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Eleonora Rimolo – A terra original – Poesia

Boa noite.
A terra original
Eleonora Rimolo

I
Nos disseram para sair o menos possível,
só se fosse urgente: pó fino,
poluição, muitas sirenes irritantes. Desse modo
defendo-me das bactérias, dos esporos, dos sorrisos
que não teria encontrado. Passo os dias
da doença respirando o mesmo ar
de sempre, observo sua teimosia
comparo-a com a minha penso em quem irá
embora primeiro. Enquanto isso, o plástico derrete
procura asilo nos pulmões dos sobreviventes,
com a chuva não dá para engolir, queima
a hipótese da resistência, áspera caridade.

II
De mãos vazias os estudiosos cavam os alicerces
dobrados sobre o fosso: dizem que há rastros
de uma civilização antiquíssima, acreditam no que há
atrás da superfície, mesmo que a chuva amasse a pedra,
sujando-os de lama, complicando o exercício da reconstrução.
É triste nossa necessidade de ordem,
o rasgar a raiz e não achar a semente:
é um ruir sem poder impedir a descida,
precipitar em pedaços sem o prazo da queda.

III
Com os músculos rompidos pelo passo úmido
arrastamos as semanas, pronunciamos
distintamente três palavras solitárias. Estar
cansado significa sufocar dentro de uma cama,
gastar menos sangue possível para não
replicar a dor: dessa forma
as vontades não voltam a crescer, erradicam-se
todos os contágios e em mim resta apenas
o deserto asséptico onde
nos contaminamos, onde fomos largados.

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Eleonora Rimolo – A terra original – Poesia

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