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O Santa Cruz pentacampeão sergipano em 1960

Por J. Cruz
Foto: arquivo

Em pé: treinador Edgar Barreto, Everaldo, Cinho, Piloto, Zito Aguiar, Zé dos Santos, Tarati e Firmino.
Agachados: João Enfermeiro, Teninho, Valdomiro, ABC, Geraldo, Chico, João Cego e Madureira

Quando falamos no futebol estanciano e sergipano, muitos ainda lembram do Sport Clube Santa Cruz que no final dos anos cinquenta e início dos sessenta do século passado era considerado o bicho papão do futebol sergipano, pois, ganhava para todos não só na Vila Operária (Estádio pertencente a Fábrica Santa Cruz), mas também em outras praças futebolísticas. Com uma equipe formada por excelentes jogadores, conquistou vários títulos na era do amadorismo e em 21 de maio de 1961 conquistou o primeiro campeonato sergipano na modalidade profissional, derrotando a equipe do Clube Sportivo Sergipe pelo placar de 2 a 0 com gols de Teninho (Valteno Alves dos Anjos) aos 43 minutos do primeiro tempo e de Geraldo (Geraldo José de Oliveira) aos 15 minutos do segundo tempo. (Vale destacar que naquela época o campeonato começava em agosto e terminava no ano seguinte, por isso que a final foi realizada 1961).

Esse jogo histórico foi realizado no estádio Municipal de Aracaju e o Azulão do Piauitinga entrou em campo com a seguinte formação: Augusto, Everaldo, Taraty, Zé dos Santos, Piloto, Zito, João Cego, Teninho, Valdomiro, ABC, Madureira e depois Geraldo, treinador Edgar Barreto e árbitro foi João Carlos Smith.

Vale lembrar que o time Azulão (uma referência a cor azul do uniforme) surge pela iniciativa de desportistas na maioria funcionários da Cia. Industrial de Estância (Fábrica Santa Cruz) nos idos de 1930 que tinham se separado do Estanciano FC (aqui não se trata do atual Estanciano Esporte Clube fundado em 1956) e depois encampado pelos novos proprietários da referida Fábrica, que passou a gerir as despesas da equipe.

Os anos se passaram e a equipe foi se firmando no cenário futebolístico sergipano, principalmente com a chegada de atléticas oriundos de outras localidades, principalmente de Riachuelo, que vinham para trabalhar na Fábrica Santa Cruz e consequentemente jogar no time azulão. Atletas como ABC, João Cego, Teninho e outros que se firmaram como principais jogadores e como funcionários da empresa, se tornaram famosos no ambiente futebolístico sergipano em uma época do amadorismo, que tudo se fazia por amor sem interesses financeiros. Em 1956 conquista seu primeiro título estadual e o mesmo acontece nos anos seguintes encerrando com a conquista histórica do pentacampeonato de 1960 e vice do ano seguinte em uma época que o campeonato começava em agosto e encerando-se no ano seguinte.

A partir de 1962 alguns jogadores com o profissionalismo foram deixando a equipe e outros entraram em decadência provocada pela idade e os novos atletas que chegaram ou surgiram de sua base juvenil não conseguiram manter o padrão futebolístico dos anos anteriores. O resultado foi que o Azulão do Piauitinga deixou de cantar alto na Vila Operária e em outros gramados sergipanos.

Sem conseguir se firmar como um time vencedor, em 1969 solicita licença a FSF e retorna no ano seguinte, mas sem conseguir empolgar mais sua torcida com brilhantes vitórias e conquistas de títulos e em 1980, acontece uma grande decepção: desce para a segunda divisão. Entretanto, com um esforço enorme de sua diretoria, consegue realizar uma parceria com o América do Rio de Janeiro trazendo atletas que resultou no retorno a elite do futebol sergipano.

Na década de 1980 com a inauguração do Estádio Francão (05/03/1983) aconteceram vários embates entre o Azulão e o Canarinho (Estanciano) em que a duas torcidas vibravam com o excelente nível de futebol praticado pelas as duas equipes, porém, mais uma década sem títulos.

O primeiro ano da década de 1990 foi o momento de tristeza para sua torcida e diretoria. Mesmo o time Azulão disputando o campeonato de futebol da primeira divisão, as vezes conseguindo uma boa colocação, outras vezes ficando próximo da degola, mas com dificuldades continuava competindo. Apesar do esforço de seu patrono, Dr. Jorge Leite, contratando atletas, porém, a equipe não conseguiu voltar aos tempos gloriosos da conquista do pentacampeonato. Em uma época em que o futebol passou a depender de grandes investimentos através de patrocínios e sem consegui-los, em 1990 após conseguir um terceiro lugar na classificação final do campeonato sergipano, o Esporte Clube Santa Cruz dá adeus ao futebol profissional com uma belíssima vitória por 3x1 contra a Associação Desportiva Confiança no Estádio Francão em Estância, encerrado um capítulo glorioso do futebol estanciano e por que não, sergipano.

Em 1984 o então Prefeito Municipal, Dr Carlo Magno Costa Garcia construiu uma quadra de esportes em frente à Igreja de Nossa Senhora do Amparo e o nome escolhido para o local foi o de Alcides José dos Santos (ABC), o centro avante goleador que fez parte do time azulão penta campeão. Entretanto, a homenagem também foi direcionada aos principais atletas que vestiram a camisa azul a partir de 1955 que foram: Augusto, Everaldo, Tarati, Zito, Zé dos Santos, Zezé Oião, Teninho, Valdomiro, ABC, João Cego, Rocha, o técnico Edgar Barreto e o massagista João Enfermeiro. Convém ressaltar que alguns atletas que têm o nome gravado na placa comemorativa não participaram da histórica partida realizada em 21/05/1961.

Atualmente as lembranças desse momento histórico do esporte estanciano, são os troféus que estão expostos na biblioteca “União Têxtil”, a Vila Operária e a Quadra de Esportes.


A memória coletiva sobre as conquistas do Azulão do Piauitinga está desaparecendo no tempo, passando para uma memória individual para aqueles que pesquisam o passado, pois, dos craques que fizeram parte do escrete penta campeão somente um ainda está vivo que é o propriaense Geraldo José de Oliveira. Ainda tem os familiares que não se cansam de lembrar esse passado glorioso que continua sendo um orgulho histórico estanciano que aos poucos vai se perdendo no tempo. Caso o Azulão do Piauitinga estivesse em atividade seria o momento de parabéns, felicitações e desejos de novas conquistas pelos sessenta anos da conquista do pentacampeonato sergipano em 1961!

Fonte de pesquisa: Leite, Ricardo dos Santos Silva. Jorge Leite: um homem chamado trabalho. Aracaju: Gráfica Triunfo, 2008.


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