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"Humano, solidário e humilde": emotivos depoimentos sobre Jaime Graça


 

 O Museu Benfica – Cosme Damião inaugurou nesta sexta-feira, 4 de fevereiro, a exposição temporária "Jaime Graça – Ao Serviço do Futebol". O espaço de história e cultura do Clube recorda o mestre como jogador, treinador, coordenador-técnico da Formação e, sobretudo, como homem, no ano em que se evoca o 80.º aniversário do seu nascimento.

No momento da justa homenagem, várias personalidades com ligações ao Benfica, que privaram de perto com o malogrado centrocampista e que muito aprenderam com ele, recordam-no em depoimentos emocionados e reveladores da sua "humildade", da capacidade de ser "solidário" e "amigo do seu amigo" e da sua faceta "humana fora do comum".

BRUNO LAGE, TREINADOR

Conhecer e crescer com Jaime Graça

"Foi por volta de 1998, ainda era estudante, mas já estava no futebol, porque era adjunto do míster José Rocha nos juvenis do V. Setúbal. Enquanto aluno do 4.º ano [da universidade] tinha de fazer um projeto que era a elaboração de uma escola de futebol. Certo dia estava em casa com o meu pai a ouvir uma rádio local de Setúbal quando ficámos a saber da ideia do míster Quinito em lançar uma escola de futebol. Disse ao meu pai que já tinha o meu projeto feito, o meu pai falou com o míster Quinito e surgiu a oportunidade de falar com ele. Quando fui falar com o míster Quinito, ele estava com o míster Jaime Graça. A partir daí nasce uma relação profissional que começou na escola de futebol do Quinito, passou pelo Fazendense e, finalmente, no Benfica."

"Foi com ele que comecei a minha aventura no futebol profissional, enquanto seu adjunto. A meio dessa época recebeu o convite para regressar ao Benfica. Em 2004, quando acontece a reformulação do Futebol Profissional com o António Carraça, surgiu essa oportunidade de entrar no Benfica no escalão de Escolas A. A importância, olhando para trás, foram 12 anos de convívio diário em vários contextos. Sou grato, porque treinei quase todas as equipas de Formação do Sport Lisboa e Benfica. São 12 anos de convívio diário com um excelente profissional e um homem fantástico. Foi uma aprendizagem imensa para a minha vida. Era um profissional de excelência. Foi um privilégio enorme, porque era uma pessoa com uma visão muito à frente e a sua carreira de treinador, com outras oportunidades, teria tido outra dimensão. Era um líder pela competência, pelo trabalho e pelo exemplo, e nós seguíamos isso quando trabalhávamos com ele."

"São 12 anos de convívio diário com um excelente profissional e um homem fantástico. Foi uma aprendizagem imensa para a minha vida"

Bruno Lage

A homenagem no 37.º título

"Estava focado em fazer a caminhada e acabar da melhor maneira diante do Santa Clara, e não tinha pensado em nada. Umas horas antes recebo a chamada do Pedro Marques, um grande amigo e que é técnico de equipamentos dos Juvenis do Benfica. Depois, ele dá-me um saco e diz-me: 'Abre só após o jogo.' Respeitei, fomos para o jogo, ganhámos… vou ao balneário, abro o saco e vejo a camisola [com o 37 e o nome Jaime Graça]. É uma justa homenagem por tudo, por mim, por ganhar o título com muitos miúdos da Formação e por ter jogado um 'futebol à Jaime Graça', de pé para pé. A camisola até era da Formação e tudo faz sentido, porque foi aí que tudo começou."

JOSÉ HENRIQUE, GLÓRIA DO CLUBE E TEAM MANAGER

Relação especial com o mestre

"Conheci o Jaime Graça no V. Setúbal e depois, em 1966, pessoalmente no Benfica. Entrei eu, ele e o Adolfo no Benfica, os três no mesmo dia. Era um grande jogador e um grande homem. Tinha sempre palavras de conforto para todos. Ninguém dizia mal do Jaime Graça. Foi uma perda muito grande, não só para o Benfica, mas também para o futebol português. No dia a dia fomo-nos conhecendo melhor e tornámo-nos amigos. Ia ter com ele a Setúbal, íamos à praça comprar peixe ou mesmo comer choco frito. O Jaime Graça sempre foi um amigo, e, mesmo depois de deixarmos de jogar futebol, mantivemo-nos no Futebol de Formação, ele como coordenador e eu como treinador de guarda-redes. Convivemos muitos anos em Lisboa e no Seixal. O Jaime Graça sempre serviu o Benfica com lealdade, amor à camisola. Tudo o que fez foi em prol do Benfica."

