Um filme estereotipado, enjoativo, sem boa história e mal contado... mas tem Maria do Bairro e Chapolin!

Besouro Azul é um filme estranhamente perturbador, que parece ser algo feito por Hollywood pra dizer "Sabemos como Mexicanos são, aqui, tome seu Taco".

O filme tem ótimos efeitos especiais... tipo, acho que é a única coisa que sou capaz de elogiar. O resto é só ladeira abaixo.

Estou um pouco perplexo e até meio ofendido com o que assisti. É que, apesar do filme não ser um desastre politicamente incorreto, ele foi meio estranho de digerir. O filme nem é violento, nem engraçado (só uma ou outra piada funcionam, mas mal tem cenas com o Besouro Azul, e ele é o mais divertido de tudo).

É basicamente uma história sobre imigrantes tentando a sorte num país norte americano de nome fictício, e do nada um deles vira um super herói mais poderoso que tudo que já foi mostrado na DC, mas que parece um tipo de reciclagem de um monte de outros heróis.

E olha que eu já conhecia o Mochila Azul, digo, o Besouro Azul, de desenhos animados e revistinhas. Até achava ele maneiro, ficava me perguntando "Caraca, então ele nunca deixa de ser o Besouro Azul? Bizarro, ele ta sendo manipulado por um alien mano?" e tipo, enquanto via o filme eu só pensava "Ah lá, é o Venom, fundido com o Homem de Ferro".

Mas as comparações só foram aumentando "Caraca, agora virou Shazam? Pera, porque to sentindo que parece muito com Homem Formiga agora?"

O personagem não tem identidade, mesmo tendo um bom design, mesmo sendo uma ótima ideia, é tão mal contado que a gente fica só comparando.

E se você não conhece nenhum desses outros heróis, independente de serem da Marvel ou da DC, olhar para o Besouro Azul dá uma sensação vaga, como se algo estivesse errado nessa história.

É a grande história de origem do herói, mas nada parece ter grande importância. Seus poderes vem do nada, por mero acaso, e não há urgência nenhuma, ou qualquer perigo imediato, nada que motive o surgimento da ideia de "herói". Na verdade, é mais como um garoto usando super tecnologia alienígena por acaso, pra... nada.

Pois não há razão para o uso da arma, e acho que boa parte do erro do filme está justamente nisso: Os vilões.

Um Grande Herói precisa ter um vilão pra rivaliza-lo, algo que faça ele se esforçar para dominar seus poderes e lutar contra algo, pra salvar alguém ou alguma coisa. Mas aqui o vilão é... uma mulher rica e branca, que quer ganhar dinheiro.

O inimigo do Besouro Azul é um cara de armadura, que é só um protótipo militar de tecnologia alienígena e não tem motivação alguma para ser vilão, mal, ou ameaçador.

É um capanga qualquer, de uma riquinha qualquer, e não há ambição no que eles fazem.

Sem reviravoltas, sem planos megalomaníacos, sem consequências devastadoras, sem nada que faça jus a existência do Besouro Azul. No máximo, o pai dele morre de enfarto, e isso motiva ele a... a... tipo... a nada na real.

A morte do pai dele é num momento chave da história e serve unicamente pra distrair o rapaz, e fazê-lo ser capturado pelos vilões, apenas para que posteriormente a família do garoto vire super heróis também e parta para regata-lo.

Também serve pra lembrar que os Mexicanos comemoram o Dia del Muertos (que em português ficaria algo como "Dia dos Mortos") então, eles sempre se encontram com seus antepassados quando estão perto de morrer, é algo cultural dos Mexicanos, então todo filme onde tenha um Mexicano, tem que ter uma conversa póstuma com algum ente querido, e aqui é o pai.

É tudo solto ali, enfiado na tela de qualquer jeito pra que os atores finjam fazer parte de algo elaborado. Mas no fim, parece só um monte de coadjuvantes se empurrando e berrando pra ficar de baixo dos holofotes, enquanto o protagonista mesmo mal tem espaço.

E nem falo do Jaime, que pra mim é só um corpo que o Besouro Azul tomou para poder existir. Falo do próprio Besouro Azul que ficou completamente vago e sem explicação.

Ele é uma ferramenta espacial? Um invasor de outro planeta? Uma tecnologia explorada? Um parasita dominador de mundos? Bom? Ruim? Nada disso importa, pois ele só fica parecendo uma armadura com Inteligência Artificial acoplada, igual o Jarvis do Homem de Ferro.

Acho que seria até mais legal se usassem algum conceito de "Cavaleiro da Lua" com uma segunda personalidade assumindo o corpo do garoto, mas do jeito que é mostrado, só parece que ele não tem controle da armadura (até que consegue se fundir totalmente).

