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André Almeida: "Esta vai continuar a ser a minha casa"


 

Sente-se um privilegiado por fazer parte de uma história centenária e está grato por tudo o que viveu nestes 12 anos de Sport Lisboa e Benfica. Na hora de um adeus emotivo, André Almeida recordou, em entrevista à BTV no Museu Benfica – Cosme Damião, os 15 títulos conquistados, o crescimento como pessoa e jogador, os momentos e as pessoas inolvidáveis que leva no coração e sublinhou que "isto não é um adeus, mas sim um até já".

No local em que se respira a História e Mística, um dos obreiros do inédito Tetracampeonato lembrou jogos especiais; a simbiose com os adeptos; elegeu o título mais especial e explicou a magia da Praça Marquês do Pombal.

Revelou a importância de passar o Benfiquismo a quem chega e quais são as suas maiores mágoas; trouxe à memória o ambiente mais popular e genuíno do Jamor nas finais da Taça de Portugal; e assumiu o "sentimento especial" por estar no lote restrito de capitães do Benfica.

DOZE ANOS, 15 TÍTULOS

"Quando se chega a um clube destes tem de se querer ganhar títulos. Nunca pensei ficar tanto tempo e construir uma história tão bonita. Quando comecei a minha carreira sonhava ser jogador, mas nunca pensei chegar a um nível tão alto. Foram anos muito bonitos ao serviço deste clube e estou muito orgulhoso do meu percurso e do que conquistei aqui em casa."

"Foram anos muito bonitos ao serviço deste clube e estou muito orgulhoso do meu percurso e do que conquistei aqui em casa."


MAIS DE 300 JOGOS: ANDRÉ ALMEIDA NUM LOTE RESTRITO


"Não fazia ideia. Sabia que o Luisão e o Pizzi tinham entrado num lote restrito. Sabia que tinha menos jogos do que o Pizzi, mas não fazia ideia dos números. Fico contente, porque foram muitos anos de dedicação a este clube. Fico feliz por estar nesse patamar."

PANTERA NEGRA, UMA PESSOA ESPECIAL E O JOGO DOS "11 EUSÉBIOS"

"Não tive a sorte de privar muito com ele. É uma figura do nosso Benfica e infelizmente não tive essa sorte. Conheci pessoas que se davam com ele, como o Sr. Shéu e o Pietra, e dizem-me maravilhas dele como pessoa. Como jogador, não era preciso, porque conheço bem a história. É, provavelmente, das épocas [2013/14] mais vitoriosas que tive aqui. Certamente que esse jogo [clássico dos Eusébios] ajudou muito. Lembro-me do ambiente no Estádio, dos próprios jogadores. Foi um jogo muito à Benfica, vivido intensamente, com '11 Eusébios'. A atmosfera era diferente. O Benfica, por si, cria uma boa atmosfera nos jogos, mas nesse era diferente, como se os jogadores se elevassem. Foi uma vitória clara, que não deixou dúvidas a ninguém. Criou-se ali um patamar que não mais deixámos cair. Por isso mesmo, a época tornou-se tão vitoriosa."


A SIMBIOSE ENTRE A EQUIPA E OS ADEPTOS

"Foi das maiores atmosferas que vi dessa simbiose entre equipa e jogadores [clássico dos Eusébios em 2013/14]. Quando o Benfica se une num só é muito difícil pararem-nos. Na altura do Tri, estávamos a perder 0-3 com o Sporting, mas sentimos uma força dos adeptos vinda de fora que não desistiram de nós e isso fez-nos dar a volta a ganhar o Tricampeonato."

PRIMEIRO TÍTULO FOI ESPECIAL E A MAGIA DO MARQUÊS DE POMBAL

"Todos os títulos têm um sabor especial. Não sei se é por ser o meu primeiro título [2013/14], ou por ter os adeptos mais perto e podermos festejar no meio deles, acabou por ser um título muito marcante. O primeiro, por ser o primeiro e por ter sido tão diferente, é especial. Acho que, quem sonha ser jogador, sonha estar no Marquês. Não há clube melhor para estar no Marquês do que o Benfica, porque enche as ruas, pára o País. Viver isso de perto é uma sensação única que não consigo explicar. Só vivendo."

