Começou uma recepcionista nova na firma.
A menina é daquelas que parece um bibelô. Branquinha, loirinha, meiguinha, coisinha-de-jesus.
Tá tímida ainda, se limita a fazer poucas perguntas somente sobre alguns procedimentos e sobre o computador. Ah, e a cantarolar eventualmente (acho que ela me lembra uma princesa do Valdisnei).
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Raras são as vezes que ela se dirige a mim. Fiquei sabendo por intermédio de minhas colegas que ela sempre tenta puxar papo sobre assuntos aleatórios para se enturmar. Porém não comigo. Fico aqui com a impressão de que tenho cara de buldogue no trabalho. E de fato devo ter mesmo. É a velha expressão de chef aflita e mal-humorada somada ao nervosismo característico da falta de açúcar e carboidratos na vida (tenso).
Mas alguém deve ter comentado pra uvinha que eu falo ingrêis. Aí ela resolveu me mandar um chat:
"- Oi, Talitta! Você fala inglês?
- Oi... Eu, sim.
- Fluente?
- Fluente.
- Aprendeu como?
- Estudando...
- Ah, estudou onde?
- Numa escolinha pequena em Neverland...
- Eu também, foi numa escolha pequena. Mas eu sempre quis viajar...
- Sim, isso faz toda diferença.
- Mas como você praticava?
- Ah, acho que vale a pena fazer amigos gringos...
- Ah é?
- É pois é. Gotham City aqui tem um monte. E alguns são tão preguiçosos que mesmo morando há anos no Brasil, fazem questão de não aprender muito...
- E como você encontrou essas pessoas? Sites de relacionamento? Hehe...
- Não. Enchendo a cara em Pubs."
Engraçado, ela ficou muda daí.