreja em Éfeso e lá alugou uma escola (a escola de Tirano) para ensinar o evangelho e formar novos obreiros apostólicos. Esses obreiros, treinados e enviados por Paulo, ou seja, apóstolos delegados pelo apóstolo Paulo, plantaram igrejas em cidades próximas a Éfeso. Desta forma, em Éfeso houve plantação, e as igrejas geradas pela igreja de Éfeso surgiram também por plantação, porém feita de modo delegado.

É muito provável que a igreja de Roma, originalmente, tenha nascido quando alguns judeus que moravam em Roma foram a Jerusalém para a Páscoa e Festa dos Pães Asmos, e lá ouviram a pregação de Pedro (Atos 2.14-40); convertendo-se, voltaram para Roma e lá estabeleceram uma comunidade de discípulos. Entretanto, em 49 d.C. o Imperador Romano Claudius emitiu um édito proibindo a prática do Cristianismo na cidade (Atos 18.12). Isto fez com que os judeus-cristãos da cidade migrassem para outras cidades do império. Tudo indica que o casal Áquila e Priscila fossem originalmente de Roma, e estavam entre os irmãos que migraram para Éfeso por causa desta perseguição. Quando este édito foi revogado, em 54 d.C, acredita-se que muitos cristãos que haviam migrado para outras cidades, retornaram para Roma e reestabeleceram a igreja lá. No capítulo 16 da carta de Paulo aos Romanos, escrita em 57 d.C., ele saúda diversos irmãos de Roma que antes integravam igrejas em outras cidades do império, muitos deles de Éfeso, inclusive Áquila e Priscila (observe que Paulo ainda não tinha estado em Roma e já conhecia pessoalmente esses irmãos). Assim, a igreja original de Roma foi (muito provavelmente) plantada por meio da pregação de Pedro, e, em sua segunda formação (ou no seu reinício), ela foi estabelecida por meio de transplante intencional de irmãos vindos de outras cidades.


Contextualização dos Princípios Neotestamentários de Plantação de Igrejas Para a Presente Geração
A correta interpretação das Escrituras consiste em verificar o significado de sua mensagem para os primeiros ouvintes, dentro do seu contexto histórico-gramatical, extrair daí os seus princípios eternos, e depois aplicar esses princípios de modo contextualizado para cada época ou geração. Os princípios constantes nas Escrituras são oriundos do próprio Deus, e se forem aplicados em nossa geração, produzirão os resultados que Deus espera, que lhe agradam – a sua vontade.

Assim, devemos buscar aplicar os princípios orgânicos de plantação de igrejas constantes no Novo Testamento, se quisermos sinceramente plantar igrejas segundo o coração de Deus.


Mas, Hoje Existem Apóstolos?
Sim e não. No sentido literal da palavra Grega, um “apóstolo” é alguém que foi enviado. Cada vez que uma igreja envia um obreiro para plantar uma nova igreja ou apoiar uma igreja já estabelecida, este é um apóstolo. Neste sentido, sempre existiram e ainda existem os apóstolos na história da igreja. Por outro lado, se considerarmos esta palavra no sentido de “testemunha ocular” de Jesus Cristo, obviamente não existem mais apóstolos. E ainda, se alguém utiliza esta palavra “apóstolo” como um cargo ou um título autoritário-hierárquico, pode-se dizer que este não é um apóstolo segundo a Bíblia.

Para ser um obreiro enviado, segundo o Novo Testamento, um irmão precisa ter sido vocacionado por Deus para esta missão, precisa ser enviado por uma igreja, ou ter sido treinado e enviado por outro obreiro, como aqueles que Paulo treinou em Éfeso. Antes precisa possuir boa experiência na caminhada com o Senhor, bom conhecimento da Palavra de Deus, e alguns anos de comunhão numa comunidade local. Assim ele estará apto a plantar a semente que é o Evangelho de Jesus Cristo em um novo local, e a ajudar a reproduzir igrejas ali.