SER TETRACAMPEÃO

"Numa história tão grande ter esse privilégio. Se bem que não sou o único português Tetra [Paulo Lopes também é]. O Paulo Lopes, para mim, teve muito impacto nesses campeonatos. Era uma pessoa muito presente no dia a dia, trabalhava bastante, ajudava os mais novos, ajudou-me na integração no Benfica e teve um papel fundamental em todos os títulos. Não consigo escolher, porque todos tiveram um sabor especial. O primeiro foi muito especial, o Tri, porque já nos davam como mortos e depois, com o clique dos adeptos a puxarem por nós, catapultou-nos para uma época de excelência, e a Reconquista, porque foi a minha melhor época a nível individual e porque fulminámos alguns recordes, de golos, de pontos… foi uma época especial, porque notava-se uma harmonia dentro de campo, muita alegria. Os mais novos que surgiram ajudaram-nos a elevar esse nível."


"Numa história tão grande ter esse privilégio [de ser Tetra] (...) Não consigo escolher [um dos títulos conquistados], porque todos tiveram um sabor especial"

A IMPORTÂNCIA DE PASSAR A MÍSTICA

"Não só com os mais novos, mas também com os jogadores que iam chegando. Tinha sempre o cuidado de brincar com eles, porque, às vezes, mais do que falar do Clube, é perceber que o Clube é isto: receber bem, deixar à vontade quem chega para expor o seu futebol. Nada melhor do que estares à vontade para mostrares o melhor de ti. Esse era o meu papel, tal como outros também fazem bem: o Rafa, o Grimaldo, o Otamendi. As coisas vão correr bem nesta época."

UM JOGO INESQUECÍVEL

"É difícil escolher. Não consigo recordar, porque são muitos jogos. Em termos coletivos, lembro-me de boas vitórias. O 2-4 em Alvalade, o 10-0 ao Nacional em casa [ambos em 2018/19]. Esse jogo é especial, porque foi de homenagem a Chalana, o Jonas até tirou a camisola no fim… Não consigo escolher um, foram muitos jogos, muito bonitos. Guardo grandes sensações. Podia ter escolhido um em que marquei, mas prefiro outros, porque o futebol é mais coletivo do que individual e prefiro escolher um jogo bonito em termos coletivos do que em termos individuais."

POLIVALENTE PARA AJUDAR A EQUIPA

"Foi algo que fui desenvolvendo, pela necessidade e pela vontade de ajudar. Lembro-me que, quando assinei, sabia que vinha para um clube imenso, onde nunca imaginei estar. No dia em que dei a minha primeira entrevista, a única coisa que prometi aos adeptos foi ajudar. Vinha para ajudar e, nesse sentido, onde a equipa precisava de mim, eu sempre tive essa vontade de ajudar. Por vezes, isso prejudicou-me, noutras ajudou-me, porque tive minutos. Tem coisas boas e más, mas a minha ideia era dar o meu melhor e ajudar a equipa."

O AMBIENTE DO JAMOR E UMA HISTÓRIA CURIOSA

"É um ambiente diferente. É muito popular. Parece que as pessoas vivem estes jogos de uma maneira diferente. Não sei se é por ser uma das competições mais antigas. O ambiente à volta do Estádio do Jamor é muito especial. Mesmo os jogos contra equipas que não são as ditas grandes revelam-se muito difíceis. É uma taça muito complicada de ganhar. A história que mais me vem à cabeça é a do Raúl Jiménez em que ele faz o 2-0 e coloca a máscara na cara [final da Taça de Portugal com o V. Guimarães em 2016/17]. Eu não sabia que ele tinha levado a máscara e foi um momento giro. Eles ainda reduziram para 2-1, mas a tarde foi sorridente para nós, apesar de chuvosa."

UMA SUPERTAÇA ÍMPAR… SEM JOGAR

"A Supertaça tem essa característica em que fazemos 34 jogos e só se pode jogar a Supertaça sendo Campeão ou ganhando a Taça de Portugal. Eu estive de fora [final da Supertaça de 2020, com o Sporting], não joguei, porque tinha a tíbia fraturada. Foi um jogo incrível, com golos para todos os gostos e foi uma exibição à Benfica."


"O futebol é isto, é os adeptos, é o golo e é a emoção à volta do jogo (...) Essa emoção e esse fervor fazem falta ao futebol"

OS ÚLTIMOS GOLOS PELO BENFICA

"[Último golo pelo Benfica] Foi o ano passado com o Trofense para a Taça de Portugal. Foi um momento delicado, vinha de lesão, ainda não tinha os índices físicos que sempre tive e foi um jogo especial nesse sentido. Fiz 120 minutos depois de uma paragem tão longa, estive envolvido em vários momentos do jogo, fiz várias posições dentro do jogo e acabei a marcar um golo. Foi um jogo importante para mim para dar um passo em frente."

