sobre o seu pó, à beira de água, regada ainda por algum choro e bruma muita bruma, poisou uma semente e ali ficou.
- deitem o pó ao vento quando chegar a hora.
os amigos fizeram-lhe a vontade. e a semente gostou, acomodou-se na terra macia como espuma, colchão de vida que ela num outro já, sorriso, preparou.
e de pequena planta rebento indefinido, em árvore, crescendo, se tornou.
- nada se perde, nada!
e a quem passar é permitido, se for gente de olhar com atenção, num dia de magia e bruma todo feito, vê-la falar com as esguias mãos. compridos braços abertos a inúmeros apertados abraços mas apoiados num tronco forte com raízes no chão.
- é minha esta terra e aqui fiquei.
espalha essa voz o vento que assobia entre os ramos do chorão.
à beira de água, na direcção do mar.