No presente mover de Deus em sua igreja rumo à prática das primeiras obras, Deus tem levantado alguns homens para plantar e cooperar com as igrejas nas diversas localidades. Alguns deles, que já vivem igreja de modo neotestamentário, comprometidos com o Reino de Deus, têm literalmente sido enviados a ajudar outros irmãos a reproduzir a vida orgânica da Igreja em outros bairros de suas cidades, ou até em outras cidades, por algum tempo. Alguns desses irmãos têm escrito livros sobre a Igreja e disponibilizado sites e blogs na internet, os quais têm chegado a muitos lugares do mundo. Esse material disponível (grande parte gratuitamente) tem fornecido quase todas as informações para que discípulos de todos os lugares possam ser treinados para iniciar e estabelecer igrejas conforme os princípios eclesiológicos do Novo Testamento. Isto, guardando as devidas proporções, é também estar cumprindo a missão apostólica por meio de treinamento e delegação, conforme Paulo fez em Éfeso, contextualizado para os dias atuais. Além disso, esses irmãos e irmãs que têm escrito e publicado artigos e livros, têm disponibilizado seus e-mails e números de telefones para uma maior interação.

O ideal seria se cada irmão ou pequeno grupo de irmãos que queiram viver igreja organicamente em uma cidade onde ainda não exista este tipo de comunidade pudessem contar com o apoio presencial de um obreiro já experimentado neste tipo de comunhão durante algum tempo, até que os irmãos estejam aptos a se reunir nos lares com a livre participação de cada crente da comunidade de modo igualitário, ordeiro e decente, sem ninguém dominando, e cada um contribuindo para a edificação do corpo, além de aprenderem a se relacionar profundamente em amor, e a compartilhar refeições e outros aspectos de suas vidas. Porém, considerando nossa realidade atual no Brasil, isto é muito difícil. Literalmente, “são poucos os trabalhadores” (precisamos orar para que o Senhor levante mais trabalhadores).

Os obreiros experientes e disponíveis para passar alguns meses em outra cidade distante, cooperando na plantação de igrejas neotestamentárias, aqui no Brasil são pouquíssimos atualmente (pode-se dizer – praticamente inexistentes). No entanto, dentro da mesma cidade, isto é bem mais fácil. Os irmãos que desejam iniciar uma igreja orgânica em seu lar, e sabem que já há irmãos vivendo igreja assim, devem solicitar seu apoio e ajuda no início. Isto é dito para o bem da própria comunidade que está iniciando, para que ela evite se transformar em uma instituição religiosa dentro de um lar, e não uma autentica comunidade onde o Senhor Jesus é o Rei e a única autoridade. Se não for possível receber o apoio de um obreiro enviado no início, esses irmãos devem se integrar em uma comunidade orgânica e ali viver durante alguns anos, para aprenderem a ser igreja segundo os princípios neotestamentários. Só depois devem sair para reproduzir uma nova comunidade. Só se reproduz o que se é. Se alguém que viveu igreja institucionalmente durante anos tentar iniciar uma comunidade orgânica, sem nenhum treinamento ou sem ter experimentado e vivido a vida orgânica da igreja, só irá reproduzir o velho odre em um lar. Mudará apenas de lugar de reunião.

Outro motivo para recomendar que os irmãos que intencionam sair de igrejas institucionalizadas e que desejam passar a viver igreja de modo neotestamentário procurem aqueles que já vivem assim, é para que promovam a unidade da igreja da cidade ou do bairro/localidade. Se cada irmão ou irmã que queira viver organicamente com um grupo de irmãos desprezar os demais que já estão vivendo em sua cidade ou bairro, estará fazendo o mesmo que as denominações. Estará criando a sua própria denominação de igreja nos lares, em torno de um líder.

