A dívida bruta do setor público ultrapassou a barreira dos 5 trilhões e entra em uma zona de forte vulnerabilidade ao se aproximar dos 80% do PIB. Segundo Banco Central a dívida bruta alcançou em maio/2018 R$ 5,133 trilhões o que representa um patamar inédito de 77% do PIB. Já a dívida líquida atingiu 3,417 trilhões ou 51,3% do PIB. O congresso nacional, as assembléias legislativas estaduais e as câmaras municipais demonstram não ter qualquer interesse em resolver essa complicada situação de endividamento. Votações recentes em Brasília e nos quatro cantos do país aprovaram aumentos de gastos com o funcionalismo público e corte de receitas através de desonerações fiscais. Ao mesmo tempo os discursos ideológicos prevalecem quando questões como privatizações ou reforma da previdência são levantadas. Os parlamentares estão na contramão de qualquer iniciativa possível para reduzir o endividamento público.

O mercado segue aguardando a decisão política que o povo brasileiro irá tomar em outubro e ainda não reage com stress frente a situação. Dependendo do resultado das eleições presidenciais não descarto a possibilidade de chegarmos à beira de um colapso. As eleições presidenciais certamente darão mais clareza dos rumos que o Brasil irá seguir nos próximos anos. Até lá o mercado segue precificando os riscos.

A indisposição dos agentes econômicos em financiar o setor público se mostra presente pelo elevado volume de operações compromissadas que já alcançam a cifra de R$ 1,158 trilhões (17,4% do PIB) e pelo elevado custo médio da dívida pública. Segundo o Tesouro Nacional, embora a Selic esteja em 6,50%a.a., o custo médio da dívida efetivamente pago segue elevado, em torno de 10%a.a.. Quando o Tesouro Nacional não consegue colocar os títulos no mercado para financiar o déficit fiscal, ele os repassa ao Banco Central que então negocia esses títulos no mercado aberto com compromisso de recompra, pagando a taxa de juros que equilibra o mercado.

É necessário agir o quanto antes! Brasília já postergou demais! À medida que o tempo passa os juros são incorporados e a dívida pode acabar se tornando impagável!