os olhos marejados. de chorar? não, da poeira envolvente que lhe afecta a vista já.
vagueia pelo campo. sonda o céu na busca de uma nuvem, que o vento acaba por arrastar para longe.
- minha terra assombrada!
vê o penar do solo gretado, aberto em dor clamando por água.
olha em volta e o negro das árvores retorcidas no brazeiro da véspera, dói demais.
corre para o mar. pára no molhe ouvindo o bater de ondas que a enchem de salpicos salgados.
- um dia hás-de avançar, galgar o espaço terra dentro, e tu mar terra rios serão um só. tenho a certeza.
pudessa ela apenas não pensar e ficar a olhar, ouvindo ao longe o som de uma guitarra.
- até da guitarra o tocador partiu.
tantos amigos foram e eu, para que fiquei?
a terra morre, parte dia a dia. devagar. olhando o mar como ela hoje, no molhe.