Get Even More Visitors To Your Blog, Upgrade To A Business Listing >>

O celibato obrigatório do clero é bíblico?


Em primeiro lugar, é necessário deixar claro que o que será refutado aqui não é o “celibato” em si, mas sim o celibato obrigatório, que é a imposição de celibato para alguém que quiser ser sacerdote na igreja. O celibato em si é respeitável; Paulo foi celibatário assim como João Batista, mas o eram por opção e não por imposição ou obrigação. Nas igrejas evangélicas e nas ortodoxas o celibato também é opcional; o pastor ou padre se casa se quiser, permanece solteiro se achar melhor. Não há um pré-requisito de celibato para ser ordenado ou para continuar exercendo a função. O mais importante a mostrarmos logo de cara é que na Bíblia NUNCA há qualquer imposição de celibato para ser sacerdote; pelo contrário, vemos os sacerdotes, via de regra, possuindo esposa.


Era assim desde os tempos do Antigo Testamento, quando os sacerdotes e líderes religiosos do povo costumavam viver casados com sua mulher. Moisés era casado (Êx 4:25), assim como Arão (1Cr 24:1), os levitas (Jz 20:4) e profetas (cf. Ez 24:18). Nem mesmo para o cargo máximo de “sumo sacerdote” havia a necessidade de ser celibatário. O mais curioso de tudo isso é que no Antigo Testamento havia diversas imposições para o sacerdócio que são desnecessárias hoje, como, por exemplo, o fato de que eles não podiam raspar a cabeça (Ez.44:20), nem deixar o cabelo comprido (Ez.44:20), nem podiam beber vinho ao entrarem no átrio interior (Ez.44:21), entre outras restrições que chegaram ao fim com o Novo Testamento, mas nada de celibato obrigatório. Ou seja, nem na época marcada por fortes restrições aos sacerdotes havia a imposição de um celibato.

Ao chegarmos ao Novo Testamento, vemos regras impondo as condições para ser um sacerdote, mas nenhuma atrelada a uma condição celibatária. Paulo aborda este assunto em duas ocasiões, em 1ª Timóteo 1:-7 e em Tito 1:6-9, e em nenhuma delas impõe o celibato como condição:

1ª Timóteo 3
1 Esta afirmação é digna de confiança: se alguém deseja ser bispo, deseja uma nobre função.
2 É necessário, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma só mulher, sóbrio, prudente, respeitável, hospitaleiro e apto para ensinar;
3 não deve ser apegado ao vinho, nem violento, mas sim amável, pacífico e não apegado ao dinheiro.
4 Ele deve governar bem sua própria família, tendo os filhos sujeitos a ele, com toda a dignidade.
5 Pois, se alguém não sabe governar sua própria família, como poderá cuidar da igreja de Deus?
6 Não pode ser recém-convertido, para que não se ensoberbeça e caia na mesma condenação em que caiu o diabo.
7 Também deve ter boa reputação perante os de fora, para que não caia em descrédito nem na cilada do diabo.

Além de não ter mencionado que “deve ser celibatário” para ser um bispo, Paulo ainda afirma claramente que eles poderiam contrair matrimônio, pois o verso 2 diz que deve ser “marido de uma só mulher”, e o verso 4 que “deve governar bem sua própria família”, e para não deixar nenhuma margem de dúvida de que esta família inclui esposa e filhos, complementa dizendo: “tendo os filhos sujeitos a ele”. Como vemos, os únicos requisitos para ser sacerdote tinham relação com questões de ordem moral e qualificação para ensino, o que incluía ser “marido de uma só mulher”, o que implica que a única coisa proibida era a poligamia, e não o próprio matrimônio. É preciso ser um monstro na arte da ignorância e da desonestidade para não perceber isso.

