O Dia do Bem-Estar Digital é como um movimento global que dissemina boas práticas para uma relação saudável com a tecnologia.

A data nasceu de um esforço coletivo que teve raiz em 2018, quando a Apple lançou recursos no seu sistema operacional para reduzir interrupções e gerenciar o tempo de tela dos usuários.

A ferramenta ScreenTime, em especial, fornece informações sobre como as pessoas usam cada aplicativo, e a proposta é que elas se conscientizem sobre possíveis excessos.

A situação despertou o interesse em organizar uma associação pelo bem-estar digital com foco em educação, pesquisa e métricas para gerar uma cultura digital mais positiva. Em março de 2020, o coletivo se reorganizou no formato do Instituto do Bem-Estar Digital, que lançou também o Dia do Bem-Estar Digital.

Segundo Carla Furtado, mestre e doutoranda em psicologia pela Universidade Católica de Brasília, a data lança luz sobre saúde mental e trabalho, plataformas de assistência psicológica e redução de fatores estressores. "A hiperconexão digital é um deles", diz ela, que é diretora do Instituto Feliciência.

Sabemos com rigor científico que existe uma correlação entre consumo de telas e transtornos mentais e comportamentais, especialmente o transtorno de ansiedade generalizada. A cultura do 'sempre online' gerou um novo fenômeno, o folo (fear of logging off, ou medo de se desconectar). Entendamos esse medo como uma ansiedade relacionada à desconexão. Carla Furtado, diretora do Instituto Feliciência

O que é bem-estar digital?

De acordo com o movimento, bem-estar digital é o ótimo estado de saúde, realização pessoal e satisfação social que cada indivíduo que usa a tecnologia é capaz de alcançar. Essa relação saudável com a tecnologia seria um estilo de vida que promove bem-estar integrado entre corpo, mente e espírito.

Para alcançar esse equilíbrio, o instituto que lançou a proposta desenvolveu uma abordagem que ajuda as pessoas a se conscientizarem sobre o uso da tecnologia, aproveitarem os benefícios dela e evitarem os danos associados.

Segundo a entidade, há oito conceitos para o bem-estar digital:

Produtividade: melhorar o foco, manejar distrações e equilibrar vida pessoal e profissional.

Ambiente: otimizar os espaços de trabalho, a ergonomia, usar filtros de luz azul e promover o minimalismo digital.

Comunicação: ter cultura digital, equilibrar e colocar limites entre vida e tecnologia.

Relacionamentos: ter apoio social, senso de conexão e comunidade, fazer interações significativas.

Saúde mental: atentar-se para o uso passivo e intencional da tecnologia, promover autocuidado e ficar períodos longe das telas.

Saúde física: envolve sono de qualidade, saúde dos olhos e fazer pausas para levantar e movimentar o corpo.

Saúde viabilizada pela tecnologia: como gamificação de atividades físicas, alertas de saúde e dispositivos como smartwatches que apresentam métricas de saúde.

Cidadania digital: promover segurança e privacidade, ativismo digital e consumo consciente da tecnologia.

Como funciona na prática?

Carla Furtado dá três dicas para melhorar nossa relação com a tecnologia:

1. Desativar notificações de redes sociais, aplicativos de mensagens instantâneas e e-mails.
2. Estabelecer frequência e horários de verificação de mensagens e redes sociais.
3. O ideal é permanecer desconectado por 12 horas sequenciais diariamente. Comece se desconectando durante o sono, ou seja, mantendo o celular desligado e distante da cama --já serão cerca de 8 horas. Adicione a isso ao menos uma hora antes de deitar e uma hora após levantar. Já serão 10 horas de desconexão contínua.

Para usar as redes sociais e a tecnologia de forma moderada e saudável, é importante entender que:

A vida digital é diferente da vida real. O mundo perfeito não existe e o que é publicado em uma rede social é uma pequena parcela da realidade de um dia inteiro. Assim, não se compare com vida alheia.

O agora é relevante. Quando estiver na roda de amigos ou em momentos de curtição e lazer, evite se preocupar e se prender nas redes sociais. Aproveite o momento presente.

Há vida além do digital. Busque outras atividades para preencher seu tempo, como atividade física, leitura, cinema, um passeio ou qualquer outra prática de que goste.