Carlos Vinícius Alves Morais é o nome do protagonista de um percurso ascendente de quem saiu de Bom Jesus, no estado do Maranhão (Brasil), levando com ele o sonho de se tornar Jogador de futebol profissional.

Nascido a 25 de março de 1995, fez a sua formação no Santos e no Palmeiras, iniciando a carreira como futebolista profissional em 2016, num também clube brasileiro chamado Caldense. Passou, no ano seguinte, a integrar a formação do Grémio Anápolis, onde começou a chamar a atenção dos clubes europeus.

Em julho de 2017, o sonho de entrar no Velho Continente concretizou-se. Vinícius chegava à Europa e assinava pelo Real Sport Clube, na altura treinado por Filipe Martins, que daria lugar, no decorrer da época, a Alexandre Santos.

E o início da experiência europeia dificilmente poderia ter corrido melhor. Na primeira partida oficial, frente ao Belenenses, para a Taça da Liga, Carlos Vinícius fez um golo, e na estreia no campeonato da II Liga o cartão de visita foi um hat-trick em Matosinhos, diante do Leixões. Nessa época (2017/18) deu nas vistas com 20 golos em 39 jogos, conseguindo o estatuto de segundo melhor marcador da competição, ultrapassado apenas por Ricardo Gomes (22 golos).

Carlos Vinícius, com 1,90m de altura, até nem teve uma época memorável em termos coletivos, já que o Real SC desceria de divisão, mas as qualidades do ponta de lança não passariam despercebidas e colocá-lo-iam na rota do Nápoles, onde cumpriu a pré-temporada de 2018/19, não tendo, contudo, efetuado qualquer minuto ao serviço da equipa de Carlo Ancelotti.

Seguiu-se o Rio Ave, onde, por empréstimo dos napolitanos para adquirir minutos e experiência num patamar exigente, marcou 14 golos em 20 jogos. Fruto das suas boas prestações, trocou, a meio da época passada (2018/19), os vila-condenses pelo Mónaco, que anunciaria ainda o regresso de Leonardo Jardim ao comando técnico da equipa. Pelos monegascos apontou dois golos em 16 desafios.

Não foi Alexandre Santos que o recebeu quando, em 2017/18, Carlos Vinícius chegou ao Real SC, mas foi ele que acompanhou o brasileiro durante alguns meses. O técnico, agora adjunto de Rui Almeida no Caen (Primeira Liga francesa), fala em “transformação” e afirma, convicto, que a nova contratação do Benfica “está a viver aquilo que qualquer jogador sonha”.

“O Vinícius é um jogador com quem não estive muito tempo – cerca de cinco meses como treinador –, e que marca pela forma de estar, pela convicção e pela ambição que tem. Isso, aliado à capacidade física e técnica, transformou-o num jogador que chegou do Brasil completamente desconhecido e que, neste momento, com a ida para o Benfica, está a viver aquilo que qualquer jogador sonha”, apontou, em declarações ao Site Oficial.

“Essa transformação deveu-se ao trabalho e à convicção que ele tem, às dificuldades por que ele provavelmente passou no Brasil ao ponto de quase ter desistido da carreira ainda antes de ter vindo para Portugal. Não estava a corresponder àquilo que eram as necessidades dele e da sua família e, de repente, tudo se transformou. Isso mostra bem a ambição, a vontade e a coragem de um jogador que, sendo muito jovem, já passou por muitas dificuldades. Neste momento – nos últimos dois anos – vive um grande sonho, que qualquer jogador gostaria de viver”, reforçou.

O treinador português não tem dúvidas de que se trata de um avançado “muito explosivo” que alia a “força muscular” à “capacidade de controlar a bola e progredir com ela”.

“É, fundamentalmente, um jogador de grande potência muscular, com uma grande capacidade física, e de uma habilidade típica de jogador brasileiro. Já jogava no Brasil até a médio-centro, embora as características dele sejam muito potenciadas como ponta de lança porque é um jogador muito explosivo, com grande capacidade de arrancar e de deixar os adversários para trás. O Vinícius consegue aliar a força muscular que tem à capacidade de controlar a bola e progredir com ela”, analisou o técnico de 42 anos que o viu evoluir no Real SC.

“Na II Liga fez muitos golos, mas tem melhorado – principalmente na altura em que esteve no Rio Ave – a capacidade de finalização. É um jogador que alia a capacidade técnica de relação – bastante boa – com a bola à potência muscular. O Vinícius tem ainda uma grande agressividade sobre o adversário, o que faz com que muitas vezes os golos venham de recuperações de bola. Pressiona muito bem e de forma muito agressiva os adversários quando constroem e, quando ganha essas bolas, é meio caminho andado para a grande capacidade dele: o um para um e ir para a baliza de forma explosiva”, acrescentou.

“É sempre difícil acrescentar a um Clube tão grande e com jogadores tão bons. Eu acho que ele pode dar uma capacidade de desequilíbrio ainda maior porque é um jogador que muitas vezes consegue descair para os corredores e depois ser capaz de ou recuperar a bola, ou de chegar rapidamente à baliza após uma recuperação de bola da equipa”, comentou Alexandre Santos.

“Acredito que vai conseguir aproveitar as situações de contra-ataque e ataque rápido de forma muito frequente. Aí, o Benfica poderá explorar isso de forma mais evidente, embora seja uma equipa que joga, maioritariamente, em ataque organizado e com pouco espaço nas costas do adversário. O Vinícius vai potenciar isso, acrescentando ainda a capacidade de remate que tem vindo a melhorar.Ele é muito novo e isso é uma garantia de que o Benfica vê nele uma grande aposta para o futuro”, prosseguiu, admitindo a “pressão” e “exigência” de integrar um plantel Campeão Nacional em título.

“É natural que qualquer jogador que entre num clube tão grande como o Benfica sinta sempre a pressão ou exigência de ter de responder às grandes expectativas que o Clube tem. Mas ele pareceu-me – por aquilo que vivemos e pelas dificuldades que já passou – um jogador muito tranquilo sobre isso. Tem alguma experiência na alta-roda do futebol e isso vai dar-lhe a capacidade de se adaptar rapidamente ao Benfica”, considerou Alexandre Santos.