Por outro lado, a falta da presença física de um obreiro enviado de outra cidade para o início de uma igreja neotestamentária não deve impedir o povo de Deus de viver igreja assim. Os muitos irmãos que estão sendo despertados pelo Espírito Santo no Brasil para viverem organicamente não precisam necessariamente esperar até que um apóstolo seja enviado à sua cidade para poderem iniciar uma comunidade de fé. Como já se disse, já há disponíveis livros e websites/blogs com ótimas orientações, não somente eclesiológicas, mas agora também práticas. A comunidade da qual faço parte teve que aprender errando e corrigindo nestes cinco anos de vida. Sofremos um bocado até 2010, por não contarmos com orientações práticas de pessoas experientes neste tipo de vida da igreja. Entretanto, buscamos o treinamento apostólico por meio da leitura, e também buscamos a orientação dos irmãos autores através de e-mail. Assim, estamos conseguindo melhorar semana a semana a nossa comunhão tornando-nos a cada dia mais orgânicos.

Entretanto, desde 2010, estão disponíveis livros e websites que disponibilizam excelente material para orientar na plantação de igrejas em locais onde ainda não há igrejas orgânicas. Não há necessidade de errar tanto quanto nós. Sugerimos os livros: “Mãos a Obra” de Felicity Dale, e “Vivenciando uma Igreja Orgânica”, de Frank Viola – editora Palavra. Sugerimos também o site “Pão e vinho” do irmão Hugo. Em nosso blog, objetivamos exatamente orientar aqueles irmãos de lugares onde não ainda não há igrejas orgânicas/neotestamentárias. Esperamos conseguir contribuir.

Resumindo, as igrejas orgânicas devem ser plantadas por obreiros experientes neste tipo de vida da igreja, ou por pessoas treinadas por eles, seja presencialmente, ou por meio do estudo de seus escritos, vídeos gravados ou vídeo-conferências, além de interação por e-mail ou telefone. Uma vez estabelecidas, as igrejas orgânicas se reproduzirão naturalmente na cidade por divisão celular e, em alguns casos, poderão ser transplantadas para outros bairros ou cidades. No próximo artigo trataremos sobre algumas maneiras práticas de iniciar uma reunião que poderá se tornar uma igreja orgânica.


SUGESTÕES PRÁTICAS

Oração
Tudo deve começar com oração. Na plantação de uma nova igreja, nenhuma ação deve ser tomada antes de um período de oração.

A igreja é do Senhor; portanto, o plantador de igreja deve ser alguém disposto a depender inteiramente de Deus para esta obra. Por meio da oração, o irmão que se sente chamado a iniciar uma igreja deve se colocar sob a dependência do Senhor para começar uma autêntica expressão orgânica da igreja. Nenhum método funciona se o próprio Senhor não edificar a casa (Slm. 127.1).

Se o irmão plantador possui família (esposa e filhos), ele deve iniciar orando por eles, para que estejam preparados e dispostos para esta grande jornada.

Em seguida, deve pedir ao Senhor direção prática sobre a melhor maneira de atingir a comunidade/área onde está querendo plantar uma igreja.

Observando o padrão de Jesus ao enviar os setenta e dois apóstolos em pares (Lucas 10.1-9), o plantador de igreja deve orar ao Senhor para que ele lhe mostre ou envie um companheiro de plantação. O companheiro plantador será um irmão que já possui a visão sobre a igreja neotestamentária, e ajudará na implementação das ações que Deus orientar; também atrairá pessoas de seu círculo de influência e amizade, aumentando assim, as possibilidades de plantação e crescimento da nova igreja.

Alguns autores recomendam que se faça uma caminhada de oração em redor do bairro onde se está querendo plantar uma igreja. A dupla plantadora caminha aleatoriamente sobre o bairro, orando por pessoas e pelas autoridades locais. Esta caminhada seria uma espécie de “reconhecimento” da área, e, ao mesmo tempo, uma reinvindicação de autoridade sobre os poderes humanos e sobre as potestades espirituais que dominam o lugar. Eu não experimentei esta prática quando iniciamos a igreja que se reúne hoje conosco, porém considero-a sábia e bíblica. Pretendo praticá-la na próxima oportunidade em que me sentir vocacionado pelo Senhor a plantar uma nova igreja.

