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Física

Hoje eu estava na central de atendimento da faculdade em que estudo esperando para ver alguma coisa pendente sobre uns documentos que precisava.

Enquanto eu esperava, vi um garoto de 8 ou 10 anos com um trabalho no colo intitulado “A Geração da Mente”. Fiquei curiosa e comecei a puxar assunto com ele.

– Então, o que você está fazendo aqui? Também precisa de algum documento?

O garoto me olhou desconfiado por cima dos óculos quadrados antes de dizer:

– Não. Eu quero publicar este artigo para os alunos da faculdade e pensei que poderia conseguir ajuda aqui.

Ele tirou mais um pouco as mãos de cima do artigo e eu pude ver que o nome do autor era Eduardo Schunemann.

– Por acaso esse artigo é do seu pai?

O menino balançou a cabeça, negativamente.

– Do seu irmão?

– Não. – falou o garoto estufando o peito de orgulho – É meu.

Olhei-o com silêncio por algum tempo, pensando que ele talvez fosse um supergênio mirim ou apenas um garotinho que estava tentando brincar comigo.

– Não brinca! – disse eu por fim – Deixa eu adivinhar: fala sobre Física, não é?

– Por que você acha isso? – ele pareceu um pouco ofendido – Eu nem gosto de Física. Ela é muito complicada e tem aqueles cálculos chatos!

– Tá, tá, foi mal! Sobre o que fala o seu artigo?

– Sobre Física.

– Mas você disse que…

– É sobre Física. O estudo do Universo. Você sabe o que é o Universo?

– Bom, não seria tudo?

– Minha teoria é de que o Universo é a mente. Tudo surge através de ideias, de pensamentos. Se não fosse pela mente, nada existiria. Mesmo se existisse não existiria, pois sem a mente não teria valor.

– Você está dizendo que as estrelas não estariam no céu se não tivéssemos a capacidade de pensar?

– De fato. Elas continuariam do céu, como sempre foi, mas sem nossa capacidade de pensar, ignoraríamos elas completamente. E tudo aquilo que é ignorado, não existe.

– Nem gente?

– Sem a capacidade da mente nada e nem ninguém existiria. Você, para mim, seria como um vazio enorme do meu lado, assim como eu seria para você.

– Você acha que quando machucamos alguém, é por que não damos valor a sua existência? Quando estamos com raiva, não pensamos no que fazemos e acabamos ferindo alguém. Seriam lapsos de nossa ignorância?

– Sem dúvidas. Ainda bem que são apenas lapsos, não é?

Não pude continuar a minha conversa com Eduardo. Uma campainha tocou e a tela mostrou a senha de atendimento dele. Desejei-lhe boa sorte com a publicação e esperei minha vez de ser atendida.

Fiquei imaginando se Eduardo havia se lembrado de estacionar sua espaço-nave fora da vaga de deficientes. Vi em seus olhos algo de outro planeta, talvez esperança.




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