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Resenha | A Bruxa (2015)

A Bruxa é uma bela surpresa, nos últimos anos, em que tantos filmes de Terror deixam a desejar. É a estória de uma família que, ao ser expulsa do vilarejo aonde mora, por questões religiosas, se vê obrigada a se mudar para um lugar muito afastado e com poucos recursos. Eventos estranhos, como o desaparecimento do filho mais novo, começam a acontecer, e mexem com o psicológico de toda a família, principalmente da matriarca, que passa a acusar a filha mais velha de ser a culpada por tudo que acontece com eles. Vendido como um horror tradicional, muitos espectadores se decepcionaram ao assistir um filme bem diferente do que esperavam. A Bruxa não é um longa assustador, como fizeram parecer, é um terror psicológico que causa muito medo e arrepios constantes, é praticamente impossível se mexer na cadeira. A Bruxa já mostra a que veio desde o início: é uma obra tensa, incômoda e obscura.

A narrativa é um pouco lenta, o que pode soar cansativo para muitas pessoas, mas é necessário, para que se conheça a fundo as características psicológicas dos personagens e os conflitos que existem na família.

A fotografia é outro ponto forte: a luz fraca nos cenários exteriores e as velas espalhadas no interior da casa remetem à solidão e à angústia da família, além de conseguir levar o espectador para mais perto dos personagens, como se estivesse dentro do filme e pudesse viver todo o drama de perto. Quanto mais tensa e obscura a obra se torna, a fotografia muda, a luz diminui, aos poucos, acompanhando a narrativa, de forma brilhante. As cenas na floresta são perturbadoras e cada detalhe constrói o clima de terror, sem ser explícito. 

As atuações são sensacionais, todos conseguem passar a tensão religiosa e familiar, com destaque para os dois jovens atores Anya Taylor-Joy e Harvey Scrimshaw. Por serem tão novos, é impressionante a forma como trabalham os personagens. A intérprete de Thomasin constrói uma personagem marcante, que, de forma simples, consegue cativar e conquistar o público. Os pais (Ralph Ineson e Kate Dickie) fazem um trabalho excepcional. A evolução dos dois personagens, principalmente da matriarca, é impressionante. Ambos conseguem passar toda a tensão do filme.

A direção de Robert Eggers, que também assina o roteiro, é brilhante, ainda mais se levar em conta que é o seu primeiro trabalho no cinema. Ele consegue, de maneira simples, construir o medo e a paranóia, ao longo do filme. 

Em relação ao enredo, A Bruxa tem diversas referências à mitologia Wicca e aos contos dos Irmãos Grimm, como João e Maria e Chapeuzinho Vermelho. O longa tem, também, uma temática feminista e consegue mostrar a problemática feminina daquela época, em que as mulheres eram acusadas de “bruxas” e vistas como “moeda de troca”: há uma tensão muito grande entre Thomasin, personagem de Anya Taylor-Joy, e a família, que insistia em acusá-la de ser uma bruxa e em vendê-la para algum homem, visto que, segundo os pais, ela já estava na idade de se casar e sair de casa. 

A obra faz o espectador se perguntar se a desgraça familiar acontece por questões sobrenaturais ou simplesmente humanas, e mostra como a fé exacerbada pode cegar alguém. É um filme repleto de metáforas, que mostra que o mal pode estar em qualquer lugar e adquirir qualquer forma. A Bruxa é um terror de detalhes e sutilezas, que se constrói aos poucos, e em que a tensão religiosa e o medo criam uma paranóia não só nos personagens, mas também no público. A obra foge de muitos clichês do gênero e mostra que filmes de terror não vivem apenas de sangue extremo e sustos. 

Curiosidades: 

A Bruxa teve uma receita de 3,5 milhões de dólares e arrecadou mais de 40 milhões;

Stephen King, o mestre do terror, teceu elogios ao filme: segundo ele, é um filme de verdade, tenso e instigante, bem como visceral;

A premissa é baseada na primeira “histeria de bruxas” na América;

O Templo Satânico idolatrou o filme e Jex Blackmore, seu porta-voz, descreveu o longa como “uma impressionante apresentação da visão satânica dentro da discussão da religião na contemporaneidade”;

Foi filmado apenas com luz ambiente e natural;

O filme ganhou diversas premiações: Melhor Diretor, no Festival de Sundance, Empire Award, como Melhor Terror, Prêmio Independent Spirit de Melhor Primeiro Filme, Empire Awards de Melhor Novata, para a atriz Anya Taylor-Joy, Prêmio Independent Spirit de Melhor Primeiro Roteiro e Gotham Independent Film Awards de Melhor Ator/Atriz Revelação, também para Anya Taylor-Joy.

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