Na minha Cidade tinha
paralelepípedos
Tinha paralelepípedos
na minha cidade
Tinha paralelepípedos
na minha cidade
Quando a gente andava
de charrete
de charrete
de bicicleta
de havaianas
de vaga-lume
de havaianas
de vaga-lume
e até caminhão de lata
não sentia paralelepípedos
Sentia
não sentia paralelepípedos
Sentia
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dos
Solavancos e
so-lavancos
entrecortavam sílabas
Solavancos e
so-lavancos
entrecortavam sílabas
aceleravam as risadas
e guardavam os dias
dos tempos
idos
Na minha cidade tinha
paralelepípedos
e guardavam os dias
dos tempos
idos
Na minha cidade tinha
paralelepípedos
Por eles
eu escorregava
em dia de chuva
eu escorregava
em dia de chuva
em fuga
de beijo furtivo
de beijo furtivo
Por eles
eu me desesperava
em busca de tempo
em busca de tempo
alento
e ônibus perdido
e ônibus perdido
Neles
eu procurava
o reflexo molhado
o reflexo molhado
estampado
por sob os vestidos
Na minha cidade tinha
paralelepípedos
por sob os vestidos
Na minha cidade tinha
paralelepípedos
e não esse preto piche de agora
sem caráter
sem caráter
sem humor
sem afeto
sem nada
Não esses casais
sem reflexo
sem afeto
sem nada
Não esses casais
sem reflexo
que percorrem
a esteira árida
a esteira árida
da madrugada
na praça do coronel,
queriam logo saber se a moça
de fato era feliz
Então assim se abriam
três caminhos de granito
pras três meninas cuspidoras
presas no chafariz
Porque somente nelas
naquelas meninas sapecas
minha amada Satolep
de barbada suplanta Paris
Tinha paralelepípedos
Na minha cidade tinha
paralelepípedos
Se passasse a baronesana praça do coronel,
queriam logo saber se a moça
de fato era feliz
Então assim se abriam
três caminhos de granito
pras três meninas cuspidoras
presas no chafariz
Porque somente nelas
naquelas meninas sapecas
minha amada Satolep
de barbada suplanta Paris
na minha cidade
Coitados!
Paralelepípedos nem cabem na poesia
como caber nessa modernidade?
Paralelepípedos nem cabem na poesia
como caber nessa modernidade?
Outros de Satolep:
Joelhos de Garnisé