Tentam insinuar em dado momento que o herói "Besouro Azul" já existiu, mas nunca conseguiu usar a tecnologia do verdadeiro escaravelho espacial, apesar de ter posse dele, ter acesso a ele, ter estudado ele e criado várias armas inspiradas nele, mas nunca tendo conseguido "assimila-lo" (lembrou sabe quem? Homem Formiga, e o antigo Homem Formiga que passa o traje pro novo). Mas isso é só exposto numa conversa, e fica por isso mesmo.

Não rola um flashback, num tem referências, nem mesmo vídeos de como ele era no passado. Os caras só falam "Caramba, seu pai era o Besouro Azul? Nossa, que legal hein". Gente...

Aí aparecem as armas que ele criou e ca-ra-lho, são Escudos Projetados, Punhos de Energia, NAVES VOADORAS A PROVA DE BALAS EM FORMA DE BEZOURO QUE GANHAM PATINHAS E SÃO VERDADEIROS TANQUES, e por ai vai.

O cara era surreal, provavelmente, e ninguém nem sabe o que ele foi.

Tanto que, ele é comparado como parecido com Batman, Flash e Superman (citações rápidas só pra lembrar que é da DC), mas que nem existe mais e, nunca é explicado porque.

O filme parece ter pressa pra ir logo pro final, e não sabe o que contar nesse meio tempo. As boas ideias ficam de lado, e só focam em mostrar como o Jaime é conectado com sua família Mexicana, e como eles são tudo pra ele.

Falemos de Bruna Marquezine... o marketing pegou pesado com a presença da BRASILEIRA num filme da DC Comics estreando como "co-protagonista"... mas na real... não entendi pra que ela existe no filme.

É que assim, a personagem dela é filha do antigo Besouro Azul, que morreu ou sumiu. O pai dela parece ser de uma família muito rica e grande, que domina o mercado de armas, e apesar dela ser tecnicamente uma das chefes da empresa, ela não manda em nada, e uma mulher branca aleatória e velha comanda tudo acima dela.

Então ela invade a própria empresa, rouba coisas que já são dela, e meio que fica fazendo caras e bocas o filme todo, sem nada a acrescentar.

Tentam colocar ela como par romântico para o protagonista, mas não existe química, é forçado, artificial de mais, e estranho.

Eles mal se conhecem, mal tem tempo de tela juntos, o máximo que possuem de interação é uma conversa onde o cara banca o psicólogo e escuta ela desabafar da vida, e pronto, os dois se apaixonam.

Até mesmo o vinculo dela com o pai é esquisito, com tudo só jogado mesmo, ela leva um monte de estranhos pra "batcaverna" do falecido/desaparecido pai (sério, o filme não sabe explicar o que rolou com ele), e entrega as armas dele de graça pra todo mundo, pra assim todos atacarem A PRÓPRIA EMPRESA DELA.

Isso é tão esquisito, que assim, quando ela rouba o Besouro Azul (pois sim, eles já tinham o Besouro Azul e tinham fabricado um monte de armas com ele), a segurança é chamada e o prédio da empresa dela é fechado, mas ela pega o item, entrega pro Mexicano que ela mal conhece, e manda ele fugir.

Logo em seguida ELA MESMA GUIA A SEGURANÇA PARA OS LOCAIS DE INTERESSE, tomando a frente como CHEFE, pois ELA É A CHEFE MANO!

Daí cenas depois, ta ela sendo alvejada por metralhadoras e dá a sorte de achar o mesmo Mexicano num carro, que a salva. Tipo? Que?

A continuidade desse filme é tão roteirizada que passa a entender que só existem os personagens que ele mostra, e mais ninguém.

Tudo que tem em volta do protagonista, sua família, o vilão e a família do vilão, são coadjuvantes esperando a hora de fazer sua fala e pronto.

Não sei se estou conseguindo ser claro mas, é tudo tão simplório e relaxado, que eu me senti até desconfortável vendo. Não é uma boa história, e se é, ela é muito mal contada.

O jovem escolhido pelo Besouro é um adulto recém formado na faculdade que quer vencer na vida... mas exatamente no que ele se formou? O que ele mais deseja? Quais as qualidades e defeitos dele? Pois é, não há nada disso. É só um personagem unidimensional que ta ali pra existir.

Qual a razão pro Besouro escolher ele como hospedeiro? Com certeza ele não foi pra Terra pra se ligar a ele pois, o encontro dos dois é tão ao acaso, que faz o Ben 10 obtendo Ominitrix parecer uma profecia dos Mayas.

A família dele, tipo, é um pai, um tio, uma avó, uma irmã e uma mãe. Todos andam grudados pois são Mexicanos, e pra Hollywood parece que Mexicanos andam grudados e vivem sempre colados.

