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Gol GTI: o esportivo que revolucionou um mercado

Tags: gol gti

Gol GTI. O esportivo em tons de azul e cinza que foi o primeiro carro nacional com injeção eletrônica. Ele foi a continuação de um sucesso que começou em 1984 e que evoluiu rapidamente até alcançar a posição de destaque no mercado nacional.

O icônico esportivo da VW esteve presente (como se deve) em duas gerações do Gol, morrendo de forma inglória na terceira.

Só no modelo popularmente chamado de Gol G7 é que ganhou uma releitura conceitual (Gol GT), que satisfez parte dos fãs, mas não se materializou em um produto final.

O Gol GTI vivenciou os últimos dias de um mercado fechado às importações desde 1976 e em que apenas quatro grandes marcas prevaleciam, sendo elas VW, GM, Ford e Fiat, nessa ordem.

Apesar de que na época, haviam emblemáticas menores, como Gurgel e Puma. Mas, é preciso contar a história que levou à ele, desde o início, para se entender os motivos pelos quais o Gol GTI se tornou um ícone do mercado automotivo nacional.

E como toda origem, precisamos ir até o primeiro GTI, que se tornou uma referência – especialmente para a Europa – em 1976, quando surgiu como o primeiro hot hatch. De lá para cá, o Brasil sofreu influência dessa veia esportiva da VW, mas não sem alguns fracassos.

GTI, a origem

O “Gran Turismo Injection” surgiu na gama do Volkswagen Golf de primeira geração em 1976, mas assim como veremos mais adiante, o motivo de seu surgimento foi devido a um fracasso, na verdade fortes críticas sobre o Beetle GSR, uma proposta esportiva para o besouro em 1973.

Assim, para apagar o fogueira, um grupo secreto surgiu dentro de Wolfsburg.

Uma equipe de oito pessoas que trabalhou num projeto fora da fábrica para criar uma versão esportiva do Golf, que havia sido lançado em 1974.

Era tão secreto que tiveram de usar a base do Scirocco – mais antigo – e não chamaram a atenção, trabalhando à margem de serviços oficiais da VW até que no começo de 1975, apresentaram o Golf GTI.

O novo carro foi imediatamente aprovado e fora construído por um pequeno grupo, que somou nove pessoas ao fim do projeto, de onde surgiu de tudo, desde o motor EA827 com injeção K-Jetronic da Bosch, chassi com reforços estruturais, interior em xadrez Tartan (o último membro entrou para criar esse DNA particular do GTI), entre outros.

Aparecendo em Frankfurt no mesmo ano, era para ter sido apenas 5.000 exemplares do Golf GTI, somente para a VW entrar no campeonato de turismo, mas o sucesso foi instantâneo.

Diferente do que ocorreria no Brasil, essa versão não veio para salvar o modelo, mas para extinguir as críticas sobre o Beetle GSR.

De qualquer forma, foi com o Golf que surgiu a icônica sigla, que se perpetua até hoje e que foi copiada por outras marcas. Mas e no Brasil dos anos 80, haveria um GTI também? A resposta era não.

Sem tecnologia disponível, a injeção eletrônica não estava ao alcance do país naquela época, o que só ocorreria 13 anos depois através de outro GTI, um bem brasileiro.

Gol GT / Gol GTS

Esse segundo carro esporte era o Gol GT. No entanto, como dito acima, ele chegou para salvar a lavoura do próprio modelo. Diferente do Beetle GSR, o compacto brasileiro – que surgira em 1980 como resposta ao futuro do próprio Fusca, sendo assim seu sucessor (o que de fato ocorreu em termos comerciais) – nasceu sendo exatamente o oposto.

Embora tivesse boa dirigibilidade, porte adequado, porta-malas espaçoso para a época e um estilo próprio da VW, o Gol foi colocado no mercado com mecânica a ar, usando o 1300 do Fusca na dianteira.

Dessa forma, o carro simplesmente não andava como se devia. Mesmo com a troca rápida de motor, agora um 1600 de dupla carburação que tirou o estepe (momentaneamente graças a um revendedor VW) do cofre, o Gol continuava manco e isso já era 1981.

Com a chegada do sedã Voyage com motor 1.5 a água, o peso sobre o hatch era enorme, ampliado ainda com a presença da perua Parati.

Então, o futuro do Gol parecia bem sinistro.

Na época, o Fusca ainda era líder de vendas, mas já sofria a pressão pela idade. O consumidor queria algo moderno e o hatch tinha tudo para oferecer isso, exceto motor. Então, a VW decidiu fazer o mesmo que a matriz em 1974. Para apagar as críticas ao carro, criou uma versão salvadora de imagem, a GT.

O interessante é que na época, todas as versões do Gol eram 1600 a ar e então eis que surge, com direito a mega evento em Interlagos, o Gol GT, que foi desenvolvido para fechar a boca dos críticos.

Para começar, colocaram o motor 1.8 com dupla carburação e comando esportivo usado no Golf GTI alemão da época.

