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Escoteiros não devem ter medo da cidadania.

Não é de hoje que os Escoteiros se envolvem em vários projetos de limpeza de estradas, rios e praias; revitalização de parques, pintura de escolas, entre outras iniciativas. Principalmente os pioneiros devem saber bem o que é isso.

A assertiva de Baden-Powell, quando escreveu que deveríamos deixar o local melhor do que o encontramos, continua atual. Também foi feliz ao afirmar que o objetivo do escotismo era formar cidadãos ativos na sociedade, que tivessem senso de coletividade e não menos senso crítico do que ocorre ao seu redor.

Nada mais justo do que ajudar um vizinho com sua grama, ou aquele senhor que nos deixou acampar em seu sítio, ou dar uma mão em nosso campo-escola ou mesmo se mobilizar diante de uma catástrofe que precisa de ações emergenciais.
Mas quando crianças são constantemente utilizadas para encobrir atribuições do Estado, não estamos fazendo outra coisa senão distorcendo o conceito de cidadania e oferecendo mão de obra gratuita para justificar politicamente a má gestão de algum governo.
Assim fica muito fácil: uma autoridade congela gastos e não oferece serviços básicos à população, mas graças à ajuda dos escoteiros não precisa investir um tostão naquilo que deveria ser de sua incumbência.
E, diante disso, a pergunta é inevitável: é mais cidadão fazer esse tipo de tarefa sem questioná-la ou unir-se às reivindicações da comunidade, da associação de vizinhos, do grêmio estudantil e pressionar uma autoridade para que cumpra seu papel?

Parece que a primeira alternativa nos oferece uma sensação de justiça, mas se restringe a atacar as consequências. Já a segunda é amarga e provavelmente não nos dará tanta projeção, mas inegavelmente é mais eficiente ao atacar as causas.

Conanda

Em uma cidade de Santa Catarina, o presidente da Câmara de Vereadores protocolou um projeto que versa sobre o “Toque de Recolher” para crianças de até 14 anos.

Para aqueles que têm algum contato com educação, sabe-se que esta medida é ilusória, sobretudo porque o problema da criminalidade entre a juventude não é uma simples questão de horário. Mas por outro lado, é muito eficiente em termos marketeiros quando o que se deseja é dar projeção ao político na imprensa convencional e criar um pseudodebate ao redor da questão.

Não é apenas uma opinião minha. Existe um posicionamento do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda) sobre o tema, alertando que projetos de “Toque de Recolher” denotam caráter de limpeza social, discriminação e só encobertam os problemas no lugar de resolvê-los. Aponta, ainda, que as medidas convencionais necessárias (moradia, educação, lazer, saúde, emprego) parece que foram esgotadas quando nem sequer foram cogitadas.

O problema poderia ser o projeto em si, mas quando lembramos que os escoteiros possuem cadeira no Conanda e ficam à margem desta situação na cidade, como figurantes ou fantoches, sem uma atuação ativa contra o projeto, nos coloca numa posição de uma “cidadania” da pior espécie.

O fato de que o movimento não assuma um partido político não indica que devemos nos calar, nem como organização nem como membros individuais, em questões da sociedade e da vida política – principalmente naquelas que tratam da nossa juventude.

Em um país livre é fácil considerar-se um bom cidadão ao
respeitar as leis, realizar um trabalho, expressar uma preferência
política, esportiva ou outra atividade, deixando que a autoridade
se preocupe pelo bem-estar da nação. Isto é a cidadania passiva.
Mas há ocasiões em que são exigidos mais do que cidadãos passivos se o que queremos é a construção de uma nação sólida.
Baden-Powell – Março de 1939, “The Scouter”.



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