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Perdão Restaurador

“Nada Pode Rebaixar Tanto um Homem Quanto Ele se permitir decair a ponto de odiar alguém”

Importado dos Estados Unidos, o programa conhecido como Justiça Restaurativa está sendo cada vez mais adotado no Brasil. Ele coloca frente a frente vítimas, ou familiares, e respectivos criminosos. Para quê? Responde o juiz Leoberto Brancher, no programa Fantástico: “É um mecanismo privilegiado que dá ao infrator uma visão mais clara das conseqüências, da repercussão do ato que ele praticou. Para a vítima, é uma oportunidade de extravasar a carga emocional vivida pelo evento e com isso alcançar certo alívio com relação a essa experiência.”

Mas, a idéia tem seu lado polêmico. Para algumas pessoas, uma experiência como essa significa mais combustível para intensificar a dor, já no limite do insuportável. Outras dizem encontrar nela o alívio para um fardo odioso, embora se neguem a declarar perdão. E há quem perdoe. Esse foi o caso de certa mãe que falou com o jovem, amigo da família, que matou e enterrou a filha dela no quintal de um vizinho. “Eu precisava olhar no olho dele”, disse ela. “Ele mesmo é o juiz dele. Ele se culpa dia a dia pelo que aconteceu. Por isso fiz o que fiz: olhei-o e o perdoei.” “Quando você perdoa, tudo muda na vida. Aquele ódio que eu tinha acabou”, disse um pai, referindo-se ao encontro com os assassinos do filho.

Perdoar nem sempre é fácil, especialmente em tais circunstâncias, mas precisamos fazê-lo. Em primeiro lugar, porque nós mesmos necessitamos ser perdoados. E, ao ensinar a oração do “Pai Nosso”, tão familiar aos cristãos, Jesus Cristo deixou claro que o perdão que pedimos está vinculado ao que oferecemos a outros: “Perdoa as nossas ofensas, como também nós perdoamos os que nos ofenderam” (Mateus 6:12, BLH). Quando fazemos esse pedido, de fato, estamos dizendo: “Deus, trata-me como tenho tratado as pessoas”. E se isso é pouco, veja esta declaração: “Porque, se perdoarem as ofensas dos outros contra vocês, o Pai que está no Céu também perdoará vocês. Mas, se não perdoarem os outros, o Pai também não perdoará as ofensas de vocês” (Mateus 6:14, 15).

Em segundo lugar, o perdão beneficia muito mais o doador. Ele é oferecido a alguém que não o merece. Como argumenta Ray Pritchard, em seu livro O poder Terapêutico do Perdão, é uma escolha que fazemos no sentido de libertar os outros das ofensas cometidas contra nós, para que nós mesmos sejamos libertos do ciclo de amargura que nos prende ao passado, libertando-nos para o futuro. Isso restaura a saúde emocional, além de nos igualar a Deus em Sua manifestação de misericórdia para com os rebeldes do mundo. Aliás, pendendo da cruz, Cristo orou em favor de Seus algozes: “Pai, perdoa essa gente. Eles não sabem o que estão fazendo” (Lucas 23:34).

Desde a infância, Martin Luther King sofreu os rigores da discriminação racial. Seu filho, Martin Luther King Jr., abraçou sua causa em favor dos direitos civis dos negros e foi assassinado em 1968. Um ano depois, outro filho de King morreu afogado em uma piscina. Em 1974, novo golpe: sua esposa foi abatida sob uma saraivada de tiros disparados por um jovem, enquanto tocava piano em pleno culto de sua igreja.

Perto de morrer em 1984, aos 84 anos, o velho King refletiu sobre a própria vida, a causa pela qual lutou e as perdas experimentadas. E disse: “Há dois homens que eu deveria odiar. Um deles é branco, o outro é negro, e os dois estão cumprindo pena por homicídio. Não odeio nenhum dos dois. Não há tempo para isso; também não há razão. Nada pode rebaixar tanto um homem quanto ele se permitir decair a ponto de odiar alguém.”


PR ZINALDO A. SANTOS

Jornalista formado pela Universidade Metodista de Piracicaba (UNIMEP) e com mestrado em Teologia pelo UNASP, atua na Casa Publicadora Brasileira como Editor da revista Ministério e editor associado da Vida e Saúde.


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