no quarto-salão estirava-se o tempo de espera infinita. não tinha certezas só a ansiedade a acompanhava nas horas nos dias nas noites vazias.
a espera: uma amiga. como se conhecem!
- de ontem, hoje não. espere quem quiser!
pareceu uma vida cada um minuto. cada uma hora foi eternidade. esperava o quê?
- quem?
esperava o amor. o que todos esperam.
não teve? sim, muito. mal alinhavado mal distribuído nos anos de espera.
tanto amor constante lhe oprimia a alma! queria tanto dá-lo quando apetecesse, no impulso livre de quem ama bem, mas...
a espera. sempre ela. impondo-se a meio. interronpendo cada gesto largo de espontaneidade.
uma qualquer noite sentou-se à mesa sózinha. acendeu as velas. abriu um bom vinho, encetou caviar e comeu as ostras sorvendo a preceito, com gula infantil.
tomou o seu chá de menta, por fim.
nunca mais esperou.
aprendeu a ser a própria companhia que tanto esperara. e gostou de si para se acompanhar.
nunca mais sentiu a casa vazia ou a mesa grande.
recheou de flores o quarto-salão para poder vê-las fosse de qual ângulo as estivesse a olhar.
livre de vazios. longe da ansiedade, soube enfim amar.