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1982-84: O domínio do Ferro Carril Oeste na Argentina

Poucas cidades concentram tantas equipes de futebol quanto a capital argentina, Buenos Aires. Enquanto em algumas praças os laços de lealdade entre torcedores e clubes se constroem ao redor de regiões, como no caso de Londres, em outros são os barrios que os distinguem. Vem de Caballito o alento à causa do Ferro Carril Oeste, agremiação que colocou o lugar em festa, nos difíceis anos 1980. Naqueles tempos, o verde, habitualmente símbolo de esperança, foi também sinônimo de vitórias.

Foto: El Gráfico/Arte: O Futebólogo


Das ferrovias ao contexto poliesportivo


Os registros históricos não são precisos acerca do tema. Sabe-se que as regras do futebol foram estabelecidas na Inglaterra e que o país desempenhou papel fundamental para a difusão do esporte no além-mar. No caso argentino, a pesquisa de Pablo Alabarces, autor de História Mínima do Futebol na América Latina, sinaliza que “não há um único inglês na fundação do futebol argentino”. O esporte teria chegado ao território portenho por obra de escoceses. Isso não quer dizer que os ingleses não tenham tido esparsa influência.


Avançando 14 anos, alcança-se um novo ponto de virada na história ferroviária. Era o ano de 1904, quando cerca de 100 trabalhadores da empresa decidiram fundar um clube de futebol. A iniciativa seria apoiada pelos superiores e, em pouco tempo, o Ferro Carril Oeste já tinha até casa para jogar. Inaugurado em janeiro de 1905, o Estadio Arquitecto Ricardo Etcheverry se tornou o primeiro da Argentina e o segundo da América do Sul. Iniciava-se ali, onde era oeste, e com o passar dos anos se tornou centro, da capital do país, uma história esportiva que ultrapassaria as fronteiras do futebol.

Foto: Desconhecido

Com presença forte em outros esportes, entre os quais natação, polo aquático, basquete, voleibol, tênis e hóquei na grama, o clube passou a maior parte de sua história alijado dos grandes palcos futebolísticos. Em algum momento, nos anos 1930, emancipou-se da empresa que o originara, passando a caminhar com as próprias pernas.

Na realidade verdolaga, o futebol era mais um entre os vários esportes que incentivava. Na região, era o rival Vélez Sarsfield, de Liniers, que concentrava os melhores resultados.

Apesar disso, entre altos e baixos, em 1978, ano glorioso para o futebol nacional a despeito das várias polêmicas que envolveram o título mundial da Argentina, o Ferro triunfou na Primera B. Somando quatro pontos a mais do que o Almirante Brown, retornou à elite, após um ano de ausência. A equipe já contava com nomes que se tornariam referências históricas, como o meio-campista Gerónimo Saccardi, mas a vida futebolística só ganharia mais frescor a partir de 1980, com a chegada de um novo treinador.

Foto: cachosaccardi.com.ar/Arte: O Futebólogo

Apresentando-se para o serviço Carlos Griguol


Na década de 1950, a Argentina conheceu o volante Carlos Griguol. No Atlanta, de Villa Crespo, foi treinado por Victorio Spinetto e Osvaldo Zubeldía (inicialmente seu colega de equipe). Esse contato acabaria moldando a personalidade e as ideias de Griguol. Os influenciadores não tardaram a se revelar expoentes de uma Argentina que precisava aprender a vencer fora do continente e aceitava, na altura, doses de pragmatismo para alcançar seus objetivos.

Volante de carreira dedicada ao Vélez, Spinetto era um camisa 5 com técnica, mas, acima de tudo, dotado de um aflorado espírito de luta. Ele levaria esse perfil para os bancos de reserva, depois de pendurar as chuteiras. Incutiria em seus pupilos a imperatividade da vitória. Ante a histórica dualidade que marca o futebol argentino, em termos simples, a disputa entre um futebol subjetivo, de espetáculo, mas não necessariamente vencedor, e outro, objetivo, rígido e voltado para o triunfo, ele se posicionava, claramente, na segunda corrente.

Como relata Jonathan Wilson, em A Pirâmide Invertida: “Os times de Griguol e Bianchi nunca foram tão abertamente cínicos quanto os de Zubeldía, mas ambos praticavam um jogo agressivo e disciplinado, que favorecia o pragmatismo em vez da beleza”. Em outra obra, Angels With Dirty Faces, o jornalista afirma categoricamente que “ao menos espiritualmente, ele [Griguol] era o herdeiro de Spinetto”.

Arquivo: El Gráfico

Depois de fazer mais de 200 jogos pelo Atlanta, Griguol viveu os últimos dias de sua carreira em Rosário. Foi no Central que encerrou a passagem pelos gramados e iniciou a trajetória de treinador, sucedendo Ángel Tulio Zof. O sucesso foi imediato.

