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Resenha: De Repente, Num Domingo (1983) François Truffaut

Dos principais fundoadores da Nouvelle Vague francesa, Claude Chabrol é o mais interessante, Jean-Luc Godard é o mais afetado, Eric Rohmer é o mais intelectual e François Truffaut o mais cômico. Meu preferido é o último apesar da pouca oportunidade que tive de assistir às obras de todos. No debut de Truffaut "Os Incompreendidos", fica clara sua veia cômica que protubera nas cenas que envolvem Antoine e sua família. A tragédia se instala do filme, mas o comicidade não deixa maneirismos lacrimejantes aparecerem. Com o tempo, Truffaut se aprimorou e fez uma de suas grandes comédias, "Uma Jovem Tão Bela Como Eu", contando a história da piriguete Camille Bliss.

Nos anos 50 quando ainda escrevia para o Cahiers du Cinéma, Truffaut descobriu Alfred Hitchcock e se apaixonou pela poesia de suas imagens. Esse deslumbramento pelo mestre do suspense se estendeu aos demais fundadores da Nouvelle Vague. Truffaut seguiu a trilha dramática com seus personagens sentimentalmente perturbados até chegar em seu último filme (morreu em 84), uma de suas obras primas: De Repente, Num Domingo; inspirada nos filmes de Hitch e no noir que reinou nas décadas de 40 e 50.

Particularmente nunca fui chegado em noirs hollywoodianos e acho chato essa coisa de caça ao assassino. Adoro Hitchcock por deslocar a motivação do gênero para um segundo plano, de forma que o mais importante está em desenvolver seus personagens e manipular o espactador com o clima de supense. Não por acaso, na minha opinião o melhor Hicthcock é o sobrenatural "Os Pássaros". Meu noir preferido é "Pacto de Sangue", dirigido por Billy Wilder. Na trama, o assassino é revelado no início, me poupando da brincadeirinha de gato e rato.

Confesso que morri de rir com De Repente, Num Domingo, de forma a não me preocupar com a resolução do crime. Diálogos espertos e hilários, aliados a uma mise-en-scène exemplar de Truffaut é o que chamamos de paródia, mas uma paródia digna que narra a história do imobiliário Julien Vercel, acusado de matar o suposto amante de sua mulher. Jurando de pés juntos inocente, acaba por fugir da polícia para juntar evidências de sua suposta inocência. O curioso é que a protagonista é sua secretária Barbara Becker (Fanny Ardant, cacho do cineasta na época) que abre o filme numa sequência de rachar o bico. Ela se compadece do chefe e parte em busca das evidências, enquanto Julien se refugia da polícia na agência. Uma coisa única esse filme, de fotografia preto e branco em plena década de 80, fidelíssima à estética noir.

Enfim, um programão inteligente com ares de paródia sacana. E se for difícil achar em uma locadora próxima, o canal aberto Futura reprisa Vivement Dimanche! (Finalmente, Domingo! numa tradução mais livre) desde o ano da França no Brasil, onde homenageou o cineasta com a exibição de algumas de suas obras.

» Avaliação: 8.5


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