Com isso, a potência foi para empolgantes 99 cavalos com 14,9 kgfm. Nota-se que na época, o Gol a ar tinha apenas 66 cavalos.

Mas, o carro andava tão bem que logo surgiram as suspeitas de que na verdade ele era bem mais potente, sendo esse um artifício da VW para não pagar mais IPI, que mudava de alíquota acima de 100 cavalos.

Mesmo com quatro marchas, o Gol GT “voava” de 0 a 100 km/h em 9,7 segundos e chegava perto dos 180 km/h. Para a idade média dos anos 80, isso era realmente bom, muito bom.

A suspensão era mais rígida, tinha barra estabilizadora maior, freios mais potentes, escape esportivo e rodas de liga leve aro 14 iguais às do Passat GTS Pointer, que acabara de surgir também.

O interior tinha bancos Recaro que marcaram seu DNA estilístico como o Golf GTI, tendo ainda volante diferenciado, assim como instrumentação mais completa. O aerofólio traseiro com spoiler dianteiro e conjunto ótico completo, faziam o Gol GT realmente atraente para os jovens brasileiros.

Na época, o principal rival era o Ford Escort XR3, que era mais fraco, apesar de mais elegante.

Logo ganharia o câmbio manual de cinco marchas para não mais esgoelar próximo da velocidade final. O Gol GT salvou o modelo do fracasso e de quebra se posicionava ao lado do Passat GTS Pointer não como um rival, mas como complemento.

No ano seguinte, em 1985, o Gol finalmente adotou o novo motor AP600 1.6 a água e o motor 1600 a ar seria abandonado em definitivo no ano seguinte.

Foi em 1986, um ano de grandes perdas para o mercado brasileiro, que morria também o Gol GT. Em 1987, porém, surge o Gol GTS com visual renovado e a mesma cavalaria, sempre suspeita de ter 105 cavalos, o que de fato ocorria.

A linhagem esportiva da VW estava assegurada no ano em que o Gol se tornou o segundo VW a liderar o mercado, um ano após o Fusca adormecer no sono de sua primeira morte.

O Gol GTS tinha molduras envolventes da frente até atrás, rodas aro 14 diamantadas com as famosas “gotas d´água” e com os mesmos pneus 185/60 R14 do GT. A frente foi a primeira atualização de estilo do modelo, enquanto o interior recebia o mesmo volante do Santana GLS.

No ano seguinte, morria o Passat e com ele o outro esportivo da Volkswagen, o GTS Pointer.

Sozinho, o Gol GTS não ficaria assim por muito tempo. Ainda em 1988, a Volkswagen teria até que driblar de certa maneira a chamada Lei da Informática por causa de um componente importado que seria fundamental para a próxima jogada.

Antes, porém, o GTS havia ganhado um novo interior, com painel mais moderno, que abandonava o estilo surgido em 1977 com a Variant II.

Gol GTI

Em 1988, a Volkswagen estava em pé de guerra com a General Motors para ser a primeira marca a lançar um carro com injeção eletrônica no Brasil. A Chevrolet preparou o Monza 500 EF para o começo de 1989, mas a VW botou seu novo esportivo no Salão do Automóvel de 1988. Este? O Gol GTI, que dessa forma se tornou o primeiro a ter injeção eletrônica na história brasileira.

O Gol GTI surgia como um sucessor do Gol GTS, mas não imediato. O motivo era que sua produção era limitada em 2.000 unidades por ano, devido à Lei de Informática, que proibia a importação de componentes computadorizados.

Graças a um acordo com o governo, a VW só podia importar, via Bosch, essa quantidade de dispositivos de injeção.

Visualmente, o Gol GTI se diferenciava do GTS pela cor Azul Mônaco, que era exclusiva e única opção.

As molduras laterais e para-choques do Gol GTI passaram a ser de cor cinza, mas as rodas “gotas d’água” continuavam as mesmas. As lanternas eram fumê e o aerofólio tinha um formato mais arredondado nas extremidades.

Por dentro, os bancos Recaro do Gol GTI eram cinzas e sem cores fortes, contribuindo para um interior estranhamente mais sóbrio que o do Gol GTS.

Na mecânica, o Gol GTI adotou o motor AP2000 dos Santana e Quantum, mas com o sistema de injeção eletrônica e mais alguns modificações, que incluíram tuchos hidráulicos, além de abastecimento apenas com gasolina, a cavalaria deu um bom salto.

Eram 120 cavalos a 5.600 rpm e 18,4 kgfm a 3.200 rpm, o que permitia ao Gol GTI com câmbio manual de cinco marchas, ir de 0 a 100 km/h em 10 segundos e ter máxima de 173 km/h.

Note que os números são inferiores aos do antigo Gol GT, por exemplo. De qualquer forma, além de ser rápido, era também econômico e exclusivo. Isso fez com que seu preço fosse exorbitantemente mais caro que o Gol GTS.

