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FEBRES BRASILEIRAS - DA AMARELA E DOUTRAS



Nas últimas semanas do ano velho e nas primeiras do ano novo desliguei-me de jornais e de revistas, de rádios e de televisões. Cansado do que tinha sido 2007 e a reunir forças para mergulhar no 2008, suspendi também as "Crónicas" e os "Instantâneos" do Brasil; uma trégua para depois continuar.
E a continuação aqui está.
Não sou suficientemente ingénuo para poder ter ficado à espera de que neste interregno modificações de fundo alterassem para melhor a qualidade de vida. E esta quase certeza veio a confirmar-se, com pena minha, no monótono tipo de notícias brasileiras do dia-a-dia e da noite-a-noite: assaltos, estupros, homicídios, cenas de selvajaria, abusos de autoridade, fraudes, corrupção, chantagens, velhacarias, e toda a espécie de mentira de que se alimenta e sobrevive este país, desde os serventes aos presidentes (em todos os Poderes, em todas as classes sociais).
Apesar da minha tentativa de distanciamento, três factos, porém, me mereceram referência, e sobre eles não quero deixar de sobrelinhar um comentário.
O primeiro tem a ver com o falhanço do protagonismo do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, no frustrado resgate de sequestrados pelas FARC (o grupo terrorista que actua na Colômbia). As FARC libertaram 2 pessoas, no dia seguinte sequestraram 6, e continuam a maltratar e a manter em condições sub-humanas os 800 reféns que aprisionaram ao longo dos anos.
O venezuelano Chávez pretendia que o mundo retirasse as FARC – é preciso descobrir porquê – da lista de terroristas. As duas recém libertadas dizem alto e bom som que as FARC são uma associação criminosa. Os governos da Colômbia, da França e da Alemanha já declararam que não vão riscar as FARC da lista de terroristas.
E o que tem o Brasil com isso? Muito claramente, enquanto o Brasil se mantiver a apadrinhar os desmandos verbais e de prática política de Chávez, terá sobre si um olhar desconfiado da comunidade internacional, mesmo que a comunidade diga que compreende. Compreende sim, mas não aceita. Chávez está incontestavelmente ao lado dos terroristas - por razões de um futuro que mesmo para ele é incerto. E quem estiver com ele...
Segundo facto, a febre amarela.
A quantidade de mortos já é alarmante. A quantidade de estados atingidos, 19 em 27, alarmante é. Mas enquanto estes números aumentavam, o presidente da República,Lula da Silva, visitava Cuba, ou melhor, o seu amigo do peito Fidel Castro. Abandonou o país em mais esta crise (não é a primeira vez que o faz), deixando como substituto o seu vice-presidente, internado num hospital a tratar-se de cancro. E de lá,do Caribe, determinava que não há epidemia, não, enquanto as pessoas continuavam a morrer, e as vacinas a esgotarem-se nos postos de saúde. O ministro da Saúde, entretanto, também se passeava com o chefe em Cuba.
Dizer à população que não há epidemia, quando mais de 70% do território está contaminado, é, no mínimo, desonesto. Até a Organização Mundial de Saúde (OMS) advertiu o planeta de que deve vacinar-se toda a pessoa que se dirija ao Brasil. As autoridades (por falta de vacinas) repetem a cantiga de que só precisa vacinar-se quem se desloque para zonas de risco. Pergunta: e quem se desloca, já infectado, de zonas de risco para zonas sem risco, contagiando essas zonas por picadas dos mosquitos locais? Não há epidemia, dizem as "autoridades". Elas sabem que há.
Por último, alguém me avisou de que eu estava a ser alvo, num sítio chamado "Orkut", de calúnias e difamações, pelo simples facto de revelar aqui verdades incómodas sobre o Brasil. Coloquei uma carta resposta naquele endereço, reiterando a infeliz veracidade dos acontecimentos relatados, ao que o cidadão autor retornou aos gritos, alegando que tinha de defender o seu país, e terminando por me perguntar onde eu tinha "comprado essas verdades".
Ora, em primeiro lugar, não é por se gritar, muito ou pouco, que a verdade deixa de ser a mesma verdade. Em segundo, não é aos gritos que se defende um país, mas com trabalho e no combate diário às distorções. Finalmente, a verdade não se compra, pela simples razão de que ela existe disponível e gratuita para todos, independentemente da vontade de cada um. E a verdade brasileira existe no contacto diário com as coisas e as pessoas, e na atenção que se deve prestar aos noticiários dos jornais, das revistas, das rádios e das televisões, mesmo que de vez em quando nos desliguemos deles para desintoxicar.


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