Sempre bem-disposto

"O Jaime Graça era muito brincalhão. Um dia estávamos em estágio em Oeiras e fomos brincar às escondidas. Eu, ele, o Eusébio e o senhor Mário Coluna. O nosso convívio era tão bom que até púnhamos o senhor Mário Coluna a brincar."

RENATO PAIVA, TREINADOR

Primeiro contacto com Jaime Graça

"Quando cheguei ao Benfica, conheci-o, porque ele estava como coordenador-técnico e era uma das pessoas importantes no scouting. Eu entrei para o Benfica pela via do scouting e prospeção. A partir daí lembro-me da primeira reunião em que conheci o míster Jaime Graça e nasceu uma relação profissional intensa, forte, diária, com muitas horas juntos, e que se aproximou muito com a relação com o míster Bruno Lage, depois de ele me convidar para seu adjunto nos Sub-16. Tornou-se numa relação de amizade, de grande carinho e admiração. Jaime Graça era inteligência e humildade. São as duas melhores palavras que o descrevem."

Campeão no Equador e homenagem

"Foi ele, com alguma coragem, que decidiu que eu ia ser o treinador dos Sub-14. Ele tinha mais certezas do que eu. Eu perguntei: 'Tenho pouca experiência, nunca fui treinador, vou-me estrear?' E ele respondeu: 'Já vi o que tinha a ver em relação ao trabalho de como vês o treino e o jogo. Estamos cá para ajudar.' Se era um sonho ser treinador e logo no meu clube, este senhor estava a abrir-me as portas. Quando alguém te marca desta forma na tua vida, esse alguém tem de ser muito importante na tua vida. Tenho memória. Gosto de me lembrar de onde vim, como vim… Hoje, se estou onde estou, devo-o ao míster Jaime Graça. Tenho orgulho de ter sido treinador do Sport Lisboa e Benfica durante 18 anos e que esse caminho tenha começado pela mão do míster Jaime. Tudo o que farei no futebol será para e por Jaime Graça."

NENÉ, GLÓRIA DO BENFICA E ASSESSOR DO FUTEBOL DE INICIAÇÃO

Primeiras recordações

"As primeiras recordações sobre o Jaime Graça é que era um atleta exemplar, que sabia muito quando estava em campo e ajudava os colegas a fazer golos. Ele era médio-centro. O Jaime Graça foi um exemplo de um atleta que jogava bem. Veio do V. Setúbal e encaixou-se muito bem no plantel do Benfica."

Respeitado por todos

"Todos os atletas reconheciam que Jaime Graça era diferente dos outros, e todos os jovens tinham muito respeito por ele."

RODRIGO MAGALHÃES, COORDENADOR-TÉCNICO DO FUTEBOL DE INICIAÇÃO

Primeira memória com um… visionário

"Foi na minha segunda vinda a Lisboa, numa espécie de entrevista de emprego. Passei a primeira triagem e na segunda estava o Jaime Graça, com António Carraça e Manuel Ribeiro. Trocámos impressões sobre como via o Futebol de Formação e se essa visão se enquadrava na perspetiva do Clube. O primeiro impacto foi o Jaime Graça sentar-se ao meu lado e dizer-me: 'Então, rapaz, tudo bem? Diz-me lá o que achas do Futebol de Formação, desde os mais novos até lá acima?' Estivemos algum tempo a falar e a debater algumas ideias. Facilmente, num diálogo com o Jaime Graça, percebíamos que a adaptação que teve às novas tecnologias e a forma como interagia com os computadores… era muito à frente na sua época. Por exemplo, estávamos a observar um jogo e ele, de repente, lembrava-se que tinha jogado com o Ajax que tinha um sistema semelhante e no outro dia aparecia com um bloco de notas com as suas próprias ilações e mostrava, com a sua opinião registada, por que razão tivemos ou não sucesso. Estávamos na presença de alguém ímpar no futebol nacional e até mesmo internacional. Era uma pessoa que olhávamos como um pai ou um avô no futebol e que não tinha problemas em dar a sua opinião sincera, frontal e com uma linguagem prática e acessível."

"Facilmente, num diálogo com o Jaime Graça, percebíamos que a adaptação que teve às novas tecnologias e a forma como interagia com os computadores… era muito à frente na sua época"

Rodrigo Magalhães

Respeitar e honrar o passado

"Temos de enaltecer este tipo de iniciativas [homenagem a Jaime Graça]. Estamos a falar do Jaime Graça, mas também para outros antigos jogadores que marcaram a história do nosso clube. Temos de honrar o nosso passado, porque aqueles que lutaram pelo Clube ajudaram a construir o que somos hoje, com princípios e valores. Um clube que não recorda e preserva o seu passado, as memórias daqueles que lutaram e muito deram ao Clube para que ele atingisse o patamar em que hoje se encontra, não faz sentido."

