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To The Moon And Back

Escrever sobre amor é um exercício complicado porque nunca sabemos como contar as coisas sem que tudo pareça uma comédia romântica daquelas que toda a gente vê mas ninguém admite e de forma a não estar carregadinha de clichés.

A primeira coisa que lhe disse, naquele dia de Julho, em que nos cruzámos pela primeira vez foi se ele queria água. Não há nada de muito romântico nisto, a verdade é essa. Mas isso não quer dizer que não seja uma memória que não guarde com carinho.

Estaria a mentir se dissesse que tinha pensado nele nos meses seguintes. Pensei, claro, mas não dessa forma que vocês estão todos à espera: pensei nele mais num ponto de vista profissional e recusava todas as tentativas e hipóteses de casamenteiríces que as Cats atiravam para cima de mim quando o assunto era ele.
[Mal sabia eu que elas iam ter razão].

O nosso próximo contacto aconteceu muitos meses depois, quando eu já estava instalada em Évora e ele descobriu que eu por lá andava. Falámos brevemente sobre os nossos respectivos cursos e ficámos por ai. Até que, semanas mais tarde, a conversa volta. E nenhum quer deixar de conversar com o outro. Tentei marcar um café com a banda toda porque queria catch up e ele disse sempre que os outros três estavam ocupados. Mais tarde vim a saber que ele queria, de facto, beber café...mas só comigo.

Um dia, do nada, ele dá-me o número de telemóvel sem eu pedir. Disse que ia sair de casa, que não tinha internet mas que não queria parar de conversar. A primeira coisa que lhe perguntei depois disso foram as horas (sim, nesta altura devem estar a pensar como é que eu consigo funcionar em sociedade, eu sei) e, desde daí, que isso se tornou uma pequena inside joke entre nós.

Sabia que estava em apuros no dia em que ele me apareceu na Faculdade com um corte de cabelo mau porque ele me perguntou o que eu andava a fazer e eu respondi que estava a ter uma pausa de meia hora a meio de uma aula de três. Em minha defesa eu também não estava muito melhor: despenteada, de olhos esbugalhados devido ao sono e um bocadinho nervosa demais para o meu gosto. Estava em apuros porque ele fez com que tudo fosse fácil, como se não estivéssemos sem falar há meses e como se não nos tivéssemos visto só uma vez, no Verão, e durante um par de horas.


Depois disso acabámos por nos ver no dia de aniversário dele, quando eu e umas amigas da Faculdade aproveitamos para ir ver as montras. Desejei-lhe os parabéns, a mãe da ex-namorada ligou-lhe a desejar o mesmo e, quando ele partilhou essa informação comigo, achei tão absurda que me comecei a rir. Depois disso acabámos comigo a ajudá-lo a escolher um par de calças. Parecia-me justo depois de ele ter ajudado uma das minhas companheiras a escolher uma camisola.

O primeiro beijo que ele me deu foi numa biblioteca em frente à prateleira que tinha todas as obras da Jane Austen enquanto eu lhe explicava o porquê de ninguém compreender o Mr. Darcy. Nesse momento soube que estava a percorrer um caminho perigoso para o meu coração porque o meu pé subiu como se fosse um momento romântico num filme dos anos cinquenta - e toda a gente sabe que, nesses filmes, se o pé sobe...é amor.

Eu soube que o amava no dia em que ele me fez arroz. Não foi nenhuma grande revelação, nem nenhum momento profundo. Mas, nesse dia, percebi que queria que ele me fizesse arroz para o resto da vida. Não lhe confessei isto na altura, mas também não tive que esperar muito.
Ele disse que me amava, dias depois, às tantas da madrugada, por mensagem, já estava eu a dormir. Só vi na manhã seguinte e li a mensagem trinta vezes até perceber aquilo que ele me estava a dizer e perceber que afinal não era só da minha cabeça.

A primeira coisa que lhe respondi depois disso foi que ele não o devia dizer se não fosse verdade. E ele assegurou-me que era e, melhor que isso, tem-me mostrado todos os dias depois disso que é verdade.

Ele foi o primeiro a me dar a mão quando eu não sabia o que fazer com as minhas e não sabia se ele era do género de pessoa de passear de mão dada no meio da rua com alguém. Não só é como sempre que preciso de lhe largar a mão para fazer alguma coisa, sei que a tenho à espera para agarrar de novo mal a largo.


Com o passar do tempo percebi que já não havia grande volta a dar e que o meu coração já lhe estava nas mãos quando ele foi a primeira pessoa a me derrubar os muros num instante, que me fez sentir cem porcento confortável comigo e que lidou com as minhas inseguranças com graciosidade e me fez ver que, maioria delas, não faziam sentido. Nas outras ainda estamos a trabalhar. E que me garante que eu sou a rapariga mais bonita desta vida.

Soube que não ia encontrar ninguém como ele quando ele me estende um mindinho e me obriga a fazer uma promessa - e toda a gente sabe que essas não se podem quebrar. Ambos levamos promessas de mindinhos muito a sério.

Soube que tinha encontrado a tampa da minha panela quando chego a casa e ele me abraça porque consegue perceber que o dia foi mau e que não há abraços melhores que os dele, ou quando começo a chorar porque estou hormonal e ele me traz gomas - tijolos, os meus favoritos - e quando me frita batatas porque tenho que estudar e sabe que isso me ajuda a concentrar (não é saudável, mas resulta!). Quando nem uma vez ele foi a razão de lágrimas. Quando às vezes prefiro vestir a roupa dele do que a minha porque me sinto mais confortável. Quando ele me faz serenatas, quando me diz para não meter lentes de contacto porque gosta de me ver de óculos, quando me afasta o cabelo da cara porque não gosta que me esconda. Quando ele pega em mim e dança comigo ao som de um músico de rua debaixo do Arco da Augusta e quando ele fica todo protector quando andamos de metro.

Soube que não havia maneira de sair disto quando, num concerto, eu fui ter com ele e ele me agradeceu por estar lá e eu ri-me (outra vez) porque achei ridículo ele pensar que eu preferia estar noutro lado qualquer sem ser ao pé dele.

Isto pode não ser uma história digna de Hollywood ou de romance best seller, mas é a nossa. E não a trocava por nada. Nem lhe mudava nenhuma linha.



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