mais vale aturar o palerma que não gosta, ou gosta demais, de me ver rir sozinha.
sozinha. a palavra de que melhor sei o sentido.
mas sozinha na praia era bom. por muito tempo foi. até começar a surgir aquela sombra projectada na praia.
não fazia ideia de quem fosse, ao chegar estava tudo deserto e entregava-me ao prazer natural do sal da água do vento.
só depois aparecia. dei em achar engraçado ter uma visita diária que eu nunca via e não sabia se me via sequer, mas que estava lá. na praia , por sobre a gruta.
vivendo o meu paraíso, gostava-lhe da sombra, sem me virar sequer para o olhar.
se o dinheiro fosse outro ia comprar revistas de moda, para não pensar. é o que elas, as do hotel, fazem o dia todo, além de sauna massagem e piscina. parecem dar-se bem com isso. mas eu ainda prefiro o mar.
lá está o espinafrado a olhar de novo.
- olhe lá para fora, senhor, tem muito mais que ver!
devo ter ar de espelho eu. se o tolo pensava que lhe ia fazer de écran de cinema toda a viagem, já levou que contar! mas só a cara dele valeu o levantar da voz. valeu mesmo!
e se está lindo o dia fora do comboio! é um dia novo e o que é novo é bonito. quase sempre.