Quanto ao tempo desse período de oração “pré-plantação”, não há regras definidas, uma vez que a igreja pertence ao Senhor, e Ele fará a sua obra como melhor lhe parecer. Este período de oração pode durar dias, semanas, ou meses. Pelo que tenho visto e lido, ainda não conheço um caso em que o período de oração pré-plantação tenha durado mais de um ano, porém não se pode fechar questão sobre qual é o tempo adequado para orar sobre o início de uma igreja orgânica.

O certo é que o Senhor responderá às orações, mostrando o caminho, abrindo portas e dando convicções aos seus obreiros plantadores.

Então será o momento de agir (sem parar de orar).

Evangelismo
Uma igreja que se reúne num lar é um grupo de irmãos de variadas idades, classes sociais e estilos de vida – salvos por Cristo – que se edificam e adoram coletivamente ao Senhor. Uma igreja não começa até ter um grupo de pessoas salvas e batizadas. Portanto, o plantador de igreja deve evangelizar –comunicar o evangelho de Jesus Cristo a pessoas que não o conhecem. Deve plantar a semente da Palavra de Deus e fazer novos discípulos do Senhor. E só então reunir esses discípulos (novos convertidos) como igreja. Não se deve tentar evangelizar durante as reuniões da igreja. O evangelismo deve ocorrer em outras ocasiões.

O plantador de igreja deve desenvolver habilidades evangelísticas. Evangelizar é comunicar o evangelho tão eficientemente e tão claramente, que o ouvinte não tenha outra atitude a fazer senão tomar uma decisão de aceitar ou rejeitar a Jesus como seu Salvador e Senhor. Às vezes, para desenvolver essas habilidades evangelísticas é necessário treinamento e estudo, o que pode ser feito por meio de livros e websites especializados, e/ou participando de treinamentos específicos. O principal, no entanto, é a disposição, pois o Senhor mesmo prometeu que, ao fazermos discípulos, ele estaria conosco sempre (Mateus 28.18-20). Eu já experimentei ocasiões em que vi nitidamente a minha pequena capacidade de comunicação se agigantar durante um evangelismo, por pura ação de Deus. Ele é o maior interessado em que façamos discípulos e, sem dúvida, agirá sobrenaturalmente durante a comunicação do seu evangelho.

O principal grupo de pessoas a serem chamadas para a nova igreja são os não-salvos, principalmente parentes, colegas de trabalho, vizinhos e amigos que já conhecem o seu testemunho e confiam em você.

O evangelismo pode ser feito de várias formas, podendo ser sugeridas:
  • Convidar parentes e amigos para reuniões sociais (cafezinhos, chás, lanches, jantares etc.), em uma casa, para ouvir um convidado palestrar sobre um tema de interesse à luz da Bíblia (liderança, fim do mundo, sabedoria etc.);
  • Convidar parentes e amigos para formar um pequeno grupo para estudo da Bíblia, em casa ou em outro lugar apropriado;
  • Ir a lugares públicos (shoppings, lanchonetes etc.) com folhetos e falar sobre o Senhor para algumas pessoas, e orar por elas.
  • Formar grupos de oração e estudo bíblico no trabalho (com permissão das autoridades) da organização;
  • Convidar pessoas que gostam de cinema para assistir um filme em uma casa e discutir sobre temas relacionados, à luz da Bíblia;
  • Juntar alguns irmãos com um violão e ir a um café ou lanchonete cantar canções cristãs;
  • Aproveitar um diálogo informal em que esteja participando, e introduzir a cosmovisão bíblica sobre o assunto.
Como Neil Cole  diz, só há dois tipos de pessoas perdidas no mundo: as mariposas e as baratas... As mariposas serão atraídas pela luz, e as baratas fugirão. Então, acenda a luz, pregando o evangelho, e traga as mariposas para o Reino de Deus!