Como se não bastasse, Paulo aborda a mesma questão fundamental no outro texto de Tito 1:6-9, onde igualmente não impõe celibato nenhum e ainda cita novamente o ser “marido de uma só mulher” e ter “filhos crentes”:

Tito 1
6 É preciso que o presbítero seja irrepreensível, marido de uma só mulher, e tenha filhos crentes que não sejam acusados de libertinagem ou de insubmissão.
7 Por ser encarregado da obra de Deus, é necessário que o bispo seja irrepreensível: não orgulhoso, não briguento, não apegado ao vinho, não violento, nem ávido por lucro desonesto.
8 É preciso, porém, que ele seja hospitaleiro, amigo do bem, sensato, justo, consagrado, tenha domínio próprio
9 e apegue-se firmemente à mensagem fiel, da maneira como foi ensinada, para que seja capaz de encorajar outros pela sã doutrina e de refutar os que se opõem a ela.

Diante disso, é incontestável que não havia qualquer imposição de celibato para ser sacerdote, nem restrição aos que já foram ordenados; ao contrário, há apenas admoestações para cuidar bem da família, ter filhos obedientes e uma só esposa e não mais. Se Paulo fosse católico romano, não teria dito para o bispo ser “marido de uma só mulher”, mas sim “marido de mulher nenhuma”, pois teria que ser solteiro e casto para o resto da vida.

O caso mais interessante é, por ironia, o do suposto “primeiro papa” da Igreja, Pedro, que era casado:

“Entrando Jesus na casa de Pedro, viu a sogra deste de cama, com febre” (Mateus 8:14)

Para resolver este problemão, os apologistas católicos criaram a tese de que essa esposa já era falecida, ou seja, literalmente mataram a esposa de Pedro! O que eles usam para apoiar essa tese? Dizem que a esposa de Pedro não estava ali, porque o texto afirma que a sogra que foi curada começou a servir a Cristo (Mt 8:15), e então ao invés de concluírem que a esposa estava fora, ou fazendo outra coisa, ou servindo também (pois o texto não diz que ninguém além da sogra servia, só diz que a sogra passou a servir), concluem o mais pitoresco: que ela morreu! Tomara que nenhum apologista católico me visite, pois se não me encontrar em casa é capaz de espalhar que eu morri também. E o mais cômico disso tudo é que eles não tomam isso como especulação ou hipótese, mas como fato, pois só assim podem salvar a crença no celibato obrigatório!

Há até um site de apologistas católicos bem conhecido que diz que a esposa de Pedro já havia morrido mas a sogra continuava sendo sogra mesmo assim, pois, segundo eles, “uma vez sogra, sempre sogra”. Então fique esperto, pois se você já teve quatro mulheres na vida, você continua tendo quatro sogras! Para eles não existe “ex-sogra”; a sogra é indestrutível independentemente se há matrimônio entre você e a filha dela ou não. E eu que pensava que uma sogra já era demais...

Como se não bastasse matarem a esposa de Pedro sem nenhum fundamento e ainda perpetuarem a sogra, outros inventaram o mais surreal: que Pedro abandonou a esposa para seguir a Cristo! Só há um probleminha com isso: Paulo diz que “se alguém não cuida de seus parentes, e especialmente dos de sua própria família, negou a fé e é pior que um descrente” (1Tm 5:8). Portanto, para o lixo esse argumento. E para o desespero geral de todos eles, os Pais da Igreja mais antigos atestavam que Pedro não apenas continuou casado e vivendo com sua esposa que não morreu, mas que também permaneceu com ela até o martírio!

Eusébio (263-339), citando Clemente de Alexandria (150-215):

“Ou também vão desaprovar os apóstolos? Porque Pedro Felipe criaram filhos... conta-se, pois, que o bem-aventurado Pedro, quando viu que sua própria mulher era conduzida ao suplício, alegrou-se por seu chamamento e seu retorno para casa, e gritou forte para animá-la e consolá-la, chamando-a por seu nome e dizendo: ‘Oh, tu, lembra-te do Senhor!’” (História Eclesiástica, Livro III, 30:1-2)

A esposa de Pedro que os apologistas católicos trataram de matar antes que causasse algum dano à fé deles, na verdade viveu até ser martirizada pela sua fé!

