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ALVO



Sentir-se Alvo. Ser alvo. Estar na frente de um pelotão de fuzilamento, sem possibilidade alguma de escapar. Todos os olhares olham para você. Onde quer que você esteja, carrega consigo todos os olhares, mesmo quando está sozinho.
Ser alvo tem a ver com astral, sintonia. A flecha é atraída pelo alvo. Quanto mais o alvo se sente alvo, mais a flecha quer espetá-lo... Atravessá-lo!
Em tempos de recessão, com o fantasma dos cortes de funcionários rondando e se materializando de vez em quando, ser alvo é coisa comum. O canhão vai girando, de um lado para outro... Tiro! Tentamos prever quando e em quem será o próximo tiro. Mas pode ser uma rajada atingindo vários Alvos. Corpos tombam ao nosso lado e tentamos prosseguir como se nada estivesse acontecendo. Ou tentamos explicar a racionalidade do canhão, encontrando motivos para justificar o abate de mais um colega.
Ficam alvos como uma folha sulfite aqueles que se sentem alvos. Brancos de medo. Mesmo os negros... Será que vem daí a origem da palavra alvo? Ou seria uma simples e irônica coincidência que uma palavra queira dizer duas coisas e ao mesmo tempo uma só? (...)
Acertar na mosca, tiro certeiro, o inimigo é o alvo. Mas um povo inteiro também pode ser alvo, marcado com a estrela amarela...
Nem sempre ser alvo significa algo ruim ou negativo. Alvo de elogios, de um olhar sedutor...
Nem sempre atingido, mas sempre alvo. Se erramos, alvo de críticas. Se não erramos, também. De cobranças dos outros. E das nossas também.
Alvos sempre existem, porque mesmo um tiro cego atinge algum alvo. Governo que atira no povo. Neste caso não é tiro cego. É povo cego.
Declaro aqui a independência e a revolta dos alvos!
Alvo. Do raio que cai na cabeça.
Alvo. Da bala perdida. Do policial? Do ladrão? Da ordem perdida. Tiro pra todo lado.
Alvo. De golpes militares, parlamentares, judiciários...
Mesmo quando o alvo nem sabe que é alvo, o tiro dói, dói muito.
Os alvos são sempre os mesmos. E os atiradores também...
Declaro aqui a independência e a revolta dos alvos!
Revolta pacífica, sem violência alguma. À la Gandhi. Para que os alvos de hoje não se tornem os atiradores de amanhã. Para que os alvos, mesmo atingidos, não se deixem abater. Para que, mesmo sendo alvos, não se sintam alvos. Liberdade! A alma não é alvo. Nunca será!


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