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“Sonhe, mas não adormeça”

Hoje me dei conta do tanto de coisa que acabou há anos. É um punhado de gente que eu já não vejo tanto e um outro tanto que eu já não vejo mais. São dúzias de livros dos quais eu esqueci o encanto e umas dezenas de músicas que hoje eu já não canto.

Numa dessas noites de insônia pulou no meu feed uma frase que perturbou ainda mais o desejo do sono vir: “Sonhe, mas não adormeça”. Para ser feliz, é preciso sonhar, é verdade. Mas como abafamos o medo de simplesmente esquecer, de perder o sonho? E o pavor de acordar e não lembrar da razão que te inundou de felicidade durante a noite? E durante a vida?

Traçar planos exige a ousadia de um montanhista e a inocência de uma criança. Mas criança já não se é, então é preciso também da ponderação de um matemático.

Mas quem é que consegue ser tudo isso? Olho pros meus antigos planos e eles estão tão diferentes que nem parecem que eram meus. Aqueles que ainda se parecem minimamente com os originais foram reescritos, esquecidos e lembrados tantas vezes que mereciam o racional guardado em uma linha do tempo.

Fico imaginando um mundo onde alguns deles não tivessem sido esquecidos e outros não tivessem falhado. Um mundo com a minha mãe viva. O carro intacto. O calcanhar sem fraturas. Os amores não perdidos. Um mundo com tanta gente que hoje já não é parte do meu mundo. Parece bom, não é?

Mas e como eu viveria sem os tantos que vieram só porque esses se perderam? E esses que vieram me soam agora como os melhores que já tive. Eu sonho hoje com eles como quem nunca esqueceu sonho algum. Sonho hoje com os olhos calmos, com o corpo macio. Sonho. E sonho acordada. E acompanhada. Não pelas pessoas de ontem, talvez. Mas pelas de sempre. Por aquelas de pra sempre.

Acho que se minha mãe fosse viva e me perguntasse o que eu quero pro meu futuro hoje eu só conseguiria dizer: “continuar com os quereres, continuar sonhando, continuar acordada”. Era o meu plano pra ela que não deu certo. E não deu porque esse plano é e sempre foi meu e só meu. E esse sim é um plano no qual não toco jamais.




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