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Crônicas de um homem sem tempo

Não tenho o tempo para me guiar. Meu tempo não corre, sou refém do instante.
Tudo é presente, tudo é esse momento. O meu hoje de ontem, o meu hoje de hoje, o meu hoje de amanhã. Meu calendário é cheio de "hojes" e meu relógio só marca o agora.
Conjugação sempre no presente mais que imperfeito que se repete em todos os tempos verbais.

É comum para muitos as vezes se flagrarem surpresos com a sensação de que o ano passou rápido. Outros reclamam da saudades pelo tanto tempo que não veem a pessoa amada. Uns dizem que daqui a cinco anos pretendem isso ou aquilo. Pois bem, nada disso se aplica aquele que não tem o tempo. Meu ano não passa, a minha saudade não está no tempo, e, se uma semana é difícil, prever cinco anos é uma experiência metafísica.

O tempo parece ser uma lenda estranha e muito difícil de ser entendida. Por mais que eu tente, não consigo compreender o conceito do tempo. Tão pouco, o sentido de se contar as horas. Ruim, as vezes, quando se é o único regido por uma lógica (a)temporal diferente. Eles vão, você fica e permanece. O Tempo deles corre, você nem tempo tem.

Tudo bem, calha de acontecer alguns encontros entre o meu agora e o quinze para as cindo deles. Mas quando for quase meia-noite, no meu relógio ainda é agora. Não tenho como prendê-los no agora. Para eles o tempo continua a seguir e tenho que deixá-los ir.
Não tenho hora pra dormir, para acordar, para comer, para trabalhar, pra brincar, pra amar...não tenho hora.

Dizem que devemos correr contra o tempo, tem ainda, aqueles que afirmam que é preciso estar a frente dele, mas eu sequer sei quem é esse sujeito. Diferente de todos os outros mortais, não tenho o tempo para me guiar. Mas talvez, eu seja um dos poucos que nasceram livres das correntes do tempo. Feito para viver intensamente cada dia como se fosse o único da minha vida. E na verdade, é!


Bruno Nasser




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