Em seu primeiro ano, 1973, conduziu os Canallas ao título do Campeonato Nacional, superando River Plate, Atlanta e San Lorenzo, na fase final. Aquele time ficaria conhecido como Los Picapiedras — “Os Flintstones”. A razão não poderia ser outra, senão a predileção por um estilo de jogo que não era sofisticado, ou que parte da crítica assim o via.

Em janeiro de 1980, entretanto, Griguol precisava recomeçar. Os sucessos iniciais no Rosario Central o haviam levado até o México, onde treinou o Tecos. Entretanto, os últimos anos, no retorno ao Gigante de Arroyito, e, a seguir, no Kimberley, de Mar del Plata, tiveram como marca a instabilidade. O casamento com o Ferro Carril parecia oportuno, nenhum dos dois andava particularmente bem. O acerto vinha do final de 1979, após a procura ativa do presidente Santiago Leyden.

Foto: Clarín/Arte: O Futebólogo

Aposta no coletivo


O cenário da Argentina do começo do decênio oitentista era desolador. “Houve um momento de verdadeiro pânico no início da década de 1980, quando [...] os grandes devedores latino-americanos não mais puderam pagar, e o sistema bancário ocidental esteve à beira do colapso”, narra Eric Hobsbawm, em Era dos Extremos.

Um microcosmo no sistema portenho, entendido em seu sentido mais amplo, o futebol não escapava das consequências da crise nacional. Ela não era apenas econômica, mas política e social. Ainda vigia o governo militar de Jorge Rafael Videla, mas o país, a exemplo de alguns de seus vizinhos, caía aos pedaços. O triunfo na Copa do Mundo de 1978 não conduzira a qualquer apogeu esportivo, os clubes tradicionais estavam em crise e a nata do talento nacional partia para o exterior.

Em pouco tempo, já sob a direção suicida — para falar o mínimo — de Leopoldo Fortunato Galtieri, a Argentina ingressaria num conflito com a Inglaterra, cujas chances de vitória beiravam zero. A Guerra das Malvinas não passou de uma tentativa desesperada de unir o país em torno de uma causa, um arroubo de patriotismo e uma condenação à morte de mais de 600 combatentes.


Com contas para pagar, as mais tradicionais forças esportivas do país se viam em dificuldades. Era o cenário ideal para a ascensão de um azarão. É claro, ninguém suporia que o Ferro Carril ocuparia um lugar entre os vencedores da época. Nem mesmo Griguol. “Quando cheguei ao Ferro, após as partidas todos perguntavam sobre os resultados dos times que eram candidatos ao rebaixamento. Precisei de um ano para mudar essa mentalidade”, falaria o treinador à revista El Gráfico, como citado por Wilson.

A chave para o crescimento do clube passava pela maturação de seus jovens. Era impossível fazer grandes contratações e, sabia-se, os mais moços não apenas tinham ambição como também aceitavam mais facilmente as ordens de Griguol. Aquela não era a primeira vez que o técnico lidava com garotos. Em 1973, aos 19 anos, um certo Mario Alberto Kempes passara pelas suas mãos, depois de despontar no Instituto, de Córdoba.

Se, por um lado, o treinador pôde contar com alguns jogadores experientes que já estavam no clube, casos do goleiro Carlos Barisio, criado no River Plate, do beque Juan Domingo Rocchia e do capitão Saccardi, ambos formados em Caballito, por outro, a garotada dava frescor à equipe. Os Verdolagas acompanharam a afirmação de Héctor Cúper e Oscar Garré, na defesa, e de Miguel Ángel Juárez, na linha de frente. O trio alcançou um nível até então desconhecido.

Foto: Desconhecido/Arte: O Futebólogo

A grande revelação, todavia, seria o talentoso Alberto Márcico, mais tarde referência também no Toulouse e no Boca Juniors. Por sua vez, o melhor contratado responderia por Adolfino Cañete, paraguaio que vinha do Atlético Tembetary e fazia parte da geração guarani que iria ao Mundial de 1986. Após um ano que, como esperado, foi instável, o Ferro Carril estava pronto para as grandes batalhas.

Em 1981, com um 4-3-3 equilibrado, um time duro, destacadamente atlético (graças a Luis Bonini, que trabalharia mais tarde com Marcelo Bielsa) e adotante da inovadora marcação por zona, fez o Boca Juniors, de Diego Maradona e Miguel Ángel Brindisi, suar até o final do Metropolitano. Um ponto separou os Verdes del Caballito do tradicional time Azul y Oro. Situação similar aconteceria no Nacional, disputado em grupos e, mais tarde, mata-matas. O Ferro chegou à final, mas caiu diante do River Plate, de Kempes. No ano, o goleiro Barisio chegaria a ficar 1.075 minutos sem ser vazado.


