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Uma semana para o meu aniversário (Ou Feliz Desaniversário)

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Eu não lembro de quem foi a idéia Aquele dia de ir beber atrás do posto da polícia, em uma pracinha abandonada, cheia de balanços e gangorras. Mas foi boa. Mesmo com a maconha dentro do carro. Polícia para quem precisa?
Eu tinha acabado de conhecer metade dos presentes, mas parecia que fazia mais tempo. Estava roubartilhando cigarro de todo mundo e tomando a vodka alheia porque, News, estava dura. Falei da morte da bezerra, ri, dancei com música do celular, toquei violão, sentei em um formigueiro, andei de gangorra, reclamei das minha bunda atacada por formigas e andei de balanço. Ah, sim, e risquei "Andy, sexy delícia" de batom vermelho no vidro da frente do carro do personagem-título com vários beijinhos em volta.
Me peguei filosofando aquela noite, em como é estranho o quão rápido eu viro a alma da festa. O quão rápido toda aquela gente pensa que me conhece super bem porque eu estou vomitando fatos aleatórios da minha própria vida. Uma vez minha terapeuta falou que sou um falso livro aberto. Todo mundo acha que conhece, porque eu saio contando aparentemente tudo, sou super sincera, super transparente... Mas ninguém sabe que as coisas que me importam, eu não compartilho, nem se eu quisesse. Simplesmente não consigo. Eu posso ter falado que estava morando com o Giovanni alguns meses antes e que terminamos e que eu queria que ele se danasse porque era um ridículo. Posso ter contado detalhes escrotos das brigas... Mas não contei o quão traída eu me senti quando tudo aquilo terminou ou que meses antes eu chorava escondida na rua antes de entrar no apartamento, sem saber exatamente  o porquê, além de me sentir cada vez mais um peixinho num aquário. O quanto eu queria que ele parasse de me perguntar sobre as músicas que ele fazia porque eu não sabia mais como mentir que tinha gostado, quando simplesmente as achava desprovidas de alma. Sabe? Quando uma música não te cativa? Pois é, nada disso, eu nunca contei. Nem pra minha mãe.  Só que eu sentia uma falta terrível da comida dela porque não aguentava mais aquele monte de sal, e gengibre, que é super forte e a comida fica só com aquele gosto de chá pra resfriado. E nada de carne.
Mas enfim, quem diria que o fofo ia ligar pra me pagar uma grana que me devia, que permitiu que eu fosse ao posto pra comprar coisas pra dar continuação pra festa. Nós apelidamos de pensão alimentícia ali na praça, na hora (uma tequila amanhã na festa pra quem me levar de carro ali na casa do ex pra pegar  grana!). Nem doeu ver ele. Faz um tempo que eu acho ele meio patético e lembro daquela premissa de que ex é que nem vestido velho. Você olha as fotos e pensa "meu deus, como eu pude circular por aí com isso*". É. Meia hora depois o Dani já tinha mandado uma mensagem "quer dormir acompanhada hoje?". Todo aquele povo ia embora logo e eu ia ficar sola. Claro que quero, vem me buscar. Me encontrou podibebada alterada andando feliz em um balanço com os últimos  sobreviventes da festinha. Parecia aquela cena de filmes do apocalipse zumbi: alguns sobreviventes que não dá para chamar exatamente de vivos e destroços espalhados. Achei que ia direto pra cama. Engano. Voltaríamos pra festinha no ape dos meninos onde ele estava antes. Adorava aquele cafofo. Bem condizente com  a posição de apartamento de 4 homens que cursam jornalismo ou história. Com pontas por todos os lados e artigos de luxo como carrinhos de supermercado ou lixeiras de shopping, ambos... hm, emprestados sem consentimento prévio. Tinham umas 7 pessoas no apartamento. Um casal já estava apagado no sofá. Olhei em volta, todas aquelas garrafas e imaginei como tinha acontecido. Já estava meio enjoada, com a pressão baixa e só queria deitar. Nada mais. Tentei me segurar mais um pouco pra não fazer aquele papelão de mal chegar e já morrer num sofá. Puxei meu cigarro e fui pra janela. Cigarros na janela pra mim são tranquilizantes. Assim, podia ficar olhando pra fora e ignorar todo o pó que estava rolando na cozinha, e ficar viajando ali sozinha na minha fumaça. Aí o Lucas veio falar comigo. 


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