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Eu li - Quilômetro Cinza e Outros Contos de Cabeça

Título: Quilômetro Cinza e Outros Contos de Cabeça
Autor (a): Rob Camilotti
Número de páginas: 203
Ano: 2017
Editora: Independente (Amazon)

Não se engane, é só nos contos que um simples relato ganha ares de aparição e de brevidade, é só através deles que se pode dizer muito, falar do que é mais essencial valendo-se de poucas palavras, que se pode testemunhar ao infinito a beleza do instante. Em cada um desses dezesseis contos, você tem o melhor da narrativa contada, o impossível tornado verossímil graças ao milagre da imaginação em cumplicidade com a boa técnica da literatura. Em cada um desses dezesseis contos, temos personagens ricos com os quais nos envolvemos e nos surpreendemos a cada página, além de reflexões e histórias incríveis que, podem ter certeza, nunca sairão do imaginário do mais cético e racional dos leitores.

Rob Camilotti, em cada um de seus 16 contos, criou um universo dramático, tenso, e misterioso. Quando pensamos que está tudo bem (ou vai indo mal) vem o destino e muda o rumo das coisas.

Contos como Quilômetro Cinza, Cabeça de Cachorro e  Isaurinha e Seu Fernando, são lendas urbanas bem criativas, e cada frase que descreve sobre os ambientes, somos transportados para um lugar semelhante a uma São Paulo úmida e melancólica. Até mesmo a história da donda Isaurinha, porque aquele animal de estimação que ela e o marido possuem não é nada normal, pelo contrário. Para quem sofre de aracnofobia como eu vai se sentir um pouco apreensivo (rsrs).

Já outros, como Uva Verde e Urso Antes e Depois do Homem, parecem metáforas de outros contos antigos, trazendo com eles até mesmo uma moral velada no decorrer das histórias.

E para mostrar e formar uma visão mais ampla do conteúdo do Rob, fiz o resumo breve de um dos conto que mais gostei. Ei-lo:

Cabeça de Cachorro

Barilari era o dono de uma banca de jornais e revistas que ficava em uma praça perto da Igreja Matriz São Francisco de Sales, na Rua do Leite. Certa manhã ele conhece Gustavinho, um garoto de rua que dorme ao relento nos bancos da praça, e resolve dividir o lanche que seria seu almoço daquele dia.

Logo aparece uma mulher, chamada Vânia, querendo comprar jornais antigos. Barilari achou estranho, pois acreditava que as pessoas se interessavam apenas por informações recentes, e na verdade nem tinha jornal velho para vender àquela senhora, mas comprometeu-se em lhe trazer no dia seguinte.

A mulher aparece no outro dia e insiste em comprar os jornais velhos. Barilari os vende por um preço mínimo, apenas porque ela teimava em pagar por eles. Vânia continuava a falar coisas absurdas, como se estivesse com um parafuso a menos.

Então as coisas passam a sair do controle, graças a um menino com cabeça de cachorro que aparece do nada. E uma "alegria" contagiante os domina de uma forma tão grande que eles passam a não se importar mais com o resto do mundo à sua volta.


É inegável que cada história possui um ambiente bem elaborado, personagens criativos, com nomes peculiares, e personalidades fortes, mas senti que muitas vezes eles eram descritos até demais, ou de menos.

De Uma Breve Vida Breve em Edvard Hespanhol, por exemplo, há um relato sobre a opção sexual do personagem Edvard, e o romance que ele tinha com um rapaz foi descrito tão breve, e não tinha nenhum acréscimo ao restante do conto, que não achava necessário ter citado esse fato. Mesma coisa com a unha com micose da mãe dele, foi um detalhe que também não fazia diferença estar ali, então nesses momentos acredito que o autor foi meio prolixo.

Outra coisa que me deixou perdida era a mudança de humor das pessoas. Em um momento elas eram ótimas, afetuosas e normais, mas de repente se tornavam sanguinárias, com ciúmes absurdos e sede de vingança. E para quem não gosta de finais abertos certamente não é muito recomendável que leia, pois a maioria das histórias são assim.  Senti, portanto, a falta de um desfecho mais elaborado.

No restante é uma leitura leve, fluída e descontraída, apesar das situações macabras e assustadoras de alguns contos. Preciso parabenizar o Roberto, inclusive, por uma das histórias que foi dedicada "[...] aos refugiados sírios que imploram socorro à Europa e que, por ela, são violentamente ignorados." Essa lembrança nos faz refletir muito sobre a situação atual do mundo, e o quanto somos intolerantes e preconceituosos com relação à algumas pessoas, culturas e religiões.










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