Ministre Sobre a Igreja Orgânica aos Irmãos-Sem-Igreja
Hoje em dia há muitos irmãos e irmãs que estão ávidos por viver igreja segundo o que leem no Novo Testamento; no entanto, não conseguem enxergar como isto pode ser vivido nos nossos dias. Há muitos irmãos e irmãs que se desiludiram de igreja por causa do sistema eclesial institucional, e já não frequentam mais as igrejas com templos, pastores profissionais, dízimos, departamentos, ministérios programas etc., e estão (perigosamente) isolados. São irmãos sinceros que não se revoltaram com o Senhor nem com sua igreja; apenas se desiludiram com o modelo eclesial de Constantino, implementado pela igreja de Roma e continuado pela igreja protestante, embora com reformas e melhorias aqui e ali.

Este tipo de irmão, que, além dos não-salvos, também deve ser convidado a viver igreja organicamente, faz parte do grupo que poderíamos denominar de salvos-sem-igreja ou de irmãos-sem-igreja.

Essas pessoas, entretanto, precisam ser ministradas, pois não conseguem enxergar sozinhas no Novo Testamento como viver igreja hoje segundo os princípios neotestamentários. Estão viciadas em sua interpretação das passagens do Novo Testamento que falam sobre a igreja do primeiro século, e precisam de uma ajuda para compreender a eclesiologia neotestamentária.

Em minha experiência, conheço alguns irmãos assim, que estavam afastados de igreja, e, ao nos ouvirem falar sobre a igreja orgânica, ou lerem alguns livros de Frank Viola, Wolfgang Simson, Felicity Dale, Neil Cole, ou nossos artigos no blog, disseram-me: “Eu sempre soube disto em meu coração, mas não discernia tão claramente como agora, depois de ler o que esses autores escreveram. Este é o tipo de igreja que eu gostaria de participar. Existe igreja assim?”.

Ressalto que não devemos convidar (para igrejas orgânicas) irmãos que estão participando ativamente de suas igrejas denominações/institucionais. Não devemos chamar irmãos que acreditam que o modelo institucional de igreja é bíblico a deixarem suas congregações e se reunirem conosco. Deixemos que o próprio Senhor mova os corações de alguns irmãos e irmãs para nos procurarem, se assim for de sua soberana vontade.

Por outro lado, não podemos rejeitar nenhum irmão ou irmã que queira livremente sair de uma igreja estilo empresa ou estilo sinagoga e nos procure para se congregar conosco, mesmo que hoje ele (ou ela) esteja participando de uma igreja assim. Se veio livremente, é porque o Senhor o(a) moveu.

Para ministrar aos salvos-sem-igreja, ou para os irmãos que querem deixar a igreja institucionalizada, empreste-lhes ou compre para eles os livros “Reimaginando a Igreja” de Frank Viola (editora Palavra), ou “Casas que transformam o mundo” de Wolfgang Simson (editora Esperança). Assuma o compromisso de ter encontros semanais de leitura com esses irmãos. Outro livro que também pode ser lido em grupo para ministração é o e-book “Reconsiderando o odre” de Frank Viola. Alternativamente, podem ser selecionados e impressos artigos em blogs como o nosso (igrejaorganica.net) ou o “Pão e Vinho”, para leitura com esses irmãos sem-igreja ou vindos de igrejas institucionais.

Um ponto importante é que esses irmãos não devem ser introduzidos na nova igreja antes de serem ministrados e de terem seu entendimento renovado quanto à eclesiologia. Eles estão cheios de vícios de prática eclesial (ou até de doutrina essencial), e, se vierem como estão, só atrapalharão o crescimento espiritual da igreja. Precisam revolucionar seu entendimento bíblico sobre a eklesia do Senhor e mudar seus hábitos religiosos, antes de poderem interagir organicamente em uma congregação neotestamentária e participativa, onde todos são sacerdotes.