BRUNO MARUTA, DIRETOR DO FUTEBOL DE FORMAÇÃO

Jaime Graça, um líder humanista

"Recordo uma pessoa humana fora do comum. Recordo alguém que, nesta componente, para além da cultura geral, tinha um conhecimento acima da média na área do futebol e tinha uma grande abertura comigo e outros para a partilha de conhecimentos em função das vivências, com componente prática muito grande. Teve uma importância enorme, porque éramos muito novos e tínhamos conhecimentos teóricos. Ele, pelos seus conhecimentos e pelo que nos foi ensinando, teve uma importância muito grande para muitos recursos humanos que trabalhavam no Futebol de Formação. O conhecimento dele era muito abrangente na gestão de equipas e de jogadores, mas também no treino, na preparação do jogo. Tinha uma capacidade anormal para refletir. Foi um líder que nos influenciava a todos."

LUÍS ARAÚJO, TREINADOR DOS JUNIORES DO BENFICA

Recordar Jaime Graça…

"É recordar a minha entrada no Benfica, é recordar a pessoa que me acolheu, que me deu 'colo', me deu o caminho de sentir o Benfica. Foi a pessoa que me ajudou neste trajeto de 16 anos. É com grande saudade e orgulho que recordo o que partilhei e convivi com o míster Jaime Graça. Ele tinha uma grande sensibilidade para o jogo, para o jogador, para identificar as qualidades e o espaço a desenvolver em cada jogador. Ele ajudou-me muito, porque era sempre um suporte e as conversas com ele fizeram-me crescer muito para ver a realidade e exigência do que é o Benfica."

"Recordar a pessoa que me acolheu, que me deu 'colo', me deu o caminho de sentir o Benfica. Foi a pessoa que me ajudou neste trajeto de 16 anos"

Luís Araújo

Um suporte num episódio especial

"Estávamos nós a caminho da fase final do Campeonato Nacional de Iniciados, da geração de 1995, e tínhamos dois defesas-esquerdos com alguma capacidade, nomeadamente o Rebocho e o Rafael Almeida. E pensávamos sempre por que razão só jogava um. E o míster Jaime Graça foi a minha segurança para jogar com dois defesas-esquerdos no mesmo jogo e na mesma equipa. As coisas correram bem e fomos campeões com uma fase final fantástica."

HUMBERTO COELHO, GLÓRIA DO BENFICA

Um perfecionista que lia o jogo todo

"Recordações? São muitas e boas, porque o Jaime [Graça] era um bom profissional, um perfecionista e um bom jogador, não só tecnicamente, mas posicionalmente. Dentro de campo, ele lia o jogo e era extraordinário como se integrava em qualquer esquema tático e fazia a equipa rodar e jogar. São memórias ótimas, era um bom companheiro. Graças a ele, comprei uma loja em Setúbal e fiz um bom negócio. Era uma pessoa impecável. Dentro de campo foi um dos melhores médios que vi e tive muito prazer em jogar com ele."

Ajuda no posicionamento como defesa

"Ele era um patrão sem dar nas vistas. Alertava para situações durante o jogo que muitas vezes não estávamos a perceber, estávamos a olhar para outra coisa. Tanto que depois foi treinador no Benfica e todas as pessoas que trabalhavam com ele diziam-me que era extraordinário, tanto na componente física como tática. Ele tinha muito conhecimento do jogo. Eu era muito novo e ele ajudou-me imenso até no posicionamento como defesa, porque ele era médio, mas via o jogo todo."

ANTÓNIO BASTOS LOPES, GLÓRIA DO BENFICA

Sempre pronto a facilitar a evolução

"Era uma pessoa que dava tudo em prol do melhor para o Benfica. Comecei com o Jaime Graça quando subi dos Juniores e tenho de lhe agradecer por tudo o que fez por mim. Melhorei bastante na condução de bola, a receção e o passe, aspetos em que me ajudou. Tínhamos o Jimmy Hagan como treinador, e nesse tempo não havia tempo para treinos técnicos, só havia tempo para jogar e para estágios. O Jimmy Hagan queria que melhorasse no passe e na receção, e às vezes, no fim do treino, o Jaime Graça ficava comigo a fazer passe longo, curto e receção de bola."

Homenagem justa

"A homenagem é mais do que justa. Como coordenador-técnico no Benfica Campus partilhou aquela aprendizagem que tinha com vários treinadores que estão na berra. Lembro-me de Luís Nascimento, Bruno Lage e Renato Paiva. Ele era uma pessoa simples, aceitava as ideias dos outros e incentivava a irem em frente. Ele era um homem do povo que veio para o clube do povo: o Benfica."

