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Dupla Face - Creepypasta



Eram por volta das seis e quinze da noite quando ela chegara em casa, o clima Estava bastante úmido e os últimos vestígios do sol mostravam-se tênues no céu, ao destrancar a porta tirou os sapatos antes de entrar para não sujar o piso, um hábito que possuía desde criança.

Havia uma jornal molhado jogado no chão, estava ali a alguns dias e na capa era possível ler o seguinte título:

CORPO DE ADOLESCENTE É ENCONTRADO ESFAQUEADO EM MATAGAL, ONDA DE CRIMES VEM CHOCANDO OS MORADORES DO MUNICÍPIO.

Ao entrar nem acendeu as luzes, dirigiu-se sem hesitar até a cozinha e encheu um copo com água, estava morrendo de sede, bebeu tudo com tanta vontade que nem se deu conta que havia algo estranho por ali. Após guardar o copo no armário sobre o balcão, foi até o quarto e percebeu que a lâmpada estava acesa, ao entrar no cômodo constatou algo que a assustou.

A janela estava escancarada, suas roupas sujas que estavam no cesto (pelo ao menos ela as deixara lá quando saiu) se amontoavam pelo chão, sem dúvidas alguém havia entrado ali de alguma forma e remexido suas coisas, decidindo sair pela janela em seguida.


Permaneceu por alguns segundos paralisada, pensando no que deveria fazer em seguida, então correu de volta até a cozinha e arrancou o telefone do gancho com uma tremenda violência, porém estava mudo - alguém deve tê-lo cortado, pensou - Sua mente começava a formular diversas teorias malucas e em certo momento ela teve quase certeza de que havia alguém escondido pela casa.

Pensou em sair correndo dali sem olhar para trás, mas não tinha para onde ir e o vento lá fora estava intenso, prenunciando uma forte chuva que se aproximava, então respirou profundamente e começou a caminhar em passos lentos, tentando resgatar o pouco de coragem que lhe restava.

Iria vasculhar a casa, que não era tão grande assim, haviam apenas cinco cômodos: uma sala logo na entrada seguida por um corredor onde haviam duas portas, a primeira levava a cozinha, que dava para uma sala vazia e a outra até o seu quarto, lá havia outra porta menor que conduzia ao banheiro.

Vasculhara cada centímetro do quarto, embaixo da cama, dentro do guarda-roupas, atrás da cortina do banheiro, então voltou-se para a sala, mas não havia nenhum lugar lá onde alguém pudesse se esconder, sentindo-se mais aliviada pegou uma chave de cima da mesa e abriu a fechadura da sala vazia, sabia que dificilmente alguém entraria ali com a porta trancada, mas decidira conferir por via das dúvidas, sua intuição parecia teimar que havia algo errado.

Ao girar a maçaneta e abrir a porta, não pode sustentar seu próprio peso e desabou no chão levando suas mãos até a boca deixando escapar um grito abafado, no chão da sala havia um saco preto e de dentro dele pendia um braço pálido, o cheiro que pairava no ambiente era insuportável, mas ela estava muito atordoada para perceber isso.

De súbito, sentiu uma pontada lancinante em sua têmpora esquerda, não conseguia raciocinar direito, enquanto observava aquele corpo inerte envolto por um saco plástico alguns insights começaram a brotar em sua cabeça, ela esfaqueava alguém repetidamente sem se dar conta do que fazia, movida apenas por um profundo ódio inconsciente.

A tal visão se dissipou, como se houvesse ocorrido uma "falha na conexão", apoiando-se com as mãos tentou se erguer, mas suas pernas não responderam ao estímulo, estava sem fôlego, então sentiu outra pontada aguda, dessa vez na parte de cima do crânio e lá estavam as lembranças de volta, dessa vez havia bastante sangue no chão da sala e ela limpava usando um esfregão.

Naquele momento teve certeza de uma só coisa, alguém tinha sido assassinado e tudo apontava que ela havia sido a autora do crime, pelo odor que começava a sentir, aquele corpo deveria estar ali faz um bom tempo, ao tentar relembrar o que fizera nas noites passadas não conseguia, era como se houvesse um espaço vazio em sua memória.

Seus pensamentos simplesmente cessaram! Não entendia mais nada do que estava acontecendo, começou a sentir-se enjoada, em parte pela confusão mental e também pelo mau cheiro.

 Resgatando suas energias, engatinhou até o cadáver com uma das mãos tapando o nariz e ao puxar parcialmente o plástico, pode ver o rosto do defunto, era um homem, devia ter por volta de 27 anos, seus olhos estavam arregalados e a boca entreaberta, seu pescoço estava completamente dilacerado.

Exposta àquela horrível visão, quase vomitou sobre o cadáver, mas conseguiu se conter, não estava mais assustada, ao invés disso sentia um enjoo insuportável, sem falar das pontadas na cabeça. 

Sua visão começou a ficar embaçada e ela quase desmaiou, então graças a um vislumbre lembrou que passara aquela madrugada fora de casa, tinha conhecido um cara em um bar, então voltou para casa acompanhada por ele, eles transaram e em seguida, sem razões aparentes, ela o esfaqueou dezessete vezes no pescoço, tórax e abdome.

Ao perceber o tamanho ato de loucura que havia cometido foi tomada por um ataque de pânico e começou a revirar o quarto inteiro, então abriu a janela saindo para fora e se pondo a correr desenfreadamente sem olhar para trás, em uma falha tentativa de fugir da angústia e da culpa. 

Mais tarde naquela mesma noite ela voltaria para tentar se livrar de sua vítima, que sabia não ser a primeira, agora tinha consciência de que nos últimos meses vinha tendo alguns lapsos de memória, sentiu um calafrio ao imaginar o que vinha fazendo nesse meio tempo em que esse seu lado sombrio assumia o controle.

Estava completamente absorta, porém um estrondo atrás dela a fez retornar à realidade com um pulo - mãos para cima, é a polícia, alguém gritou - ela ainda tentou segurar o riso mas não conseguiu, quando um dos policiais a algemou ela mulher na risada, não era um sorriso de alegria ou zombaria, mas sim de desespero, sabia que tinha cometido atrocidades, não sabia ao certo quantas pessoas matara ou o que a motivou a fazer isso, só sabia que o que tinha feito já estava feito e não tinha mais volta, agora a única coisa que restava era assumir a responsabilidade e lidar com as consequências.

[...]

No outro dia, logo pela manhã havia uma notícia estampada em letras garrafais nas capas dos jornais:

SUSPEITA DE TER ASSASSINADO SETE PESSOAS É ENCONTRADA MORTA EM CELA DE PRESÍDIO, OS INDÍCIOS APONTAM PARA SUICÍDIO.

Na manhã desta quarta-feira um dos carcereiros do presídio do município encontrou o corpo de Jaqueline Dantas suspenso por uma corda amarrada no pescoço, a jovem foi presa em flagrante no dia anterior ao lado de um cadáver esfaqueado, a arma utilizada no crime ainda não foi encontrada. 

A polícia desconfia que a mulher foi autora de outros seis assassinatos que ocorreraM na região, o único familiar de Jaqueline que se manifestou, foi intimado a depor mas não quis dar entrevista aos jornalistas, apenas afirmou que ela sofria de transtorno dissociativo de personalidade e que recentemente havia parado de tomar os remédios e não ia mais a terapia.

Também relatou que nas últimas semanas a moça vinha se comportando de uma forma estranha, passava as madrugadas pela rua e nunca falava onde ia, confira os detalhes da matéria sobre esse chocante caso na íntegra (pág. 13).


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