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Macartismo à brasileira



A perseguição aos comunistas norte-americanos, nas décadas de 50 e 60, foi a marca dessa época que desenhou a guerra fria (capitalismos e comunismo). Qualquer cidadão americano, pelo simples fato de não concordar com certas ações, era visto como inimigo do Estado. Joseph Raymond MacCarthy, senador norte-americano, liderou a caça às bruxas e daí surgiu o nome: Macartismo. Os olhos e os ouvidos estavam atentos. O meio artístico foi o que mais foi perseguido. A indústria do entretenimento parecia o antro vil dos comunistas da América.

Ao longo desse tempo sombrio que foi o Macartismo, artistas tiveram suas carreiras destruídas. Houve quem delatasse dentro do meio hollywoodiano. Charles Chaplin viu-se obrigado a sair dos EUA, ele não aguentava as constantes perseguições contra a sua pessoa. Na verdade, não havia nada que afirmasse que o ator britânico era ou não um comunista. O temor de Chaplin era tanto que ele voltou ao solo americano duas décadas depois, para receber um prêmio pelo conjunto da obra em Hollywood. Charles Chaplin morreu e ainda há quem acredite que foi comunista. A era Macartista foi-se embora.

A bipolaridade também acabou. O comunismo acabou e a matriz, a URSS, não existe mais. China, Cuba e Vietnã são os pouquíssimos países que seguem seus destinos sem a possibilidade de exportar a ideologia comunista ao mundo.

A política bolsonarista está no poder há poucos dias. Dentre as promessas de Jair Bolsonaro, uma foi a de levar de volta o Brasil ao que foi há cerca de meio século. Puxei o raciocínio para entender qual era o simbolismo do Brasil que Bolsonaro sente tanta falta.

A caça às bruxas está por todos os lados, inclusive representada por quatros ministros da chamada ala radical. A ordem é identificar todos os funcionários comissionados com viés esquerdista (ou despetização).

Aquele que deseja fazer doutorado ou mestrado fora do país poderá ter sua vida investigada e caso encontre algo de ideias de tons vermelhos ou politização, será negado. O mesmo ocorre no INEP, onde o novo presidente da autarquia defendeu a queima de livros para combater de vez a política de doutrinação nas instituições de educação. A ultima da série macartista é a possível retirada de bibliografias nos livros didáticos, a pluralidade étnica e gênero (até o momento, não aplicada de fato) . A moda é difamar nomes da formação educacional do Brasil, começando pelo pedagogo Paulo Freire, que é reconhecido em todo o mundo por propor uma educação libertária e inclusiva.

Ações típicas de nações do passado e atual onde o nacionalismo cego e a doença mental cognitiva passam a ser a norma e a ameaça para os que ainda pensam fora da caixa do senso comum . Na Europa pré segunda-guerra, as forças reacionárias passaram a perseguir todas as pessoas que por qualquer motivo passaram a ser ameaça ao sistema nazi-fascista, seja nas artes, na escrita, na expressão verbal, etc. O Ato-institucional 5 (AI-5) reprimiu de modo descomunal qualquer um que fosse perigo para o regime, mesmo os que não tinham nada com a situação vigente.

Como professor e cidadão consciente na busca por igualdade e direitos, não vou desejar sorte a um governo que aos poucos vem dizimando conquistas dos últimos 30 anos. Qual será o próximo aviltamento de nossos direitos? Aguardem. A festa está só começando!

(Via Fábio Nogueira: estudante de história da Universidade Castelo Branco e militante da Educafro [email protected])


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