(Critics,PLEASE!)

Bem…por onde começar? O cigarro está acabando. È uma boa ideia acender outro para acompanhar o café e as musicas classicas que eu coloquei para fazerem fluir meus pensamentos presos dentro da minha mente insana e perturbada. Como são relaxantes as notas que saem dos pianos. Me levam para uma dimensão que minha alma jamais imaginaria que merecia ir. Todos os problemas desaparecem. Todas as dores mudam de cor; passam de um roxo intenso para um lilás delicado como uma violeta silvestre dançando a dança do vento perdida em meio a outras violetas. Entre elas borboletas de todas as especies,tamanhos e cores fazem piruetas e voam sem destino e em sincronia apresentando seu show para uma plateia que as ignora. Mas elas nao se importam…apenas apresentam seu show. Apenas estão felizes em fazer isso. Meu coraçao está tao leve agora. Eu poderia me voltar pra dentro de mim e mergulhar entre minhas entranhas e arrancar todos os Espinhos que me machucaram. E foram muitos. Espinhos que eu deixei que plantassem em mim durante anos. Espinhos que eu,ao inves de tirar,deixei que ficassem la..infeccionando até que se tornasse impossivel a sua remoçao. E enquanto eu estou mergulhando no meu coraçao eu olho triste para esses espinhos e passo meus dedos em volta deles. Desejaria ter sido mais forte para nao permitir que ninguem os colocasse ali. Mas eu nao fui. Nós nao somos fortes. Nós fingimos ser fortes para que outras pessoas não coloquem seus espinhos em nossos coraçoes mas a verdade é que no fundo,bem lá no fundo,queremos essas pessoas,mesmo com seus espinhos,porque seus espinhos são os complementos das nossas rosas. E de alguma maneira precisamos dos espinhos para evoluir. Indiretamente nós queremos os espinhos para evoluir em alguma parte da vida. E quando os espinhos nos fazem sangrar para onde corremos? Para os espaços vazios na nossa alma? Para os espaços vazios nas almas daqueles que plantaram os espinhos em nós? Não. Nós abrimos nossos braços em forma de cruz e fechamos nossos olhos enquantos os stigmas fazem o sangue descer por nossas mãos e pés. Ainda assim estamos incompletos. Ainda assim as borboletas da minha alma dançam sua dança totalmente sozinhas e dão suas piruetas sob o entardecer sem que nenhum olhar cor-de-mel ou cinza como as nuvens de uma alma em decadencia,esteja lá para observar o seu espetáculo. Tão perto,mas tão longe. E de repente nada mais importa. Quem eu fui no passado? Quem serei nos proximos minutos e quem serei amanha? Será que isso importa para algo ou alguem que nao seja para mim mesma? Levei toda uma vida para construir uma pessoa e levarei apenas segundos para destrui-la porque é assim que as coisas funcionam. Será que a criança existente em nós tem que morrer para dar lugar a pessoa responsavel que guiará nossa vida de acordo com as regras escritas por alguem que tambem matou sua pobre criança sonhadora? Quem disse que teremos que seguir essa pessoa? Deixe a criança brincar mais um pouco. Deixe-a sonhar mais um pouco. Ainda faltam mais uns minutos para o recreio acabar. Na verdade,ainda falta uma vida para o recreio acabar. Nao vê como as nuvens no céu estão em formato de animais convidando nossa imaginaçao a brincar mais um pouco? Enquanto minha criança brinca eu me ajoelho e faço o sinal da cruz antes de iniciar uma oraçao. Pelo o que devo pedir? Somos todos ingratos que pedimos mais do que agradecemos. Eu tentei tirar minha vida diversas vezes.. Passaros voam acima da minha cabeça,ao meu lado,posam perto de mim,posam no meu ombro…será isso a felicidade? Eu me deito na relva e olho para o ceu. Ele está limpo e azul como o mar de Bora Bora. Eu fecho meus olhos mais uma vez e sinto asas nascerem em mim. De repente estou voando junto com os passaros e vendo todo o esplendor de um mundo que eu criei. Nesse mundo nao existem dores nem caminhos com cacos de vidros em meio a petalas de rosas. Apenas o que criamos. O que voce cria no seu?