A hora da surpresa se confirmar


Em 1982, o Ferro Carril já era uma zebra reconhecida. Mas não havia expectativas de que a surpresa persistisse. No entanto, aquele não seria um ano normal. A crise nacional, cada vez mais acentuada, obrigara o Boca a vender Maradona ao Barcelona. Por outro lado, sem conseguir honrar o acordo firmado com o Valencia, o River teve que devolver Kempes aos Che. Além disso, seria necessário vender Daniel Passarella à Fiorentina.

Os dois times mais proeminentes do país perdiam seus maiores astros. Como se já não fosse prejuízo suficiente, às vésperas da Copa do Mundo da Espanha, o treinador César Menotti não abriu mão de nenhum atleta na preparação para o Mundial, tomando mais alguns nomes importantes do futebol local.

O Campeonato Nacional não foi esvaziado apenas pela situação imposta aos clubes, mas também pelo que aconteceu externamente. Como cita Wilson, a “violência nas partidas aumentou e o público caiu, diminuindo a tradicional vantagem dos gigantes”. Tal ficou claro rapidamente. O Ferro Carril liderou a Zona B, disputando-a mais ferrenhamente com Unión de Santa Fé, Independiente e Argentinos Juniors. A campanha seria irretocável: em 16 partidas, foram 13 vitórias e três empates; 39 gols marcados e apenas nove sofridos.

Nenhum dos grandes alcançara às quartas de finais. Além do Oeste, Racing de Córdoba, Talleres, San Martín, Estudiantes, Quilmes, Unión e Independiente Rivadavia — rival dos Verdolagas — avançaram. Na conta do chá, 1 a 0 na soma dos placares, o time bateu o rival mendocino. Contra o Talleres, não deixou margem para dúvidas a respeito de sua potência ofensiva: em casa, massacrou, impondo um 4 a 0. Na volta, a insanidade tomou conta da eliminatória, 4 a 4.


O importante, porém, era avançar. E o Ferro Carril estava, outra vez, na final. O adversário era o Quilmes, que vinha de sucessos nos anos 1970. Na visita aos Cerveceros, o zero teimou e não abandonou o marcador. Na volta, em pleno Arquitecto Ricardo Etcheverry, Juárez e Rocchia consagraram Caballito: 2 a 0, com direito a invasão de campo pelos torcedores.

“Esta semana passei várias noites sem conseguir dormir, pensando em tudo o que estávamos jogando neste jogo. Um torcedor do Boca ou do River não entende o que isso significa para o Ferro. Já tínhamos tido duas chances de sermos campeões e essa era a última. Por isso, antes de entrar em campo, puxei os meninos um a um e disse a eles que não podíamos falhar. Felizmente tudo correu como esperado, já somos campeões. Estou no clube há 17 anos e essa alegria é a maior da minha vida”, falou Saccardi, à revista El Gráfico.

A publicação afirmaria, ainda, que o triunfo consagrava, “uma máquina bem oleada que atingiu o cume com simplicidade [...] Uma demonstração retumbante de como a convicção e a unidade total podem levar um grupo ao topo”. Coroando ainda mais a conquista invicta, Miguel Ángel Juárez foi o artilheiro da competição, com 22 gols. A Locomotora del Oeste estava pronta para os próximos desafios.


Acidente? Não!


A continuidade do trabalho de Griguol não traria resultados imediatos. No Metropolitano de 1982, o Verde del Caballito ficaria com a nona colocação, sem impressionar. Era um relaxamento natural, depois da conquista. Além disso, alguma normalidade vinha sendo retomada, com o título ficando com o Estudiantes, seguido de perto por Boca e Independiente. Também a Guerra das Malvinas chegara ao fim.

Na Copa Libertadores do ano seguinte, o desempenho também seria fraco, com o time sendo eliminado ainda na fase de grupos e em último lugar, duelando contra Estudiantes e os chilenos Cobreloa e Colo-Colo. Porém, o desempenho interno melhoraria. No Nacional, iria até as oitavas de finais, mais uma vez parando nos Pincharratas; no Metropolitano, terminaria em terceiro, com dois pontos a menos do que o campeão Independiente.

Era a hora da ratificação da qualidade do trabalho de Carlos Griguol. O time sofrera algumas mudanças. Saccardi e Rocchia se aposentaram, enquanto Juárez seguira para o Talleres e Barisio para o Boca. Ademais, no início da disputa, o time não contava com Garré, Cúper, Carlos Arregui e Márcico, que representavam a Albiceleste na Copa Nehru, na Índia. No entanto, as reposições já estavam no clube.


