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Pinóquio

A cada versão live-action de uma animação clássica lançada, uma mesma pergunta é feita: há necessidade real de recontar esta história no "formato Disney"? Uma vez que a maioria das obras originais são consideradas clássicos da animação. Após mais de uma dezena de produções do tipo ouso dizer, a resposta é: depende! No caso da mais recente obra, Pinóquio, acho que a reimaginação é bem vinda.

Gepeto (Tom Hanks) é um solitário carpinteiro, que decide construir um marionete de madeira à figura de seu filho. Antes de dormir, ele deseja que o boneco se tornasse real. Assim a Fada Azul (Cynthia Erivo) traz Pinóquio (voz de Benjamin Evan Ainsworth) à vida, e encarrega o Grilo Falante (Joseph Gordon-Levitt) de trabalhar como sua consciência, até que o boneco de madeira desenvolva uma própria. Entretanto, para se tornar um menino de verdade, Pinóquio terá que provar o seu valor. O que ele faz, cometendo erros, e encarando as consequências deles.

Sim, basicamente a mesma história da animação de 1940. A esta altura você deve estar se perguntando o porquê de eu achar que esta nova adaptação é necessária. Diferente de clássicos mais recentes como Rei Leão e MulanPinóquio não conversa com tanta facilidade com as gerações atuais. Sua linguagem e ritmo pertencem a uma época menos frenética e inundada de informações do que esta que os pequenos de hoje habitam.

O tom também é diferente. Em 1940, havia um receio menor em "traumatizar" os pequenos, e o "politicamente correto" nem era um conceito. Assim, sequencias consideradas assustadoras e "impróprias" atualmente foram amenizadas. A passagem da Ilha dos Prazeres ainda existe, os charutos foram deixados de lado, mas surpreendentemente a bebida alcoólica ficou (em Dumbo por exemplo, fora banida), assim como uma única sequencia mais assustadora, em relação ao destino das crianças que se esbaldam no local. Mas como um todo, a sequencia é sim, mais leve, menos polêmica.

Vale ressaltar. Eu não acho que as versões antigas atualmente consideradas "politicamente incorretas" devam ser censuradas. Sim, essas obras tem seus momentos problemáticos, mas "poupar" as crianças deles, é menos produtivo do que explicá-las para eles. Assistir junto, e mostrar os problemas de certos detalhes, de uma forma que entendam. Cabe a cada responsável, conhecer suas crianças e determinar em que momento, e de qual forma abordar esses temas. E convenhamos, ver Pinóquio se tornar um burro por beber e fumar, é uma das melhores propagandas antidrogas que se pode ter. 

De volta ao filme, há sim mudanças e atualizações além do ritmo e linguagem. Algumas boas sacadas, como a tentação pela fama, atualizada para os tempos hoje. "Melhor ser famoso do que ser real!" prega João Honesto (voz de Keegan-Michael Key). Como não pensar na cultura de influencers e sua vida idealizada, muitas vezes completamente irreal? Outras alterações, são mais dispensáveis como a mudança da baleia para um monstro marinho. 

Mais independente, e aprendendo mais rápido, o protagonista precisa de menos interferência da Fada Azul. Uma pena, pois a aparição imponente de Cynthia Erivo no papel é um dos pontos altos do longa. Também vemos um pouco mais de Gepeto, afinal não se chama Tom Hanks, para pouca coisa. E sim, o veterano convence com facilidade no papel do viúvo solitário, que encontra motivação para viver em sua obra. 

A principal mudança no entanto, fica em seu desfecho. Escolha feita, acredito eu, para evitar associações do personagem principal, com um ator mirim. Pinóquio aqui tem todas as características clássicas do desenho, do visual ao jeitinho enérgico de falar. Associá-lo a um ator, atrapalharia os planos de merchandising, caso a adaptação seja bem sucedida. 

Bem dirigido pelo experiente Robert Zemeckis, o filme traz belos planos e fotografia deslumbrante. Ele não tem receio de explorar bem os diferentes cenários, e focar nos personagens, mesmos os animados. A animação por sua vez, segue os padrões do estúdio, bem executados e realista. Com um protagonista que nunca parece falso, mesmo estando todo o tempo em cena, em diferentes luzes e condições. Uma pena ter sido lançado apenas no Disney+, as sequencias mais escuras se beneficiariam da projeção em cinema, que proporciona as condições adequadas, que a sala de casa raramente tem. 

As músicas clássicas também estão de volta. Embora, diferente de outros live-actions, estas não sejam o ponto alto da narrativa. "When You Wish Upon a Star", é sempre nostálgica quando toca. "I've Got No Strings" sempre diverte, enquanto  "I Will Always Dance" é a novidade que surpreende. 

Atualizado, mas sem perder a essência, o novo Pinóquio da Disney resgata o boneco de madeira para a geração Z. Atualiza seu ritmo, linguagem, mas traz de volta seus temas e lições ainda relevantes para os dias de hoje. Não torna o original dispensável (remake nenhum tem essa capacidade), mas é uma nova opção para novas audiências. 

Pinóquio (Pinocchio)
2022 - EUA - 105min
Aventura, Musical

Pinóquio foi lançado diretamente no Disney+, como parte das comemorações do Disney+ Day, em 08 de setembro de 2022.



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