O primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, liderou quatro governos de coalizão desde 2010 – Copyright UCRAINIAN PRESIDENCIAL PRESS SERVICE/AFP Handout

Danny KEMP

O primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, apresentará pessoalmente sua renúncia ao rei no sábado, depois que seu governo de coalizão entrou em colapso devido à migração, provocando eleições ainda este ano.

O rei Willem-Alexander estava fora do país de férias quando o governo caiu e voltou para a Holanda para se encontrar com Rutte, que é o primeiro-ministro mais antigo do país e está no poder desde 2010.

“Vou falar com ele amanhã e explicar exatamente o que aconteceu”, disse um sombrio Rutte, líder do partido de centro-direita VVD, em entrevista coletiva na noite de sexta-feira, após a derrubada da coalizão.

O encontro está marcado para as 11:00 GMT de sábado, no palácio real Huis Ten Bosch, em uma floresta perto de Haia. Rutte está liderando um governo provisório até as eleições previstas para meados de novembro.

A Europa tem enfrentado tensões crescentes sobre como lidar com a migração e foi a questão que finalmente destruiu o instável governo de coalizão da Holanda, o quarto de Rutte.

Os quatro partidos da coalizão discordaram dos planos de Rutte de restringir a reunião de famílias de requerentes de asilo, uma tentativa de reduzir os números após um escândalo no ano passado sobre centros de migração superlotados.

O ChristenUnie – um partido democrata-cristão que obtém seu principal apoio do protestante “Cinturão da Bíblia” na Holanda central – e o D66, de centro-esquerda, se opuseram fortemente ao plano de Rutte.

Jornais holandeses vasculharam a carcaça da instável coalizão que só tomou posse em janeiro de 2022, após um recorde de 271 dias de negociações.

O diário Volkskrant disse que o gabinete “tropeçou nos blocos de partida e nunca mais conseguiu se recuperar”.

– ‘País bonito’ –

As eleições agora prometem ser algumas das mais divisivas em uma geração, com uma mistura tóxica de questões como migração, fazendeiros furiosos e custo de vida.

O mais novo desafio à candidatura de Rutte para um quinto mandato vem de um partido de agricultores que se opõe às regras ambientais apoiadas pela UE, enquanto a extrema direita holandesa continua sendo uma ameaça como sempre.

“Podemos tornar a Holanda um belo país novamente com menos requerentes de asilo e crimes, mais dinheiro e casas para nosso próprio povo, atendimento decente, muito espaço para nossos agricultores e pescadores”, twittou o líder anti-islâmico Geert Wilders.

O Movimento Agricultor Cidadão (BBB) ​​buscará repetir o sucesso das eleições para o Senado que conquistou no início deste ano.

Sua líder, Caroline van der Plas, recusou-se a servir em uma coalizão com Rutte e não descartou a possibilidade de ser primeira-ministra.

Apesar de levá-los ao sucesso eleitoral por quase 13 anos, a candidatura de Rutte para um quinto mandato sem precedentes também enfrenta desafios dentro do VVD.

Se o partido do fazendeiro se sair bem nas eleições para exigir um lugar na coalizão, o VVD de Rutte pode ser tentado a abandoná-lo para manter seu lugar à frente do governo.

O próprio Rutte disse que havia tensões na conferência do partido em junho sobre a migração, acrescentando na sexta-feira que ainda tinha “energia” para um quinto mandato, mas precisava pensar sobre isso.