Get Even More Visitors To Your Blog, Upgrade To A Business Listing >>

Ou foi um acidente ou um assassinato (?)



Vencido por facilidades. Caído por golpes de autocomiseração. Atraído pela descrença. Seduzido pelo efêmero gosto da dormência; diante das perturbações que nos deixam, logo, como fantasmas.


Depois de mortos, voltaríamos para assombrar a gente mesmo. Nós mesmos assim diante do cadáver e do toque frio e do odor que exala alto de um lúgubre pretérito para um tenaz Agora — um agora como este Seu, sem tirar nem pôr. Vê?

O medo te matou junto com dúvida e desejo, com ar de graciosidade, sem que se percebesse que algo em você perecia. 
Perguntas tênues que nunca foram respondidas caíam dentro da cova; preparasse o ataúde de dúvidas, elas morriam junto. E você, Mesmo Depois de morto, não podia ser ainda mais dúbio — se respira ou se apodrece, cede e vira alimento; se agora pode levantar e olhar no fundo e ver descer o corpo, jogando uma rosa ou cuspindo sobre aquele que ia, aquele que foi.

Olhasse dizendo: veja como sorria; como andava; como caminhava; como dizia; como acordava; como ria; como comia; como se portava — como-como-como — quantos comos! — riria. Não ria agora. É tragicômico, mórbido (apenas para não dizer doentio e obsessivo).  
É que, antes de morrer, ainda lhe disseram: como é cômico! Sabe como ser, ser cômico. É o seu dom, sua graça. A mesma do Antônio, do André e do Carlos e de outro alguém que te imita por aí. Que tenta ou faz exatamente o que você e que inclusive mataria igual a você. 


Indiferentes ou inconscientes, já tanto fazia.
Você entre muitos outros igualmente desiguais, sim, em jogos tolos de palavras como este. Você esquecido agora, posto no esquife de outro eu seu.


*** 


— Não — respondeu a voz, vinda de algum lugar; não soube distinguir, pelos ruídos —, existem princípios e valores, inerentes, imortais mesmo depois da matéria. Algo que carrega que te faz ser assim. Não possui o poder de se transfigurar dessa maneiram, não completamente. Nenhum de nós. Devia acreditar. Perceba.

— Não posso mais — respondeu, colocando outra pá de terra sobre o buraco.



This post first appeared on O Preâmbulo, please read the originial post: here

Share the post

Ou foi um acidente ou um assassinato (?)

×

Subscribe to O Preâmbulo

Get updates delivered right to your inbox!

Thank you for your subscription

×