Note que no texto em questão, Clemente atesta que os apóstolos também eram casados. Ele estava provavelmente parafraseando 1ª Coríntios 9:5, texto este em que Paulo diz:

“Não temos nós o direito de levar conosco uma esposa crente como fazem os outros apóstolos, os irmãos do Senhor e Pedro?”(1ª Coríntios 9:5)

A polêmica gira em torno dessa expressão “esposa crente”, que as versões católicas costumam traduzir por “mulher irmã” para tirar o peso da frase. Ocorre que no grego não havia palavra para distinguir “mulher” e “esposa”, era sempre a mesma palavra gune que era utilizada, que de acordo com a Concordância de Strong significa:

1135 γυνη gune
provavelmente da raíz de 1096; TDNT - 1:776,134; n f
1) mulher de qualquer idade, seja virgem, ou casada, ou viúva.
2) uma esposa.
2a) de uma noiva.

Ela é usada em todos os textos que tratam indiscutivelmente de esposa, como por exemplo em 1ª Coríntios 7:3 – “o marido deve cumprir os seus deveres conjugais para com a sua mulher (gune), e da mesma forma a mulher (gune) para com o seu marido” e em 1ª Coríntios 7:11 – “e o marido não se divorcie da sua mulher (gune)”. Até hoje, mesmo em um idioma no qual existe palavra específica para “esposa”, ainda continuamos usando com frequência a palavra “mulher” no sentido de “esposa”. Por exemplo, se eu dissesse que “vou à igreja com a minha mulher”, ninguém ficaria na dúvida se eu iria com uma irmã ou uma amiga, todos saberiam que se trata da esposa. Se é assim hoje em dia, quanto mais na época do grego koiné, quando a única palavra para designar a esposa era gune, “mulher”.

Como então sabemos se os textos estão falando apenas de uma mulher, ou realmente da esposa? É sempre o contexto que esclarece isso. No caso de 1ª Coríntios 9:5, está perfeitamente claro que se trata mesmo de uma esposa, e não de uma outra mulher, pois Paulo está reivindicando para si e para Barnabé o direito de levar a esposa nas viagens como faziam os outros apóstolos, direito este que ele abria mão. Não faz absolutamente sentido algum dizer que neste texto a “mulher” é uma mulher qualquer, como uma amiga, uma mulher da igreja ou coisa do tipo, porque ninguém sai em particular com uma mulher específica levando-a para todos os lugares que não seja a sua companheira (esposa), a não ser que a friendzone seja forte.

E se o próprio Senhor Jesus era acompanhado por mulheres em seu ministério (Lc 23:55), por que Paulo não usaria como exemplo o próprio Cristo? E por que levar uma mulher em viagem seria algo tão importante assim a ponto de ter que dizer que poderia reivindicar esse direito, e ainda citar o exemplo dos apóstolos e dos irmãos de Jesus? O que há de tão especial em andar acompanhando de mulheres comuns? E ainda faz questão de citar nominalmente Pedro no fim do verso, que, como vimos, era casado, e não iria ficar andando em particular em todo lugar por aí com uma outra mulher que não fosse a sua própria esposa, e era certamente um exemplo bem conhecido.

Está na cara que Paulo estava mesmo falando de esposa, que os apóstolos e irmãos de Jesus tinham e levavam consigo em seu ministério, mas ele e Barnabé abriam mão desse direito. No mínimo o texto seria absurdamente estranho se estivesse falando de uma mulher qualquer que não fosse uma esposa. O sentido do que Paulo estava dizendo é simples: “Os apóstolos e irmãos de Jesus são casados, levam suas companheiras consigo no ministério, eu e Barnabé também poderíamos exercer esse direito caso quiséssemos, mas abrimos mão disso”. É um texto simples pelo contexto, sendo preciso fazer um esforço monstruoso para não entender.

