Os dias passam e a vida vai passando por nós. Tal como a paisagem numa viagem de comboio: rápida, sem tempo para olhar duas vezes, sem repetições, imperdoável... e uma vez perdido, o momento perdido está...
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A vida tornou-se uma correria monotona. Dia após dia, os mesmos caminhos, as mesmas pessoas, os mesmos horários. Dia após dia, a mesma rotina...
Já não sabemos valorizar as pequenas coisas da vida, saborear por breves instantes as pequenas surpresas que passam por nós a toda a hora e que simplesmente não vemos de tão cegos que estamos para o Mundo.
Cegos por uma sociedade que assim o exige, cegos com o único objectivo de conseguir superar mais um dia. A vida passou a ser não mais que um trabalho, cujo objectivo diário é chegar a casa ao final do dia, comer, dormir e acordar na esperança de o dia seguinte não seja pior que o anterior. O que aconteceu à alegria de acordar e sentirmo-nos vivos só porque sim?
Os dias passam e vamos morrendo aos poucos e poucos por dentro. Coração frio e alheios a todo um Mundo que nos rodeia. Diariamente cortamos as nossas próprias asas e iludimo-nos na esperança que o destino tenha algo de bom reservado para nós. Porque havia de o destino ter algo bom reservado para nós se não saímos da cepa torta? Se nós somos os primeiros a desistir dos nossos sonhos? Se nos contentamos a seguir "caminhos já trilhados"? Se em vez de agir, ficamos sentados à espera que a felicidade nos caia no colo?
Estamos cada vez mais a olhar para a vida como algo garantido, quando sabemos (mas enfiamos essas ideias numa gaveta bem escondida na nossa mente) que breves instantes é quanto basta para toda uma vida mudar...
Sim! Breves instantes é quanto basta para tudo ficar de pernas para o ar, para virar tudo do avesso, para o que ontém era certo, hoje seja incerto...
Essa certeza deveria ser o suficiente para nos fazer acordar e olhar para o Mundo de olhos bem abertos (os nossos próprios olhos)...
Essa certeza deveria ser o suficiente para lutarmos diariamente pelos nossos sonhos e não nos contentarmos a viver a vida de outrém. Deveria ser o suficiente para procurarmos cada um o seu caminho. Deveria ser o suficiente para nunca desistirmos de nada na vida, por muitos obstáculos que surjam... E aí talvez sim... talvez a Felicidade que procuramos esteja mesmo ao virar daquela esquina que nunca nos lembramos de virar, porque isso implicaria uma mudança na rotina.
E nós gostamos da rotina...
A grande questão é: gostamos assim tanto da rotina para sobrevivermos em vez de vivermos?
Posso não conseguir mudar o Mundo, mas também não deixarei que o Mundo me mude...
Escrito em 2015 por Carla C (Life in Flashes)
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