Em 1990, o Gol GTI recebeu mais uma atualização visual para a linha 1991. As linhas exteriores na parte frontal foram suavizadas com novos faróis, grade, capô e para-lamas. Mas a sensação mesmo foi a roda “Orbital”, cujo desenho era o mesmo do conceito Orbit da Volkswagen. Esse modelo de roda virou uma febre entre os amantes da marca até os dias atuais.

Mas, na época havia também as clássicas e elegantes rodas BBS raiadas.

Tanto Gol GTS quanto Gol GTI se beneficiaram da atualização de estilo no começo dos anos 90, porém, algo estava bem evidente naquela altura. A entrada de importados no país começou a ganhar força e volume.

Entretanto, o Gol GTI continua sem modificações até 1994, exceto pela introdução da direção hidráulica em 1993.

Gol GTI de segunda geração e GTI 16V

Em 1994, o Gol passou a ter sua segunda geração após 14 anos de existência. As mudanças foram enormes em relação ao antigo, da qual só a plataforma era a mesma, modificada para ter um entre-eixos maior e com linhas bem mais arredondados, o que lhe valeu os apelidos de “Gol bola” e “Gol bolinha”.

A frente ficou mais baixa visualmente com um capô mais curvilíneo para passar a impressão de ser um carro de motor transversal, mas o propulsor continuaria em longitudinal até 2013. Este até foi recuado 3 cm para caber no novo cofre, mas o posicionamento provocaria uma mudança visual bem chamativa algum tempo depois.

No caso do Gol GTI, a nova geração mostrou-se um recomeço, mas o fim de linha para o GTS, pois agora a injeção eletrônica era mandatória e não havia mais espaço para carburadores eletrônicos, como o que o velho esportivo usava até então.

A sigla GTi original passou para GTI e o esportivo chegou com para-choques, protetores e saias laterais na cor da carroceria.

Mais limpo visualmente, o Gol GTI de segunda geração vinha com tudo novo, inclusive as lanternas, que eram compactas e levemente escurecidas.

O para-choque traseiro do Gol GTI tinha uma vistosa luz de neblina e o escape tinha boca única, mas enorme e visível silencioso. O aerofólio agora era no teto e a frente recebia faróis de dupla parábola, além dos faróis de neblina.

As rodas de liga leve do Gol GTI atualizado ainda eram aro 14 polegadas e com pneus 185/60 R14, mas o desenho era novo, tendo cinco raios e pequenos parafusos decorativos.

Na grade, o vistoso logotipo GTI era maior que na traseira. O motor AP2000 com injeção multiponto (novidade) tinha 109 cavalos e 17 kgfm por causa do catalisador. Apesar da final em 185 km/h, ia de 0 a 100 km/h apenas em 11,2 segundos.

Assim como nas demais versões, o interior do Gol GTI era novo, com painel mais arredondado e chamava atenção para um volante triangular com buzina circular e um cluster analógico com mostradores de fundo branco. Tinha até porta-fita cassete.

A carroceria era de duas portas e os bancos continuavam esportivos da Recaro.

Então, em 1995, a Volkswagen decidiu-se por um Gol GTI mais forte e dessa vez levou o clássico ao seu suprassumo. Embora a gama de importados da VW já tivesse a tecnologia, o esportivo se tornou o primeiro da marca no país com cabeçote de 16 válvulas.

Mas, para montar um 2.0 16V importado da Alemanha dentro do cofre do Gol GTI, ainda mais com o coletor de admissão invertido, a Volkswagen foi obrigada a adicionar um novo capô com ressalto bem proeminente na parte central, o que foi acompanhado de uma campanha de marketing de gosto duvidoso…

O visual do Gol GTI 16v tinha um discreto “16V” na tampa traseira e novas rodas de liga leve de cinco raios com aro 15 polegadas e pneus 195/50 R15.

Por dentro, bancos em couro preto ou vermelho, que se fazia presente também na alavanca de câmbio, cintos e em partes do volante. Com 145 cavalos e 18,4 kgfm, o Gol GTI 16V tinha tudo para andar muito, indo de 0 a 100 km/h em 8,8 segundos e tinha máxima de 206 km/h.

O Gol GTI 16V tinha também freios ABS e suspensão traseira com barra estabilizadora. A embreagem era hidráulica e o câmbio tinha marca ré sincronizada. Em 1997, o modelo ganhou a companhia da perua Parati GTI 16V, desejada por muitos até hoje.

Ela foi uma fiel companheira do hatch até o malfadado GTI do Gol G3.

Gol GTI G3, o genérico

Em 1999, o Gol GTI (G3) assumia um ar mais genérico com a perda dos elementos estéticos que o diferenciava dos demais.

O motivo era que a VW simplesmente passou a oferecer todos os itens visuais e equipamentos da linha Gol em todas as opções de motor, incluindo o esportivo, que virou um carro comum, mesmo com motor 2.0 16V.

Como qualquer versão podia virar GTI e com o novo 1.0 16V Turbo de 112 cavalos e 15,8 kgfm, o foco mudou e o célebre esportivo morreu silenciosamente sem deixar pistas.

E com ele, uma época de ouro do mercado brasileiro. Hoje é raro e vale um bom dinheiro.

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