Ele não apenas prova que os apóstolos e irmãos de Jesus eram casados (o que além de tudo ainda prova que os irmãos de Jesus não eram seus discípulos, como dizem os católicos), mas também que este era um direito que os apóstolos tinham, o qual podia ser utilizado ou não. É este o ponto em questão: embora o casamento seja um direito que os sacerdotes têm, ninguém é obrigado a usufruí-lo; as pessoas são livres para decidir se preferem se casar ou permanecer solteiras. Não existe o “celibato obrigatório”, o que existe é a opção de escolher ser celibatário ou não, simples assim. A Bíblia inclusive diz que o evangelista Filipe, um dos sete primeiros diáconos, “tinha quatro filhas virgens, que profetizavam” (At 21:8-9). Eu presumiria que ele era casado, mas não vou falar nada, senão os apologistas católicos vão matar a esposa dele também.

O texto bíblico mais usado (e, consequentemente, mais distorcido) pelos papistas no apoio à noção do celibato obrigatório é o capítulo de 1ª Coríntios 7, que é um prato cheio para tirar textos do contexto e impor a ideia de um celibato forçado. Os textos mais (mal) usados no capítulo são esses:

“Gostaria que todos os homens fossem como eu; mas cada um tem o seu próprio dom da parte de Deus; um de um modo, outro de outro” (1ª Coríntios 7:7)

“Gostaria de vê-los livres de preocupações. O homem que não é casado preocupa-se com as coisas do Senhor, em como agradar ao Senhor. Mas o homem casado preocupa-se com as coisas deste mundo, em como agradar sua mulher, e está dividido. Tanto a mulher não casada como a virgem preocupam-se com as coisas do Senhor, para serem santas no corpo e no espírito. Mas a casada preocupa-se com as coisas deste mundo, em como agradar seu marido” (1ª Coríntios 7:32-34)

Duas coisas decisivamente importantes merecem ser destacadas aqui. A primeira é que em momento nenhum neste capítulo Paulo se dirige especificamente ou exclusivamente aos sacerdotes. Nenhum momento. Ao contrário, basta ler o capítulo por inteiro que qualquer um constatará que as instruções de Paulo são aos crentes da igreja de Corinto em geral, não ao clero em específico. Note que no primeiro verso em questão (o de 1Co 7:7) Paulo diz que gostaria que “todos os homens” fossem como ele, e não só os sacerdotes e líderes religiosos, e no segundo verso ele não cita apenas o exemplo dos homens, mas também das mulheres, que no catolicismo nem mesmo podem ser ordenadas ao ministério sacerdotal. Isso significa que mesmo se estes versos impusessem o celibato, ele seria uma imposição universal, não apenas clerical, o que além de ser um completo devaneio ainda implicaria na extinção automática dos cristãos. Como vimos, quando Paulo se dirige especificamente aos sacerdotes, ele ignora e rejeita completamente a noção de celibato como imposição ao clero (1Tm 1:1-7; Tt 1:6-9).

A segunda coisa importante que precisa ser observada é que em momento nenhum no capítulo, nem mesmo nestes versos tirados de contexto, Paulo apóia a ideia de celibato obrigatório. No máximo o que ele faz é colocar o celibato como uma condição mais louvável que o matrimônio, mas sempre deixando as duas opções em aberto, jamais forçando alguém a optar pela primeira em detrimento da segunda. Por isso, logo após dizer que gostaria que todos os homens fossem solteiros como ele, acrescenta que mas cada um tem o seu próprio dom da parte de Deus; um de um modo, outro de outro” (1Co 7:7), e em todo o capítulo deixa perfeitamente claro que o matrimônio é uma opção legítima, e de modo algum algo errado ou proibido a quem quer que seja. Por exemplo, ele fala da relação sexual entre marido e mulher e diz que é uma concessão, ou seja, algo permitido, não uma coisa proibida:

“A mulher não tem autoridade sobre o seu próprio corpo, mas sim o marido. Da mesma forma, o marido não tem autoridade sobre o seu próprio corpo, mas sim a mulher. Não se recusem um ao outro, exceto por mútuo consentimento e durante certo tempo, para se dedicarem à oração. Depois, unam-se de novo, para que Satanás não os tente por não terem domínio próprio. Digo isso como concessão, e não como mandamento (1ª Coríntios 7:4-6)

A vida matrimonial não era um “mandamento”, ou seja, uma obrigação, mas algo opcional. O celibato não era proibido, mas muito menos era obrigatório, o que faria do matrimônio menos que uma “concessão”, e tornaria o próprio celibato um “mandamento”.