Um Filho da Paz
Nos versos 5 a 9 de Lucas 10 encontra-se um princípio de plantação de igreja, que se pode chamar de Um Filho da Paz. O Senhor Jesus ensinou aos discípulos-obreiros que, quando fossem plantar a semente do evangelho, ao encontrarem alguém que os acolhesse em sua casa, que permanecessem nesta casa, e não ficassem mudando de casa em casa. Esse alguém que abriu sua casa é “um filho da paz”, que será uma peça chave para atingir toda uma comunidade. Geralmente o filho da paz é alguém influente em sua localidade ou que possui uma liderança em determinado grupo social.

Os obreiros plantadores de igreja, quando iniciarem uma igreja em um novo bairro ou localidade, devem encontrar um filho da paz que esteja disposto a ceder sua casa para reuniões, e ali permanecer, abençoando os da casa com orações e recebendo tudo que lhes for oferecido.

Enfim, as sugestões aqui oferecidas não são exaustivas. Existem outras maneiras de plantar uma igreja, mas, aqui damos nossa contribuição, baseando-nos em nossa experiência e conhecimento das Escrituras sobre o assunto.

Você, que está lendo este artigo, provavelmente o SENHOR o chamou para plantar uma nova igreja neotestamentária em sua cidade ou bairro. Então ore, associe-se a um companheiro de plantação, evangelize os não-salvos, ministre aos irmãos-sem-igreja, e aos irmãos que estão chegando a você, vindo de igrejas institucionais sobre a igreja orgânica, encontre um filho da paz e então, mãos á obra!

E não esqueça de convidar um irmão experiente e vocacionado a plantar e nutrir igrejas (um apóstolo), para, se possível, ir e ajudar a preparar a nova igreja para funcionar mutuamente como em 1 Coríntios 14.26, nos seus primeiros meses, e também não esqueça de se aliar a outros irmãos de outros bairros ou outras cidades, estando em comunhão com eles e realizando grandes reuniões, eventualmente.


IDENTIDADE DOUTRINÁRIA
“Irmãos, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo suplico a todos vocês que concordem uns com os outros no que falam, para que não haja divisões entre vocês; antes, que todos estejam unidos num só pensamento e num só parecer. (1 Coríntios 1.10. NVI)

“Nas coisas essenciais, a unidade; nas duvidosas, a liberdade; e em todas, a caridade.” (Agostinho)

Vinte séculos depois de Cristo ter encarnado e vivido neste nosso mundo, e dos primeiros apóstolos terem escrito sobre ele e sua mensagem e propósito, o Cristianismo se mostra bem diferente dos tempos originais. Neste longo período, alguns fatos marcantes na história da igreja lhe conduziram ao complexo cenário atual da cristandade.

As perseguições, o perigo dos grupos heréticos (principalmente gnósticos) nos primeiros três séculos de nossa era e a consequente concentração de autoridade eclesiástica nos presbíteros/bispos nos Séculos II e III, a institucionalização, estatização e clericalização da igreja com Constantino, no início do século IV, o papado, os desvios doutrinários e a corrupção moral da Igreja Católica Romana durante a Idade Média, os problemas ocorridos na transmissão do texto bíblico manuscrito em suas línguas originais até a invenção da imprensa, o retorno às Escrituras e à busca da pureza moral (embora dissociado do retorno ao estilo de vida dos primeiros cristãos) na Reforma Religiosa do Século XVI, as traduções e edições das Escrituras para diversas línguas, os intérpretes livres das Escrituras que surgiram logo depois dos primeiros reformadores, a influência das novas teorias científicas-filosóficas no conhecimento humano a partir do século XVI, a dissidente doutrina reformada do livre arbítrio de Jacobus Arminius (fim do Século XVI), os movimentos missionários ocidentais do Século XIX, o surgimento do Pentecostalismo no início do Século XX, a visão da igreja como um negócio no final do Século XX e início deste Século XXI, tudo isto contribuiu e tem contribuído para a multiforme diversidade de grupos que se denominam cristãos na atualidade, cada um com o seu nome institucional, seu credo doutrinário particular, suas formas de cultos e seus hábitos e costumes peculiares, constituindo assim um quadro caótico da cristandade, onde a busca pela unidade parece ser utópica, podendo ser considerada por muitos até psicologicamente insana.

