Aquela vaga anunciada como carpinteiro de cofragem (o Cara que faz formas para por concreto em vigas) se tornou servente de pedreiro.
Uma engenheira me ligou pra falar da vaga, e disse que não sabia da questão da cofragem, mas que precisavam de vários profissionais (menos carpinteiro - carpinteiros não gostam de ser empregados, preferem trabalhar por empreitada) e de ajudante só tinha para pedreiro. Como vocês sabem ainda não tenho nível pra abraçar empreitadas sozinho, pois na carpintaria cada dia é algo novo e meu arsenal é pequeno, então aceitei fazer um teste pra servente de pedreiro e ela disse que um empreiteiro ia me ligar.
Related Articles
No outro dia um cara me liga, fala que o trabalho é tranquilo e que eu só precisava levar uma colher de pedreiro. Beleza, tenho uma de um trabalho em que precisei. Além dela levei algumas ferramentas mais usadas para o caso de haver necessidade e também pra dar uma impressionada, pois ninguém gosta de chatucos pidões (apesar de ajudante não ter obrigação de ter ferramentas) o que deixou minha mochila pesada.
Acordei as 5 e pouco da manhã, comi e tudo mais e saí as 6h pra pegar o metro, porém lá vi que a estação só abria as 6:30. Retornei pra casa (moro perto da estação) pois odeio esperar na rua. Prefiro caminhar e ficar 15 min vegetando no sofá. Enfim peguei o metro até a última estação, depois o trem até uma cidade ao lado, onde as 7:45 o cara me buscou de carro e fomos à obra.
Chegando lá me mostrou como fazer argamassa com betonilha, uma espécie de cimento mais leve que usam aqui pra pavimentos, usando um balde e um misturador. Bem no-brainer...
O problema foi fazer isso por 11 horas, além de carregar 56, repito, 56 sacos de cimento da calçada pra dentro da casa (22 degraus). Hoje trabalhamos das 8 as 16h.
Segundo o empreiteiro, isso foi excepcional (tinhamos que terminar o pavimento pra ele secar e já pormos o chão segunda), e a julgar pelo modo e quantidade de vezes que falou, até acho que é. Ele disse, junto ao outro empregado, que geralmente trabalham uma hora extra a mais por dia (ou seja, das 8 às 18h com uma hora de almoço) e na sexta saímos sempre ao meio dia, pois eles são de uma cidade aqui perto. Pelo mesmo motivo, iniciamos mais tarde na segunda. Achei ótimo isso, principalmente por o salário ser bem decente. Basta ver se isso não é bullshit.
Estou totalmente destroçado. O cara até comentou que trabalhamos demais. Tenho que cuidar as costas com esse tipo de trabalho, ou vou acabar me machucando. O serviço foi bem mais pesado que na carpintaria, apesar de com o carpinteiro trabalharmos em empreitadas de 11 horas direto... Sei lá, Pelo Menos madeira é seca. Cimento é molhado e imundo. Eu uso calças jeans e calçado de segurança, e uma camiseta limpa pra ir e voltar. A calça não troco e volto com ela imunda mesmo por enquanto, mas vejo que pedreiros veteranos sentem vergonha (com razão) de andarem com aspecto putrefato.
O bom de trabalhar com esse cara é que o ambiente é bom, e ele reforma casas e é generalista. Faz paredes de gesso cartonado (aqui tem muita demanda disso), pintura, chão, etc, então da pra aprender bastante. Se fosse trabalho pra construtora, em prédios, iria fazer a mesma coisa sempre.
Bom, vamos ver se vale a pena. Se pelo menos até eu ir pro Brasil em janeiro for tranquilo já está ótimo. Depois eu volto e faço um curso e volto pra carpintaria, depois troco, e vou indo nessa até ter noções que me faltam pra me tornar o faraó das casas populares.