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Aconchego

A Menina de sete anos caminhava dentro da floresta, com a luz do horizonte à suas costas, escurecendo seu caminho a cada passo que dava. Tudo se tingia de laranja devido ao outono, e o chão se cobria de um manto de cores cítricas, que ao serem pisadas, quebravam como pão seco.

Há muito tempo estava ali, à procura de algo que não tinha certeza do que era. Eleonore se sentia sozinha dentro de casa, logo que sua mãe naquele dia havia saído cedo de casa para trabalhar e até então não havia voltado.

Até então, morava na zona rural da cidade, onde sua mãe plantava as flores para levar à floricultura. Não era um terreno muito grande, mas o suficiente para ter um belo campo. A casa, que ficava perto da estrada, era um pequeno chalé de pedras, de com três cômodos Tinha uma chaminé alta de tijolos, que constantemente expelia fumaça, pelo fato de que era o único modo de aquecer a casa do vento que encanava do campo. O terreno era cercado por uma densa floresta, que cobriam a encosta e a beira de uma cadeia montanhosa, que naquele momento já tinha um pequena mancha branca em sua ponta.

Fato era que a casa há muito já havia ficado para trás, e Eleonore já estava muito profundamente dentro da floresta. O silêncio tomava conta do lugar, com exceção dos pés firmes da garotinha quebrando as folhas secas no chão. De hora em hora via uns poucos veados caminhando por perto, mas assim que sentiam sua presença, corriam como o vento.

[...]

A escuridão já era total e a montanha foi tomada pela tristeza. Ao céu, a lua cheia brilhava, e os poucos raios de luz lunar que conseguiam passar por entre as folhas respingavam no chão, tornando-o reflexo das estrelas.

Ao fim do caminho estava algo abaixado, e mesmo assim mais alto do que ela. A silhueta tinha cabelos compridos, um nariz pontudo e virando para trás abriu-lhe um sorriso. Os olhos brilhavam na escuridão, que lhe tornava impossível ver seu rosto. Eleonore não sentiu medo. Pelo contrário, a curiosidade e aquele sorriso iluminado pela lua lhe deu uma compaixão e alegria de ter finalmente encontrado companhia naquela noite escura.

Então, a silhueta se levantou, e o que parecia ser apenas uma rocha,tomou uma forma humanoide de proporções gigantescas. Era uma mulher com pelo menos uns três metros de altura, cabelos compridos, seios fartos e olhos de anil.

A menina correu de encontro à mulher e abraçou suas pernas, estampando um sorriso de alegria e fascínio A mulher pegou-a no colo e a ergueu sobre as árvores, para que visse a lua e as estrelas mais de perto. O céu é lindo, disse a gigante, assim como você, minha criança. Há muito não o vejo, pois há muito minha vida cessou. Tens sorte, minha menina, de que tens a vida inteira ainda pela frente. Então, deitou-a em seu peito, como se carregasse um bebê. E então cantou musicas , musicas de seu povo queEleonore não entendia, mas que a melodia tomava conta de sua alma. E encostando o rosto nos grossos cabelos da mulher, dormiu.

[...]

Ao amanhecer, depois de uma longa noite de procura, a polícia encontrou a menina Eleonore, que dormia à uma árvore morta pelas “barbas de velho”. As raízes abraçavam-a, deixando seu corpo quente e protegido do vento lá fora. Ela era mãe, disse Eleonore ao policial, mas este não entendeu.



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