Na Entrevista, que pode ser lida na íntegra no site oficial de Tom Jobim (link para a entrevista completa logo abaixo), ele se queixa da imprensa, fala da infância, de Ipanema, de ecologia e até, tema raramente presente em suas conversas, da ditadura militar, que tornou o Brasil irrespirável e levou para o exílio muitos artistas como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Chico e... Tom Jobim:
"Eu fui embora, não porque tivessem me mandado embora, porque o ambiente estava insuportável. Você não podia fazer as músicas... Isso, inclusive, não me tocava pessoalmente. Eu não estava escrevendo música de protesto. Mas, em solidariedade aos que estavam, nós nos recusamos a entrar no Festival Internacional de Canção (de 1971), e foi isso que causou a nossa prisão em massa... Eu fui apenas detido, o que não é o caso do Caetano e do Gil, que foram realmente presos. Eu fui detido e tinha que voltar lá pra averiguações. Eu era intimado a comparecer. Agora você vê se o Tom Jobim é um homem subversivo, eu sou um homem da ordem e do progresso."
Ao perceber o rumo da conversa Tom observa que talvez não seja o caso de fazer uma entrevista tão séria assim. E fala de música, um assunto no qual ninguém fala, de seus mestres Villa-Lobos, Radamés Gnatalli, Guerra Peixe:
"Eles foram ficando moços e eu fui ficando velho. É como o retrato do meu pai em cima do piano. O meu pai era o meu velho, e hoje em dia eu estou muito mais velho que o meu pai."
E termina brincando: Uma moça perguntou ao Villa-Lobos que estava morrendo: "Maestro, o que o senhor está compondo agora?" Ele disse: 'Agora eu estou decompondo'. Por que essa obrigação de compor sempre? Eu nunca entendi isso. A músicas inéditas, eu vou mantê-las inéditas pra que ninguém possa saber, ninguém possa achar nada.
Mais sobre Tom Jobim:
Fonte: Anotaçoes com arte 2007 - Tom Jobim