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Os tempos da idade mídia

Antes de começar, gostaria de agradecer aos comentários anônimos que chegaram mas infelizmente por regra não posso publica-los. Peço que por favor, assinem seu nome no campo do comentário ou use a opção Nome/Email preenchendo apenas o campo email, para assim ter uma identificação de quem comenta. Vamos ao que interessa.

Parafraseando a colunista Rosana Hermann em seu artigo "Tragédia de Idade Média na Idade Mídia: a junção das Trevas e das Telas", sobre esta barbárie que tivemos o desprazer de assistir neste final de semana, venho com algumas linhas contribuir ou não, com a completa indignação em relação a este fato.

Citei há um tempinho atrás em um dos meus posts sobre o fechamento de sites de tecnologia importantes que encerraram suas atividades graças a mudança de foco da internet hoje para as redes sociais. É inegável que elas possuem um poder de penetração muito grande, o que é bom pois torna-se um ambiente democrático. Mas e o que é ruim nisso tudo? Nos foquemos nestes pontos negativos para a escrita deste post.

Quantas vezes já apareceu em seu mural, pedidos de cliques e compartilhamentos para fatos absurdos além de falsas promessas de doações se uma determinada "meta" for atingida? Notícias fantasiosas como a do criador da principal rede social hoje em que estaria desapontado com o comportamento dos brasileiros naquilo que criou? Onde estão os critérios para compartilhar determinado assunto? Aquele papo de "o Facebook é meu e posto o que eu quiser" é conversa pra boi dormir, sinceramente, papo de quem não toma semancol em face as besteiras que diz.

O que aconteceu com a senhora Fabiane de Jesus no litoral de São Paulo vem para dizer, para sinalizar, que uma boa parte dos brasileiros não tem a mínima condição de estar em um ambiente como uma rede social. Não trata-se aqui de um 'apartheid tecnológico' cerceando o direito das pessoas a acessarem, e sim a falta de educação e cultura deficientes desde o seio do lar até a escola na formação do caráter do cidadão.

Se um simples boato difamador se torna devastador na vida de pessoas, um fato como este, uma suposta denúncia de um crime, sequestro, se torna algo muito mais grave que deve ser sempre apurado com cautela. O que foi feito com esta senhora foi simplesmente um pseudo julgamento baseado em achismos onde não se havia nenhuma prova em que desabonasse o comportamento da senhora e sequer confirmação de suspeitas sobre o fato, já que a própria polícia afirmou não haver qualquer relato que contribuísse.

Comportamento maldoso a meu ver, ao disseminar informações sem a devida apuração. sem critérios, onde uma vida foi brutalmente ceifada à la idade média ou idade mídia. Ainda tem o fator religioso, crianças para ser usada em magia negra, está claro que ainda há este tipo de seita atuante? Quando foi o último relato? Não leio casos relacionados a vários anos e principalmente não por aqui. Não estou defendendo nada, que fique claro.

Chegaram a ler o artigo da Rosana? Se não, retornem lá para prosseguir aqui. Viram a outra confusão quanto a um retrato falado de 2012? Vocês tomam o devido cuidado ao postar fotos nas redes sociais? Vejo que por pouco a senhora Diane Silva Pinheiro também não se torna uma vítima do julgamento antecipado baseado em achismos, por supostamente parecer com o retrato falado da suposta sequestradora.

Enquanto eu escrevia este texto, me lembrei deste vídeo da Kaspersky que ilustra muito bem o que pode/poderia acontecer com uma simples foto publicada abertamente, privacidade é tudo e muita gente ainda fecha os olhos para isso.


Me lembrei também da velha brincadeira do telefone sem fio, onde geralmente a informação chega ao destinatário pra lá de distorcida, falta de cuidado ao ouvir e apurar antes de repassar. Enfim, não se deve fazer julgamentos antecipados seja lá por qual situação for. Retratos falados ajudam e muito na elucidação de crimes mas também devem ser investigados com cautela. Aliás, as duas senhoras são bem diferentes a meu ver, da que está representada do retrato falado.

Tenho lido muito que tudo isso é um "efeito Sheherazade" em alusão a declaração dada pela jornalista Rachel Sheherazade semanas atrás. Mas será que isso não é somente uma forma de colocar uma pessoa como bode expiatório para uma determinada situação? A meu ver, sim. A Rachel Sheherazade tem direito a opinião dela, assim como temos direito de concordar ou não, mas não a agir ao pé da letra.

O efeito rede social, android ostentação e ao mau uso de ambos em relação a algo que sempre existiu (tentativas de linchamento) e graças ao acesso a mídias é que casos assim tem se tornado mais visível. Digo que sempre existiu pois isso é um fato, sempre houve casos assim seja em grandes cidades ou interior, porém nunca se ganhou tanta proporção, repercussão como hoje.

Se não há confiança na justiça, na polícia e até mesmo na política, por que então não canalizar forças para encontrar formas de minimizar e resolver assuntos como este, de forma civilizada e cobrando a quem de direito? Quantas Fabiane de Jesus precisarão morrer para que providências sejam tomadas? Que cobre-se então a quem de direito.

Deixo claro que apesar de crítico ferrenho da inclusão digital, não quer dizer que eu seja contra ela, pelo contrário, apoio desde quando seja algo bem planejado e executado e que traga benefícios a curto prazo, ao contrário da forma como é feita hoje.

E quanto a disseminação falsa de informações, está ai uma pauta para o Marco Civil, feito "nas coxas", onde poderia ter ouvido mais especialistas no assunto do que simplesmente políticos que não convivem no dia a dia da área de tecnologia.

Na era da informação, desinformação é uma escolha, portanto vamos verificar bem antes de compartilhar as coisas, antes de dar seguimento a assuntos e acima de tudo, não combater um crime com outro crime, não somos neandertais, temos discernimento e isso deve ser usado para propósitos positivos.


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