LUÍS NASCIMENTO, TREINADOR

Observar um clássico no primeiro contacto

"Em 2005/06 tive a oportunidade de ir para o Benfica. Recordo-me que estava a decorrer a fase final de Juniores e o Jaime [Graça] disse ao meu irmão [Bruno Lage]: 'Gostava de conhecer melhor o teu irmão. Ele vem comigo fazer uma observação de um jogo de Juniores, o Sporting-FC Porto, em Alcochete.' Lá fomos, foi a primeira vez que tive um contacto mais pessoal e presente e deu para perceber a sabedoria do míster Jaime. Ele levou-me para fazer a observação, eu fiquei com o Sporting e ele com o FC Porto. Pediu-me um relatório para ver do que era capaz e pôs-me à prova. Com isto, nas entrelinhas, foi-me dando conselhos acerca das características dos jogadores. Recordo-me que o jogador em evidência no Sporting era o Nani, e ele disse-me: 'Daqueles todos, o que vai dar jogador é o Nani.' E eu pensava: 'O que será que ele está a ver que eu não vi?' É que o Nani não fez um grande jogo, mas o que é certo é que ele foi mesmo o que teve a carreira mais interessante. Foi o primeiro grande momento que tivemos juntos. Depois, foi a convivência e tive o privilégio de beber da sua experiência, sabedoria e amizade. Ele era uma pessoa muito prática e objetiva no que tinha para dizer. Fazia-o sem rodeios. Era o tipo de pessoa que qualquer instituição gosta de ter nos seus quadros, porque pensava pela sua cabeça e era assertivo."

"Ele era uma pessoa muito prática e objetiva no que tinha para dizer. Fazia-o sem rodeios. Era o tipo de pessoa que qualquer instituição gosta de ter nos seus quadros, porque pensava pela sua cabeça e era assertivo"

Luís Nascimento

Uma história curiosa com ajuda do mestre Jaime

"Há uma história que costumo contar às pessoas que trabalham comigo e que revela o que era parte mais prática e objetiva do míster Jaime. No meu primeiro ano com os Sub-15, com a geração de 1997, ele esteve muito presente até porque foi a minha primeira época. Recordo-me de uma situação curiosa, ainda na pré-época, em que estávamos a trabalhar esquemas táticos e as bolas paradas. Tínhamos ali movimentos definidos de timings de entrada e de ocupações de espaço. Ele estava a ver o treino e, naquela forma carismática de falar, disse: 'Ó rapaz, chega aqui!' Eu dei dois passos atrás para o ouvir e ele disse: 'Isso é tudo muito bonito. Esses movimentos de um entrar aqui e outro ali, os bloqueios…, mas se o jogador que vai bater o canto não conseguir meter lá a bola, isso não serve para nada. Primeiro tens de treinar o que bate o canto, e depois de perceberes onde é que ele mete a bola é que treinas os movimentos.' Isto é tão prático e verdadeiro, que nós temos tendência para complicar as coisas no início da carreira e passar para coisas mais complexas. Este é um pequeno exemplo."

 

JOSÉ AUGUSTO, GLÓRIA DO BENFICA

Amizade profunda entre "irmãos" da Outra Banda

"Tenho boas memórias dele. Para além de jogador, era um colega extraordinário. Falava pouco, mas quando o fazia, falava bem. Tenho imensas saudades, porque convivemos bastante tempo, e como jogador foi extraordinário, com muita inteligência no jogo. Tinha uma amizade profunda, era como um irmão. Era uma pessoa simples, mas bastante inteligente. Havia alturas em que lhe dizia: 'Passa aqui no Barreiro e leva-me, porque estou atrasado.' E ele cumpria com o que lhe pedia. Foi dos melhores colegas que tive, foram muitos com quem tive amizades profundas, mas o Jaime [Graça] era da Outra Banda [Margem Sul], e a Outra Banda era de Benfiquistas de coração."

TONI, GLÓRIA E ANTIGO TÉCNICO DO BENFICA

Jogador, treinador e mentor da formação

"O Jaime Graça foi, para mim, dos companheiros que melhor compreendiam o jogo. Isso levou, com a sua qualidade técnica e visão de jogo, a ser um dos médios mais inteligentes e da mais fina qualidade que conheci. Foi, ainda, como treinador, alguém que tinha dimensão para ser muito grande. Depois de jogador e treinador, foi um homem muito importante, porque foi o mentor do Futebol de Formação do Benfica, juntamente com outros homens como Nené, José Henrique, Bastos Lopes… Muitos ficaram ligados à Formação, mas o grande mentor, para mim, é Jaime Graça. Quando vemos treinadores novos, como Bruno Lage e Renato Paiva, a fazerem homena



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