fototografia e texto © agnaldo lima
POESIA(R)-te
Poesio-te sem a preocupação das silabas bem contadas,
sem o pudor das palavras bem escritas,
sem os grilhões que atrofiam a liberdade artística e literária
e sem o preconceito pelas mil e tantas formas de o fazer, presumíveis.
Poesio-te como se fosses o último dos seres poetizáveis,
como se fosses a última gota d'água que se bebesse,
como se fosses o último desejo aceitável,
como se Fosses a última flor que jamais morresse.
Poesio-te como se fosses o meu último gesto,
na caminhada tão vaga que é viver,
entre mentiras, preconceitos e promessas,
na busca do tudo querer ser.
Poesio-te porque foste o último amor que tive,
em linhas paralelas e desiguais,
cujo caminho seguias, fronte erguida, a olhar em frente,
enquanto eu, calmamente, à tua sombra caminhava.