No meio desta plêiade de grupos cristãos distintos, estão os que hoje em dia buscam o retorno aos princípios e práticas do estilo de vida orgânico da igreja do primeiro século, segundo se lê no Novo Testamento (além do retorno ao estudo das Escrituras e da busca da pureza ético-moral já observados nos primeiros grupos reformadores religiosos cristãos). Este retorno às orígens passa necessariamente pela unidade da igreja local (da cidade ou do bairro) em torno de apenas um nome: Jesus Cristo.

Todavia, não é fácil reunir numa comunhão plena, pessoas que trazem entendimentos diversos sobre certos textos e passagens da Bíblia. Nos grupos cristãos orgânicos nos lares há uma boa parte de irmãos e irmãs que vieram de denominações e igrejas onde determinadas interpretações de certas partes do texto bíblico se tornaram doutrinas, que por sua vez se cristalizaram na mente desses irmãos como dogmas, e, para esses, reconsiderar esses dogmas é muito difícil. Além disto, dentre os irmãos que vieram de denominações e igrejas institucionalizadas para as igrejas orgânicas, há os que saíram de igrejas pentecostais e estão acostumados ao uso da Bíblia como oráculo, citando ou lendo versículos isolados de seu contexto para um irmão ou irmã (ou para si) como se fossem mensagens personalizadas e momentâneas de Deus – quase como se a Bíblia fosse um horóscopo.

Ocorre, assim, que, principalmente no momento em que se compartilham trechos das Escrituras de forma participativa nos lares, às vezes surgem desagradáveis debates entre irmãos que adotam preconceituosamente dogmas opostos.

Embora os principais escritores atuais sobre o Cristianismo orgânico afirmem que não deve haver divisão de irmãos e grupos em função de doutrina, na prática, doutrinas têm causado inimizades e divisões. Doutrinas e crenças são importantes, pois estão na base do comportamento de uma pessoa. Não é apenas uma questão de “teoria”; não fica apenas no campo das ideias, dissociada da pratica. As crenças se refletem no modus vivendi, no conjunto de atividades, hábitos e costumes que caracterizam o estilo de vida de uma pessoa. Se você compreender as crenças de uma pessoa, entenderá seu comportamento.


Mas, o que fazer diante desta complexa problemática contemporânea?
Nestes tempos em que vivemos, a máxima de Agostinho – que viveu no Século IV d.C. – parece ser profética: “Nas coisas essenciais, a unidade; nas duvidosas, a liberdade; e em todas, a caridade [ou amor]”.

Parece não ser mais possível termos unidade como cristãos, no entendimento de todos os aspectos da doutrina bíblica. No entanto, temos a opção e a obrigação de buscarmos a unidade nas “coisas essenciais”. É necessário que nos esforçemos “para conservar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz.” (Efésios 4.3).

A essência da doutrina cristã não pode ser alterada ou negociada. Os ensinamentos que constituem o conjunto das doutrinas centrais ou cardinais do Cristianismo – o seu cerne ou núcleo – precisam ser compreendidos, adotados e seguidos, sem divergência, pelos que querem ser de fato cristãos. Porém, as doutrinas secundárias e periféricas não devem ser debatidas, pelo bem da unidade da igreja local. Os irmãos que adotam um posicionamento em conformidade com certa corrente teológica no tocante a ensinamentos periféricos do Cristianismo devem ser respeitados, sem discussão. Não se atingirá unidade nesses assuntos periféricos até que Cristo volte e nos diga o real significado de certas passagens bíblicas que se tornaram difíceis de entender com o passar dos séculos.