"[Último golo pelo Benfica no Estádio da Luz] Foi contra o Helton [frente ao Boavista em 2019/20]. Lembro-me que ele veio dividir a bola comigo e brincava com ele, porque lhe dizia que tinha vindo contra a parede. Ele acaba por cair e eu, de um ângulo complicado, coloquei a bola na baliza."

JOGAR SEM ADEPTOS NA PANDEMIA

"O futebol é isto, é os adeptos, é o golo e é a emoção à volta do jogo. Parecendo que não, esse período sem os adeptos, apesar de mantermos o foco alto, acabámos por estar em ambiente que parecia de treino. Essa emoção e esse fervor fazem falta ao futebol e, para mim, só faz sentido assim."

FINAIS DA LIGA EUROPA SÃO A "MÁGOA MAIOR"

"É a mágoa maior que levo, mas é um sentimento bom ao mesmo tempo, porque chegámos às finais e é muito difícil chegar a uma final de uma competição europeia. Infelizmente, não as conseguimos trazer para o Museu, mas os Benfiquistas recordam-se dos jogos e sabem que o Benfica foi uma equipa dominante, à Benfica. Em ambos os jogos senti que o Benfica ia ganhar. Contra o Chelsea tivemos muitas oportunidades e perdemos aos 90'+2'. Soubemos reagir na época a seguir, conquistámos tudo e contra o Sevilha senti que íamos trazer a taça para casa, mas eles bateram-se bem, aguentaram-se até aos penáltis e, aí, é uma lotaria. Estou muito contente por esses dois trajetos até às finais. Foram muito bonitos e com muita competência."

A BATALHA DE TURIM

"Foi um jogo complicadíssimo. Ficámos reduzidos a nove jogadores quase no fim e aguentámos uma Juventus com tão bons jogadores: Pirlo, Pogba, Tévez... Jogadores de topo mundial, na casa eles, reduzidos a nove. Foi um ambiente bonito e difícil de controlar. Aí, o Benfica mostrou toda a sua raça e aguentou-se. Foi um jogo especial por isso. Não só pelo acesso à final, mas pelo que demonstrámos. Acabámos por perder alguns jogadores para a final."

REPRESENTAR AS ÁGUIAS NA EUROPA

"São sempre jogos muito especiais. A Liga dos Campeões é a maior competição do mundo. Ao longo destes anos, temos trajetos muito bonitos, chegámos quatro vezes aos quartos de final da Liga dos Campeões, que é uma competição dificílima, com clubes de topo. Na Liga Europa fica esse amargo por termos chegado tão longe duas vezes e não termos trazido nenhuma taça para este Museu. São duas competições muito bonitas."


"Vou levar o Benfica no coração, porque isto é um 'até já', vou continuar a ser Benfiquista e a ver os jogos"

FOI CAPITÃO MAIS DE 70 VEZES E GESTO INESQUECÍVEL

"Não tinha ideia que estava num lote tão restrito de capitães, mas é um sentimento especial chegar a um clube desta dimensão, chegar a capitão e ver os meus colegas olharem para mim como um exemplo e referência a seguir. Estou extremamente grato por tudo o que vivi aqui. Na altura nem associei bem, mas depois agradeci-lhe o gesto [de Otamemdi no jogo com o Arouca em 2021/22]. Nessa época, eu era o capitão e ele o subcapitão, mas durante o jogo não há esse habito de quem entra ficar com a braçadeira. Só no fim do jogo é que me apercebi do gesto dele Foi muito bonito e agradeci-lhe. Mostra a pessoa que ele é e o grupo que temos. Foi um momento especial para mim, porque, depois de uma lesão de tanto tempo, eu tinha as emoções todas à flor da pele. E ele teve esse pensamento de me ir entregar a braçadeira a meio do jogo. Foi um momento especial."

O "ATÉ JÁ" DE ANDRÉ ALMEIDA À SUA CASA

"Ser português e estar no meu clube... Não consigo expressar por palavras o que é estar lá dentro ao longo de tanto tempo, viver tantas alegrias e poder partilhá-las com a minha gente: a minha família, os meus companheiros, grandes amigos que fiz aqui e que vou levá-los para sempre. Poder festejar dentro das quatro linhas foi gratificante. Vou levar o Benfica no coração, porque isto é um 'até já', vou continuar a ser Benfiquista e a ver os jogos. Só não estou dentro das quatro linhas. Vou ajudar à minha maneira, vou continuar a estar presente. Isto não é um adeus, mas sim um até já, porque esta vai continuar a ser a minha casa."




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