Um tratador tailandês alimenta o elefante Muthu Raja em um recinto no zoológico de Dehiwala, em Colombo, em 30 de junho de 2023 – Copyright AFP Ishara S. KODIKARA

Amal JAYASINGHE

Um Elefante tailandês presenteado ao Sri Lanka há duas décadas foi levado de volta ao seu país natal no domingo, após uma briga diplomática sobre os supostos maus-tratos do animal.

As autoridades tailandesas presentearam Muthu Raja, de 29 anos – também conhecido em sua terra natal como Sak Surin – ao Sri Lanka em 2001.

Mas eles o exigiram de volta no ano passado, após alegações de que ele foi torturado e negligenciado enquanto estava alojado em um templo budista no sul do país insular.

O mamífero de 4.000 kg (8.800 libras) partiu do aeroporto de Colombo na manhã de domingo em um voo comercial só de ida para uma repatriação que, segundo autoridades tailandesas, custou US$ 700.000.

O avião de carga Ilyushin IL-76 transportando Muthu Raja decolou por volta das 7h40 (0210 GMT), disse o gerente do aeroporto.

Depois de pousar em Chiang Mai, o elefante será colocado em quarentena em uma reserva natural próxima.

Ele foi retirado de seu lar temporário em um zoológico em Colombo antes do amanhecer em uma gaiola de aço especial do tamanho de um contêiner.

Quatro tratadores tailandeses ao lado de um tratador do Sri Lanka estão acompanhando o elefante no voo e duas câmeras de CFTV monitorarão sua saúde em trânsito.

O veterinário-chefe do zoológico de Dehiwala, Madusha Perera, disse à AFP que Muthu Raja estava com dores e coberto de abscessos quando foi resgatado de sua residência anterior no ano passado.

Grupos de bem-estar animal disseram que o elefante foi forçado a trabalhar com uma equipe de madeireiros e seus ferimentos – alguns supostamente infligidos por seu tratador – foram negligenciados.

O elefante passará por hidroterapia para tratar uma lesão remanescente em sua pata dianteira esquerda quando retornar à Tailândia, disse Perera.

– Retorno oposto –

Os elefantes são considerados sagrados no Sri Lanka e são protegidos por lei.

A organização Rally for Animal Rights and Environment (RARE), que liderou uma campanha para resgatar Muthu Raja do templo, expressou seu descontentamento com a partida do animal.

A RARE organizou uma bênção budista para o elefante na sexta-feira antes da viagem e o grupo agora está pedindo às autoridades que processem os responsáveis ​​por negligenciar o animal.

Um grupo nacionalista fez uma manifestação do lado de fora da embaixada tailandesa em Colombo na quinta-feira exigindo que o animal permaneça no Sri Lanka por mais seis meses.

“Não sabíamos da situação do elefante”, disse à AFP o líder do grupo, Dan Priyasad.

“Podemos cuidar dele e recuperá-lo em seis meses e, se falharmos, eles podem levar o animal de volta.”

O ministro da Vida Selvagem, Pavithra Wanniarachchi, disse que a Tailândia foi “inflexível” em suas exigências para a devolução do elefante.

O primeiro-ministro Dinesh Gunawardena disse ao parlamento em junho que havia transmitido pessoalmente o pesar do Sri Lanka ao rei tailandês sobre a condição do elefante.

O ministro tailandês do Meio Ambiente, Varawut Silpa-archa, não questionou no mês passado se Muthu Raja foi maltratado, mas observou que o governo tailandês parou de enviar elefantes para o exterior.

As missões diplomáticas de Bangkok agora estão verificando a condição daqueles que já foram enviados para o exterior, disse ele.