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2 . Leitura dos Relatórios: O Início

:                       Unidade Acadêmica VTC BB SCT XII, fundada em 1821.                     :

Em meados do século passado, numa tarde escura, 
uma estranha luz cruzou o céu da cidade, 
aterrissou sem fazer som nem clarão num descampado remoto, 
até distante dos vilarejos que cercavam a capital.

Um fenômeno diferente de todos que haviam sido relatados anteriormente, 
mas poucas pessoas dali perceberam o evento, e que misteriosamente, 
uma cúpula já aparentava prever o acontecido.

Logo foram enviados três oficiais altamente qualificados, 
para investigar o local, com as seguintes orientações de operação. 

Capturem qualquer material que possa ser suspeito,
se houver testemunha traga também, 
não digam nada, antes nem depois de entregar tudo a nós, 
e não ousem descumprir as ordens.

Pouco depois do amanhecer, os oficias já tinham feito o serviço, 
entregaram o único material suspeito capturado, quase não se deram conta, 
era o que aparentava uma estranha testemunha, 
mesmo assim o oficial superior foi interrogado, 
enquanto os outros foram temporariamente presos:

...............................................................................................................

Interrogatório 1.A: 
(Arquivo 268.849 - 004. XL - VCT.ITL "cd.DD")

Não encontraram mais nada?

Não senhor.

Tem certeza disso?

Sim senhor, com absoluta certeza.

Não disseram nada durante a operação?

Bom... Não senhor, quero dizer...

Conte-me detalhadamente como foi!

Durante o percurso em disparada até o local 
nos mantivemos quietos dentro do carro...
Fizemos vigilância minuciosa, 
pela única estrada que levava até o local, 
estradinha rude e estreita... 
Até chegar um ponto onde o carro já não podia continuar...
Então decidi parar e investigar os arredores do descampado, 
e tive que falar com os oficiais...

Prossiga...

Eu disse: Oficiais peguem suas lanternas, 
e desçam do carro, precisamos investigar...
E voltamos a ficar quietos, verificamos tudo, 
metro por metro do descampado,
fizemos isso oito vezes senhor, 
só havia folhas secas, entre folhas e flores rasteiras, 
terra e pedras e nada mais, nada que parecia suspeito. 
Então começou amanhecer, achei melhor que voltássemos, 
antes que alguém pudesse suspeitar nossa presença no local...

Prossiga!

Então uma coisa me chamou a atenção... 
Ouvi um ruído estranho, perto do carro, 
como se alguém cantarolasse, 
quando posicionei minha lanterna, 
havia um velho senil, devia ser louco, 
pois estava completamente nu, nos olhava de lado, 
entre as ultimas árvores do descampado, 
Então o abordamos, 
os oficiais o seguraram sem esforço, 
o velho nem resistiu as algemas, 
foi quando perguntei seu nome...

...

Ele respondeu que não tinha nome senhor, 
então o tratei como Antenome, 
mas antes que os oficiais abrissem um sorriso, 
os contive com uma feição séria... 
e disse ao velho, senhor Antenome, 
o senhor terá de vir conosco, 
se não deves a lei, então não temas...
Colocamos o velho no carro, e voltamos em silêncio, 
até chegarmos aqui e entregá-lo ao senhor.

Muito bem oficial, leve seus homens e esqueçam essa noite, 
parece que foi tudo uma grande perda de tempo... 
Mesmo assim vocês foram muito úteis 
e serão muito bem recompensados, 
perdoe-me se fui rude...

Imagine Senhor, estamos a serviço da lei, 
o que o senhor disser será tratado como ordem. 
Ficarei a disposição caso haja alguma dúvida...

...............................................................................................................

Mas seriamos tolos se não percebêssemos que a cúpula já tinha o que queria,
e os oficiais nunca se dariam conta.

O velho nu era a chave, agora intitulado Antenome, 
só sugeriu um pedido ao oficial que o recebeu, prefiro lugares escuros...

Então foi levado a uma cela no subterrâneo da grande catedral secreta, 
seguiram pelo labirinto arquitetônico, sem resistir nenhum passo, 
um oficial apenas o seguia, segurando-o firme pelo braço, 
o oficial o soltou e abriu a ultima grade rapidamente, 
sem um pedido de ordem si quer, o velho entrou e sentou no fundo da cela.

Depois do ruído dos cadeados se fechando, 
o velho começou a cantarolar e o oficial ficou na porta atento o vigiando...

Na manhã seguinte dois homens se aproximam silenciosamente da cela, 
o oficial exausto do plantão da continência aos homens, e sai pelo corredor, 
e a canção do velho é interrompida, por uma batida de anel no ferro da grade. 

Um dos homens começa a fazer perguntas ao velho e o outro anota tudo.  

...............................................................................................................

Interrogatório 2.A: 
(Arquivo 268.849 - 005/6. XL - VCT.ITL "cd.DD")   

Quantos anos têm senhor?

Mais do que possa imaginar.

Tem um numero exato senhor?

Não tenho.

O senhor não se lembra do seu nome nem a sua idade?

Nunca tive nome, 
e minha idade e tanta que pensariam que sou deus

Posso tratá-lo como Antenome então?

Fique a vontade, mas não sou digno de titulo algum

Você e daqui, digo do meu mundo?

Sim, sou feito do mesmo que você, e mesmo que estive distante, 
já estive aqui muitas vezes antes.

E onde esteve?

Estive vagando por ai, pelo infinito. 
Permita-me admirar suas roupas, pra que servem senhor Arthur?

Como sabe meu nome?

Engraçado, achei que me julgaria louco...

Senhor responda minha pergunta, por favor, 
como sabe meu nome, se ninguém lhe disse?

Ouvi sussurrarem seus nomes pelo corredor. 
O Baltazar só anota ou também tem perguntas?

Eu faço as perguntas senhor Antenome, 
deixamos o senhor Baltazar com as anotações 
e você com as respostas, ok?

Ok

Vejamos então, o senhor diz 
ter viajado as estrelas antes de parar aqui?

Sim

Como?

Perdoe-me, você não entenderia...

Ao menos poderia dizer alguma coisa a respeito?

Claro que posso, 
mas antes deves entender,
que existem coisas que poderiam ser simples de explicar, 
mas quase impossíveis de entender, 
quando estamos em níveis tão opostos de conhecimento.

Explique-me senhor Antenome...

Ok, quer saber como fui capaz de sobreviver tal viagem, correto?

Sim

Então preste bem atenção Arthur, 
enfrentando os medos mais primitivos em mim,
Transformando-me em nada, 
me dissolvendo a cegueira do universo 
em todos os limites que ele poderia colocar contra minha viagem, 
eliminando todas as minhas certezas sem ter mais nenhum pingo de dúvida... 
(Som de um estranho sorriso)


...


Sei que parece difícil de entender, 
mas espero que um dia entenda Arthur, 
ou que ao menos sirva a vocês de alguma forma...


Continua...


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