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Review - Kamen Rider Build (2017)

 Parece haver praticamente um consenso entre os fãs de tokusatsu de que Kamen Rider Build é a melhor série da franquia Kamen Rider. Fiquei, portanto, muito interessado nela, já que até no Brasil muitos compartilham dessa opinião. Achei surpreendente, pois a comunidade tokusatsu brasileira tem uma longa história de amor pelo clássico Black Kamen Rider, que foi transmitido na saudosa Rede Manchete. Também fui com expectativas moderadas, pois já ouvira o mesmo sobre Jetman, que não me pegou. No entanto, no caso de Build, acabei concordando com a maioria.


Exibida no Japão em 2017, a trama de Kamen Rider Build se desenrola em um mundo pós-apocalíptico. Durante uma expedição a Marte, uma equipe descobre a misteriosa Caixa de Pandora, que é trazida de volta à Terra. Aqui, a caixa é aberta durante uma cerimônia pública, resultando no surgimento de uma muralha que divide o Japão em três nações: Seito, Hokuto e Touto. Essas nações entram em conflito devido à escassez de recursos e à busca pelo poder absoluto. Enquanto isso, o misterioso Kamen Rider Build luta contra monstros criados pela sombria organização Faust, que possivelmente também está envolvida em sua origem. Na verdade, Build é o jovem cientista Sento Kiryu (interpretado por Atsuhiko Inukai), que perdeu a memória que guarda um importante segredo em seu passado.


À primeira vista, Kamen Rider Build pode não parecer muito diferente das demais séries do gênero. No entanto, à medida que os episódios avançam, personagens surgem e revelações acontecem, a série adquire rumos inesperados, ganhando uma identidade única que pode ser o motivo de ser tão reverenciada. Chama a atenção a complexidade de sua narrativa e as reviravoltas bem elaboradas que mantêm os espectadores ansiosos por cada novo episódio. Destaca-se, em particular, sua abordagem madura na exploração de temas sociais e políticos, tais como corrupção, abuso de poder e os dilemas éticos. Isso já é muito  em uma época em que as produções ocidentais de super-heróis estão cada vez mais superficiais.


Ainda assim, Build é, antes de mais nada, uma série de super-heróis voltada para o público infanto-juvenil. Sua missão principal é proporcionar diversão e impulsionar a venda de brinquedos, e ela desempenha esse papel com sucesso. O design dos trajes dos Riders é notável, apresentando uma estética única e inspirada em diversos elementos aleatórios que resultam em visuais criativos e memoráveis. O ritmo das cenas de ação é espetacular, com coreografias habilmente executadas, e a falta de preocupação dos produtores japoneses com a autenticidade dos efeitos visuais contribui para o clima lúdico da produção. A ideia de um narrador surgindo do nada para anunciar golpes e transformações dos personagens é algo que gosto muito. O filme mais recente de Mortal Kombat teria acertado se tivesse optado por adotar uma abordagem semelhante (como ocorre no jogo, não é?), em vez de fazer os personagens falarem sozinhos.


Outro ponto forte de Build são seus personagens. Com uma vibe que me lembrou muito o filme Scott Pilgrim, dirigido por Edgar Wright, e animes mais recentes, a série acerta no equilíbrio entre humor e drama, tornando-os cativantes. O elenco é muito carismático e a química entre eles funciona de maneira impecável. Talvez o personagem mais fascinante de todos seja Gentoku Himuro (Kensei Mikami), que passa por diversas transformações ao longo da série, das quais não vou entrar em detalhes para não estragar a experiência daqueles que ainda não assistiram. 

Build também brinca bastante com a quebra da quarta parede, com os personagens dialogando animadamente enquanto recapitulam o episódio anterior no início do novo, mesmo quando a trama está em um momento particularmente dramático. Essa combinação de humor e drama poderia ser arriscada, mas funciona bem na maioria das vezes. Ao mesmo tempo em que a série se apresenta de forma profundamente dramática, Build consegue encaixar toques de humor quando menos se espera, seja por meio dos poderes do herói ou de reações inesperadas de algum personagem.


Uma coisa  essencial em uma boa série de super-heróis é a presença de um vilão formidável, e Build apresenta um dos melhores de todas as produções tokusatsu que tive a oportunidade de assistir: Evolt. Inescrupuloso, Evolt não hesita ao buscar seus objetivos e parece sempre estar um passo à frente dos heróis. O personagem também possui um senso de humor perigoso que adiciona um charme extra, distinguindo-o do típico vilão desse tipo de série. Isso contrasta, por exemplo, com o elegante, porém inexpressivo, Shadow Moon de Kamen Rider Black.


Bem, não posso afirmar que Build seja a melhor série da franquia, pois ainda tenho muitos Kamen Riders para assistir. No entanto, dentre as que vi até o momento, ela foi a que mais me agradou. É uma história de super-heróis como não via há muito tempo, com uma narrativa envolvente e personagens agradáveis. Assim como aconteceu com Jaspion, vou mais uma vez me juntar à maioria e reconhecer que Kamen Rider Build é uma grande série. Ela é uma ode ao verdadeiro heroísmo em um momento em que as produções ocidentais tendem a retratar seus heróis como pessoas cada vez mais egoístas e centradas em seus próprios interesses pessoais.


Kamen Rider Build está disponível no Prime Video



Contato: [email protected]

 

Marc



Cinema, música, tokusatsu e assuntos aleatórios, não necessariamente nessa ordem

       




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