E Paulo continua:

“Digo, porém, aos solteiros e às viúvas: é bom que permaneçam como eu. Mas, se não conseguem controlar-se, devem casar-se, pois é melhor casar-se do que ficar ardendo de desejo” (1ª Coríntios 7:8-9)

Paulo diz aos solteiros que “é bom” que permaneçam solteiros como ele, e não que “é obrigado” que assim permaneçam. Entre uma coisa e outra há uma diferença monumental. E logo em seguida diz que podem se casar, que se casar é melhor do que arder de desejo, etc. O celibato nunca é imposto em momento nenhum, nem aos que ainda eram solteiros, nem aos que já eram casados. Depois disso Paulo orienta os casados a permanecerem com suas esposas (1Co 7:10-13), e então volta a orientar os solteiros, dizendo:

“Mas, se vier a casar-se, não comete pecado; e, se uma virgem se casar, também não comete pecado. Mas aqueles que se casarem enfrentarão muitas dificuldades na vida, e eu gostaria de poupá-los disso” (1ª Coríntios 7:28)

Mais uma vez, Paulo não impõe o celibato em momento nenhum, apenas aconselha isso em função das dificuldades que os casados teriam na vida (e ainda mais em Corinto, cidade conhecida na época por sua notória imoralidade), mas deixa perfeitamente claro que poderiam se casar, que isso não seria um pecado. Tirar 1ª Coríntios 7 do contexto para impor o celibato obrigatório da Igreja Romana não é apenas uma distorção do sentido do capítulo, mas uma vergonha, um vexame, um disparate quase criminoso diante da clareza com a qual o apóstolo refuta essa ideia. Primeiro teriam que avisar que as instruções de Paulo se dirigiam a todos os cristãos de Corinto e não só ao clero, e depois teriam que dizer que nem assim Paulo exigia o celibato ou proibia o casamento. O que vai além disso é manipulação bíblica e eisegese pura e gratuita.

Outro texto vergonhosamente distorcido pelos papistas para apoiar o celibato obrigatório é o de Apocalipse 14:4, aqui apresentado dentro de seu contexto:

“Então olhei, e diante de mim estava o Cordeiro, de pé sobre o monte Sião, e com ele cento e quarenta e quatro mil que traziam escritos na testa o nome dele e o nome de seu Pai. Ouvi um som do céu como o de muitas águas e de um forte trovão. Era como o de harpistas tocando suas harpas. Eles cantavam um cântico novo diante do trono, dos quatro seres viventes e dos anciãos. Ninguém podia aprender o cântico, a não ser os cento e quarenta e quatro mil que haviam sido comprados da terra. Estes são os que não se contaminaram com mulheres, pois se conservaram castos e seguem o Cordeiro por onde quer que ele vá. Foram comprados dentre os homens e ofertados como primícias a Deus e ao Cordeiro. Mentira nenhuma foi encontrada em suas bocas; são imaculados” (Apocalipse 14:1-5)

Distorcer este texto dentro de uma figura apocalíptica interpretando-o literalmente é uma atitude tão obscena que até o próprio Sr. Obsceno, Cris Macabesta, admitiu isso em vídeo recente sobre o Apocalipse, refutando seus próprios colegas papistas que afirmam que esse texto prova o celibato (está logo no começo deste vídeo, vejam antes que ele tire do ar), confirmando que este texto não tem nada a ver com celibato. Na verdade é o mesmo erro infantil e amador de quem quer “refutar” o mortalismo citando as “almas debaixo do altar” de Apocalipse 6:9-11 (veja a refutação aqui), que consiste em literalizar figuras de linguagem apocalípticas, de um livro essencialmente simbólico e não literal.