O meio-campista José Fantaguzzi (de 22 anos), os atacantes Esteban González (22), Roberto Gargini (22) e Mario Noremberg (22), todos formados no clube, estavam integrados aos profissionais. Além disso, na altura, reservas como o defensor Jorge Brandoni já sabiam exatamente o que fazer quando chamados a defender os Verdolagas.

Não obstante, a simpatia que os azarões costumam atrair já não estava presente. O Ferro vinha sendo, constantemente, atacado por seu excesso de pragmatismo. A torcida respondia com um cântico peculiar e que dispensa o rigor de uma tradução: “Dicen que somos un equipo aburrido/que especulamos, que jugamos para atrás/me chupa un huevo, todo el periodismo/a Caballito cada vez lo quiero más”.

Na disputa do Nacional de 1984, a Locomotora del Oeste acabou no Grupo E, com Instituto, Platense e Altos Hornos Zapla, de Palpalá, Jujuy. Passou incólume, com uma liderança marcada por três vitórias e três empates. Nas oitavas, contou com a sorte. Com dois resultados iguais diante do Huracán, 1 a 0, a contenda foi resolvida nos pênaltis. Deu tudo certo, apesar da emoção excessiva.

Mais uma vez com mais sorte do que juízo, o Ferro eliminou Independiente e Talleres. As disputas foram iguais, com uma vitória magra, 1 a 0; e um empate por 1 a 1. Na final, o representante de Caballito encontrou o River Plate. Os Millonarios exibiam a juventude de Enzo Francescoli e buscavam um título que não vinha desde aquela final ante o Oeste, em 1981. Todavia, os Verdolagas foram à desforra.


Em pleno Monumental de Núñez, impuseram um doloroso 3 a 0. Esse placar foi construído em 35 minutos, com Cañete, Noremberg e Márcico. “O jogo do Ferro foi perfeito. Foi futebol para ver, vibrar e desfrutar”, rendeu-se a revista El Gráfico, como recupera o portal Futebol Portenho. Na volta, Cañete inaugurou o marcador logo aos dois minutos, colocando a partida em banho maria. O jogo sequer iria até o minuto 90. Revoltados, torcedores do River tentariam colocar fogo na casa verdolaga, antecipando o apito final.

No fim das contas, o jornalista Natalio Gorin, também de El Gráfico, concluiria: “Eles [o Ferro Carril Oeste] jogam duro, mas justo [...] desde que o futebol é o futebol, apenas times que jogam bem vencem”.


Adormecer


Sem deixar a peteca cair, o Ferro ficaria com o vice-campeonato do Metropolitano, ainda em 1984, suplantado pelo Argentinos Juniors. Reencontraria o Bicho na Libertadores seguinte, rendendo uma boa briga. Os compatriotas terminaram o Grupo A, com Fluminense e Vasco, dividindo a liderança. Um playoff eliminaria os homens de Caballito.

Os anos que se seguiram foram de tranquilidade, embora com o clube ficando cada vez mais distante do topo. Em 1987, para desespero dos defensores do futebol-espetáculo, Griguol deixou o Ferro Carril, fechando com o River Plate. O casamento não daria tão certo. Um ano depois, o comandante voltava ao Arquitecto Ricardo Etcheverry, para mais cinco campanhas. Em 1993, deixaria o clube de vez, partindo para uma longa passagem no Gimnasia y Esgrima.


Sete anos depois, com o clube piorando temporada após temporada, o inevitável rebaixamento se abateria sobre os verdolagas. Em 1999, para se ter uma ideia, o Ferro chegara a ficar 875 minutos sem fazer um gol, um recorde histórico no país. Conforme os resultados decaiam, a situação financeira do time acompanhava o declive.

Dois anos depois do descenso, seria declarada formalmente a falência do Ferro Carril. Desde então, não voltou à elite. Os prejuízos se estenderam aos outros esportes.

Se, em 1988, a UNESCO reconheceu o melhor do Ferro Carril, destacando os “eminentes serviços prestados à educação física e ao esporte”, a realidade do século XXI mostrou o pior. Para citar apenas o exemplo de dois esportes, o último dos seis títulos nacionais masculinos do vôlei ficou em 1985; já o derradeiro de oito totais no feminino ocorreu em 1990.


Na Liga Nacional de Basquete, a última conquista foi em 1989 — em que pese o clube ter mantido um certo nível nos anos 1990, inclusive revelando o craque Luis Scola.

Com efeito, desde a falência, o Ferro Carril adormeceu. Mas, justamente pela imprevisibilidade que marca o esporte, da qual o clube já se beneficiou no passado, pode acordar em algum momento — por mais difícil que isso possa parecer. Enquanto essa hora não chega, Caballito aguarda uma nova oportunidade de comemorar e zombar dos vizinhos de Liniers.


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