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Ambiguidade Carnívora (Parte II)

 "A liberdade olha pra baixo, pra sua modesta possibilidade
 e se agarra à finitude para nela firmar-se" (S.K)

Qualquer Coisa que se parte quando se parte, mas em qualquer parte há qualquer coisa pela metade. Pouco importa a inexatidão. Somos busca por sentir na própria busca por razão. É preciso aceitar a contradição. Nesse murmúrio destituído de sentido são os sentidos que forjam o mundo. Pra cada emoção invento um mundo recoberto de razão.  Reinventar a explicação é desaprender o aprendido. O que foi apreendido é só uma questão de gosto dos sentidos. Somos seres viciados em repetição.  Se a faísca de algo novo insiste  uma ousadia, emendamos velhos cacos. Não há lugar na terra que abrace o novo como filho. Somos amantes de anciãs ideias. Velhos instintos forjam a humanidade. Parte de mim se sabe espécie e constrói raízes entre os homens, parte de mãos dadas e pés colados. Da outra parte, reconheço a desumanidade de um querer ser sempre só,  desses pés partidos mil cujo instinto é correr mil mundos. De meu, inclusive, só tenho o palpite de que impossibilitados de admitir o caos que a tudo devora, foi preciso digerir uma ordem. Mas, cada homem é todo metade pra inventar a ordem que lhe satisfaz. Assim, na minha metade eu quero o caos por inteiro. Não por amor à desordem, mas por desamor à verdade, essa mentira tão bem contada dos velhos homens humanos.

J. Scarpelli

Desenho “Endopoesia”, aquarela e nanquim.




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