Na sexta-feira, cerca de 6.000 pessoas se reuniram em Karabakh para exigir a reabertura do corredor Lachin – Copyright AFP Ani BALAYAN

Emil GULIYEV com Mariam HARUTYUNYAN em Yerevan

Azerbaijão e Armênia realizaram uma nova rodada de negociações de paz mediadas pela UE no sábado, enquanto a Rússia ofereceu uma cúpula em Moscou em um esforço para reafirmar um papel de liderança no processo de normalização.

O presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev, e o primeiro-ministro armênio, Nikol Pashinyan, se reuniram em Bruxelas para conversas com o objetivo de resolver seu conflito de décadas pelo controle de Karabakh, povoado por armênios, disse o Ministério das Relações Exteriores em Baku em um comunicado.

O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, estava mediando as discussões, que ocorrem em meio a tensões renovadas depois que o Azerbaijão fechou temporariamente o corredor Lachin, a única ligação terrestre entre Karabakh e a Armênia.

Baku e Yerevan têm procurado negociar um acordo de paz com a ajuda da União Europeia e dos Estados Unidos, cujo envolvimento diplomático no Cáucaso irritou a tradicional potência regional, a Rússia.

No sábado, Moscou se ofereceu para receber os ministros das Relações Exteriores dos dois países e sugeriu que o futuro tratado de paz poderia ser assinado em Moscou.

A Rússia está pronta “para organizar uma reunião trilateral dos ministros das Relações Exteriores em Moscou em um futuro próximo”, disse o Ministério das Relações Exteriores do país em um comunicado.

Ele se ofereceu para realizar mais tarde uma “cúpula russo-azerbaijana-armênia em Moscou para assinar o tratado (de paz) relevante”.

Somando-se ao impasse recente com Yerevan, o Ministério da Defesa do Azerbaijão disse que as forças separatistas armênias em Karabakh “usam interferência de rádio contra sistemas de navegação GPS de aeronaves de passageiros de companhias aéreas locais e estrangeiras que voam pelo espaço aéreo de nosso país”.

A suposta interferência afetou duas aeronaves da Azerbaijan Airlines na quinta-feira, disse o ministério.

“Tais incidentes representam uma séria ameaça à segurança da aviação”, de acordo com o comunicado.

As autoridades rebeldes de Karabakh negaram as acusações, chamando-as de “mentira absoluta”.

– Negociações de paz incômodas –

Na sexta-feira, cerca de 6.000 pessoas se reuniram em Karabakh para exigir a reabertura do corredor Lachin.

Separatistas locais, alertando sobre uma crise humanitária, instaram Moscou a garantir a livre circulação na estrada.

Mais tarde, o Azerbaijão permitiu que a Cruz Vermelha retomasse as evacuações médicas de Karabakh para a Armênia.

Karabakh está no centro de uma disputa territorial de décadas entre os dois países, que travaram duas guerras pelo território montanhoso, povoado principalmente por armênios.

Durante as rodadas anteriores de negociações mediadas pelo Ocidente, Baku e Yerevan fizeram algum progresso na preparação do texto de um acordo de paz, mas sua assinatura permanece uma perspectiva distante.

Yerevan concordou em reconhecer Karabakh como parte do Azerbaijão, mas exigiu mecanismos internacionais para proteger os direitos e a segurança da população de etnia armênia da região.

Baku insiste que tais garantias devem ser fornecidas em nível nacional, rejeitando qualquer formato internacional.

No outono de 2020, a Rússia patrocinou um acordo de cessar-fogo que encerrou seis semanas de combates entre as forças armênias e azerbaijanas pelo controle de Karabakh.

O acordo fez com que a Armênia cedesse faixas de territórios que controlava por décadas, enquanto a Rússia implantou forças de paz que estão guarnecendo o Corredor Lachin de cinco quilômetros de largura para garantir a passagem livre entre a Armênia e Karabakh.

A Armênia, que conta com a Rússia para apoio militar e econômico desde o colapso da União Soviética em 1991, acusou Moscou – que está atolada em sua guerra contra a Ucrânia – de não cumprir seu papel de manutenção da paz em Karabakh.

Quando a União Soviética entrou em colapso em 1991, os separatistas étnicos armênios em Karabakh se separaram do Azerbaijão. O conflito que se seguiu ceifou cerca de 30.000 vidas.