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CASA VIVA

Loreto Salinas

Maria cuidava de Dona Elvira. Elvira sofria de lentidão. Maria sonhava em se aventurar pelo mundo. Desejava morar em um ônibus. Queria rodar o mundo. Cada dia um novo jardim, um novo quintal. E assim ela fez. Elvira então ficou sozinha e sem casa. Maria seguiu para os rumos do mar. Pisou muitos portos de língua desconhecida. Varou cordilheira, deserto e geleira. A vida era curta para se permitir ser demasiada lenta. E o mundo deu voltas e reviravoltas. E quanto mais ela se soltava, mas sentia o desejo de retornar. O deserto lhe fez sonhar com raízes. As cordilheiras e as geleiras a obrigaram retornar. O mundo repentinamente parou de rodar! Era difícil explicar. Queria muito uma nova casa, que não tivesse nada de velho. De velho agora bastava ela. Primeiro ela sonhou com a mesa, para poder apoiar o prato. Depois ela sonhou com as paredes, para apoiar o telhado. E logo veio as janelas, o assoalho e a lareira. Mas o que é uma casa sem gente? – pensava ela. Maria retornou para dona Elvira. Dona Elvira tornou-se o alicerce da tão sonhada nova casa de Maria. A velha Dona Elvira, no seu tempo, falou da saudade que sentiu – não sabia do que e até contou da tristeza que sentiu – não sabia por quê! Maria então revelou que o mundo, naquele exato momento, tinha se tornado perto. Dona Elvira docemente sorriu e morreu. Todo mundo ama quem já morreu? – Pensou Maria, que até hoje ainda mantém a casa viva. 


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