O pai é um imigrante ilegal, tem uma doença terminal, e acabou de perder tudo o que tem, desde sua casa, até seu emprego como mecânico (acho que é mecânico, eles citam uma oficina, mas tipo, não explicam muito).

O tio é paranoico, parece ter conhecimento avançado de tecnologias e vive na casa do irmão. Também não fica claro o que ele faz pra viver, mas ele tem um carro, que por ele ser Mexicano, ele chama de Taco (entendeu, Taco, porque Mexicanos comem Taco).

A mãe é esposa do pai. Só isso, também não mostra o que ela faz pra viver, ela só tá ali na casa pois é a mãe e mães ficam na casa das famílias Mexicanas.

A avó é velha, e não sabe falar inglês então é a única que sempre fala espanhol, afinal, ela é Mexicana né, mais Mexicana que os outros Mexicanos. Mas não fica claro se ela é mãe da mãe, ou do pai. E aliás, ela foi uma guerrilheira no passado, por isso ela se empolga com uma metralhadora do antigo Besouro Azul (é uma grande piada do filme, tão engraçada que eu nem ri pra não perder o controle).

A irmã é jovem, mas já é maior de idade (não é dito sua idade) e ela não fez faculdade, então ela trabalha como todo imigrante, de faxineira. E aliás, ela também é Mexicana.

E assim, todos vivem na mesma casa e pronto. Essa é a grande trama por trás do herói.

Jaime, que é o único da família que fez faculdade, não consegue nenhum emprego que presta e trabalha com a irmã, e então como num passe de mágica ele é demitido, mas ganha a chance de ser empregado na empresa de armas da Bruna Marquezine.

Mas não da tempo de nada acontecer, a mulher marca a entrevista com ele e NO MESMO DIA decide bancar a Espiã e roubar a si própria, ignorando totalmente o fato dele ter ido lá conseguir um trabalho, e entrega de mão beijada, uma Arma Alienígena de Ponta, pro cara que ela nem sabe quem é (nem nós), nem nunca viu antes.

Obviamente, ele acaba mexendo com a coisa (impulsionado pela família) e se funde ao Besouro Azul, virando um simbionte igual o Venom, sem controle pelo corpo e com uma armadura toda poderosa.

A armadura faz tudo, voa, é resistente, tem super força, regeneração, projeta armas conforme a vontade do garoto e tem energia ilimitada. Não tem fraquezas, e ainda é toda automatizada, com o único defeito sendo o fato dela dissolver toda e qualquer roupa que o garoto vista, para revestir seu corpo todo. Por isso ele sempre fica peladão.

Ainda assim, quando é preciso bater meta de mostrar o rosto do ator principal, a armadura desfaz o capacete.

No fim, ele é sequestrado pelos vilões, extraem o resto da tecnologia dele fazendo uma armadura melhor ainda pro capanga principal (na verdade só copiam a tecnologia, sabe-se lá como), e a família dele se une pra resgata-lo, se equipando com armamentos pesados que nunca viram antes, mas dominam.

E ai ele é salvo, faz amizade com seu rival de armadura, e o cara se explode junto com a chefe, deixando a empresa da Bruna Marquezine, com a Bruna Marquezine.

E, o filme é isso. 

Ele aprende os poderes, troca umas 3 frases com o simbionte, os dois apenas viram amigos e decidem não ser assassinos, e passam a defender todo e qualquer Mexicano, e claro, a Brasileira (que precisa ser citada como brasileira ou então a gente confundiria).

E aliás, no final, rola beijo do herói e da mocinha. Que é bem desconcertante, e ninguém liga pro fato dele ser um super herói.

Sendo bem sincero, fiquei mais empolgado com o Chapolin Colorado aparecendo nos televisores da empresa do que com o Besouro Azul (o tio bota um vírus nos monitores da empresa, pra eles invadirem e roubarem uma chave que... é mó volta só pra esticar o filme... mas tem o Chapolin!).

Ta aí um herói que merece um filme. Ele sim é o grande Herói que deveria representar essa cultura...

Pelo menos valeria mais a pena ver.

E sobre a Maria do Bairro... eles cantam a musiquinha e assistem novelas, caramba gente, Mexicanos só fazem isso po! Nós brasileiros também, é só futebol, carnaval, samba e feijoada.

Ansioso pra quando fizerem um filme sobre um herói brasileiro... medo.

E pensar que este é o primeiro grande filme que reinicia o "Universo DC", afinal após os eventos de Flash, esse mundo sem crossovers de heróis instaura uma nova regra para os filmes do estúdio: Heróis Individuais.

Aparentemente indo contra a co-irmã, eles optaram por sair da ideia do "Multiverso" e focar mais em heróis únicos, mas... que comecinho hein.

É isso.

See yah...