No texto em questão, em vez de impor a falsa noção de que praticar sexo com mulheres seja “contaminação” e que só sendo celibatário é que se pode ser “puro” (o que contraria o texto de Paulo que já vimos, onde ele diz explicitamente que se casar e ter uma vida matrimonial NÃO é pecado), o que João estava dizendo nessa figura é sobre a contaminação com falsas igrejas, que é o que representa a figura da “mulher” (ou, neste caso, as “mulheres”). Não é o sexo dentro do casamento que contamina o homem, mas as falsas doutrinas sim.

Por fim, distorcem também o texto em que Jesus fala dos eunucos em Mateus 19:11-12:

“Nem todos têm condições de aceitar esta palavra; somente aqueles a quem isso é dado. Alguns são eunucos porque nasceram assim; outros foram feitos assim pelos homens; outros ainda se fizeram eunucos por causa do Reino dos céus. Quem puder aceitar isso, aceite’” (Mateus 19:11-12)

Mais uma vez, não há absolutamente nada neste texto impondo a ideia de celibato obrigatório. “Se fazer eunuco por causa do Reino dos céus” é uma opção livre, e não uma coerção ou imposição para se tornar sacerdote. Na verdade, o texto nem fala de sacerdotes. Os que nascem eunucos ou são feitos assim pelos homens não são os celibatários, mesmo porque não teria sentido nenhum Jesus dizer que alguns nascem celibatários, mas sim a alguém naturalmente incapacitado por defeitos físicos, ou castrado pelos homens, como ocorria frequentemente na época. Estes eram os "eunucos". Isso também não tem nada a ver com o celibato do clero, muito menos com celibato obrigatório.

Fica assim provado que:

• Não há absolutamente nenhuma imposição de celibato obrigatório na Bíblia. O celibato era opcional para os sacerdotes do Antigo Testamento (geralmente casados), opcional para os apóstolos, opcional para os evangelistas, opcional para os irmãos de Jesus, opcional para os bispos e presbíteros, opcional para os crentes de Corinto; opcional, enfim, para todos nós cristãos até hoje.

• Pedro era casado e, de acordo com os Pais da Igreja, continuou com sua esposa até o martírio dela.

• Os apóstolos e irmãos do Senhor também eram casados.

• De todos os textos que prescrevem os requisitos para ocupar o episcopado, nenhum impõe o celibato; pelo contrário, deixam claro que pode ser marido de uma só mulher e ter filhos obedientes.

• Os textos usados pelos papistas são distorções ridículas e grosseiras que deturpam grotescamente os textos, os quais ou não falam nada de celibato obrigatório, ou falam o contrário.

Mas antes que algum romanista furioso conteste batendo os pés e insistindo que o celibato obrigatório está na Bíblia, tenho que admitir: está sim, em 1ª Timóteo 4:1-3, que diz:

"Eis que nos últimos dias alguns apostatarão da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios, pela hipocrisia de homens que falam mentira e tem cauterizada a própria consciência, que proíbem o casamento...”(1ª Timóteo 4:1-3)

Agora sim os papistas podem dizer que o celibato obrigatório é “bíblico”. O único versículo da Bíblia que fala em proibir o casamento é, ironicamente, um que associa isso a demônios e a gente hipócrita e mentirosa com a mente cauterizada. Isso explica muita coisa...

Paz a todos vocês que estão em Cristo.

Por Cristo e por Seu Reino,
Lucas Banzoli (www.facebook.com/lucasbanzoli1)


-Meus livros:

A Lenda da Imortalidade da Alma

Em Defesa da Sola Scriptura

A História não contada de Pedro


- Veja uma lista de livros meus clicando aqui.


- Confira minha página no facebook clicando aqui.


- Acesse meu canal no YouTube clicando aqui.



-Não deixe de acessar meus outros blogs:


LucasBanzoli.Com (Um compêndio de todos os artigos já escritos por mim)



This post first appeared on Heresias Católicas, please read the originial post: here

Share the post

O celibato obrigatório do clero é bíblico?

×

Subscribe to Heresias Católicas

Get updates delivered right to your inbox!

Thank you for your subscription

×