Certa vez presenciei uma discussão acirrada entre um irmão e uma irmã sobre o que significa o “espinho na carne” do apóstolo Paulo (2 Cor. 12.7). A irmã defendia que o espinho na carne significa um “pecado de estimação” do apóstolo que ele não conseguia deixar; o outro defendia que o espinho na carne significa as sequelas e dores resultantes das torturas físicas sofridas por Paulo por proclamar o Cristianismo em sua geração. Aquela discussão já estava se tornando prejudicial à amizade dos irmãos quando cheguei, e logo intervi, dizendo que aquele verso das Escrituras se tornou obscuro quanto ao seu entendimento, porque se trata de uma expressão idiomática do Grego Koiné da época, e só os primeiros leitores de Paulo sabiam o seu significado preciso. Não adianta defender posição alguma, em casos como este; deve-se respeitar cada um o entendimento do outro.

Já os entendimentos de todos os que fazem parte de uma igreja local quanto às doutrinas essenciais do Cristianismo devem ser únicos, uniformes. Não pode haver desentendimento quanto à doutrina da Revelação de Deus (na natureza, na Bíblia e em Cristo), da Trindade Divina, da Divindade de Cristo e de sua Ressurreição, da Pecaminosidade Inata do Homem (Pecado Original), daObra Expiatória de Jesus Cristo, da Salvação pela Graça, por meio da Fé em Cristo, da Igreja como Corpo de Cristo na Terra sob a liderança do Espírito Santo, do Estado da Alma Após a Morte, e do Retorno de Jesus Cristo Encarnado à Terra Como Rei dos reis e Senhor dos senhores. Esses são os ensinamentos centrais do Cristianismo, e a descaracterização de qualquer dessas doutrinas transforma um grupo que a adota em não-cristão, ou herético. Ademais, a falta de acordo acerca das doutrinas essenciais fatalmente dividirá uma igreja local.

Por outro lado, os entendimentos particulares sobre certas doutrinas não essenciais, tais como a forma do batismo em água (ou com água), detalhes na profecia escatológica bíblica etc., devem ser respeitados uns pelos outros. Não devem sequer ser padronizados pela igreja local, sob pena de prejuízo para o Corpo de Cristo, por provocar divisão de irmãos em função de doutrinas periféricas – típico da denominacionalização.

E, em tudo, ou seja, tanto no ensino das doutrinas essenciais, quanto no respeito às posições pessoais no que tange às doutrinas secundárias, baseadas em passagens não muito claras da Bíblia, deve haver amor. O irmão que tem dificuldade de reconsiderar uma doutrina essencial merece todo o nosso esforço e carinho para ser ensinado na verdade. A verdade deve ser ensinada com firmeza, mas em amor (ver o exemplo de Jesus com relação a Nicodemos – João 3). E o irmão que diverge de nós quanto à doutrinas periféricas deve ser amado e respeitado como se fosse ele (ou ela) que tivesse razão. Nesses assuntos periféricos eu preciso considerar os outros superiores a mim mesmo.

Esta é (e deve ser) a atitude e a prática das igrejas orgânicas no que tange à doutrina cristã. Unidade na essência. Liberdade e respeito quanto à interpretação das passagens duvidosas da Bíblia. “Concordem uns com os outros no que falam, para que não haja divisões entre vocês”. E amor, acima de tudo.

“Rogo também por aqueles que crerão em mim, por meio da mensagem deles, para que todos sejam um, Pai, como tu estás em mim e eu em ti. Que eles também estejam em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste.” (João 17.20-21. NVI)

“O Deus que concede perseverança e ânimo dê-lhes um espírito de unidade, segundo Cristo Jesus, para que com um só coração e uma só voz vocês glorifiquem ao Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo.” (Romanos 15.5-6. NVI).

Marcio Rocha


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As Práticas das Igrejas[de Vida] Orgânica

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