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Despedida.

Sobre as coisas que eu Ainda não disse, das indiretas que não mandei. Conduzo meu olhar a tudo o que passou, dos gestos mais finos, tu que arreganhastes seus dentes e eu que interiorizei o meu, o nosso fervor. Penduro hoje no varal as nossas memórias, lavadas. Não vou dizer que sofro, porque não dói; não digo que comemoro, afinal, Nunca fui dos festins. Sinto. Sinto muito, desculpo-me, desculpo-te. O lado direito da cama não está vazio, ando ocupando a superfície toda, espaçosa, feito estrela esparramada no universo que dedico a mim. Outros olhos pousam nos seus, mas já não os mesmos que os meus alegremente no acaso encontraram. Tua pele, já desfeita em pó, agora é acariciada por outrem e já não é mais a pele que senti, toquei, cheirei. Teu amor se renova num outro molde, refrescando-se na construção de um novo corpo, sentimentos inéditos, cheios da ingenuidade e da paixão de quem não conhece e que não quer saber o que há de vir. Quem eu amei não mais existe, és hoje a transformação cotidiana dos fatos, dos sinos e sinas que lhe torturam e assopram as feridas, as mordidas e carícias que a vida tem a oferecer. Eu sigo aqui, errante…como nunca neguei ser. Estou persistente, arrastando meus dias, buscando outros erros, aqueles que ainda não cometi. Uma hora, por erro meu ou do destino, ei de errar o erro e acertar o certeiro e quem sabe, ah…quem sabe! Desfrutarei por ventura tudo o que ainda não encontrei. Não nego a saudade, mas dela não vivo. Minha mente é vadia, puta da lembrança…segue na indiscrição de se felicitar, e, mesmo sem gorjeta ou pagamento que valha, as vezes me pego pensando no que fomos e eu, que jurei nunca escrever sobre ti, jamais tornar-te o inexistente masculino das musas ou amor de guardanapos, escrevo-te essas palavras, compilando as ausências e silêncios em caracteres que nem em mil vidas irão chegar ao pé do ouvido dos vacilos que a finitude nos resumiu. E no meu mais lhano agradecimento, naquilo que nunca foi dito, a graça, agradeço por me ensinar o que se sente ao amar.
Gemidos idos, dos corpos limpos. Suor lavado, cansados, não mais nos repelindo, nos afastando. Somos outros, produtos do amor findo.
Obrigada.




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