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"O Catequista" enaltece comunista, glorifica assassina e dissemina fantasia


“O Catequista” é um blog de apologética católica que eu não costumo mencionar aqui, porque literalmente está mais para um blog de “humor católico” com considerações rasas e superficiais que não chegam nem a ser argumentos do que propriamente para um “site de apologética”, e eu não duvido que até Eles mesmos se considerem assim. Mesmo assim, é bom mostrarmos o nível que esses apologistas conseguiram chegar no grau máximo e supremo da distorção histórica, arte na qual eles são profissionais (além do humor, é claro).

O artigo trata-se do "homem que não vendeu sua alma", referindo-se a Thomas More. Ou melhor, “São” Thomas More, já que ele virou “santo” por uma única razão: ter sido executado a mando de Henrique VIII, que o site (assim como quase todos os outros de apologética católica) falsamente alega ter sido um rei protestante, fraude essa que eu já desmascarei neste artigo. O engraçado é que Henrique VIII assassinou milhares de protestantes por “heresia”, e quanto a estes nada é dito, muito menos que sejam “santos”. Ao contrário, são tratados como hereges satânicos que mereciam morrer. Mas com Thomas More é diferente, afinal, era católico fiel a Roma, então sua morte é um passaporte de santidade direto ao Céu.

Mas, afinal de contas, quem foi Thomas More?

More era o chanceler do Reino de Henrique VIII, mas ficou conhecido mundialmente por sua famosa obra “Utopia”, que você provavelmente já deve ter pelo menos ouvido falar. A Utopia era o livro mais famoso da época (MAUROIS, 1959, p. 188), e o historiador Roland Mousnier resume o seu conteúdo:

“O humanista inglês Thomas More (1480-1533), membro do Conselho Privado de Henrique VIII e chanceler da Inglaterra, publica em 1516 a Utopia, inspirada na evolução capitalista inglesa e na República de Platão (...) A Utopia é uma ilha longínqua, cujo regime é uma ditadura comunista: todos os bens são comuns, os cidadãos não têm o direito de se deslocarem, pois se assim procedessem seria impossível controlar o trabalho e o consumo. Todos os funcionários são eleitos e os utopistas são consultados em todas as questões importantes, mediante referendos. Uma religião do Estado impõe a crença comum num Ser supremo e um culto cívico. O clero, também eleito, escolhe os trabalhadores, os cidadãos letrados, que executam os trabalhos intelectuais e fornecem os candidatos a funcionários. O governo dirige a economia mediante um plano de produção e detém o monopólio do comércio exterior. Os utopistas auxiliam os seus vizinhos a ‘utopizar-se’ e transformam-nos em Estados protegidos. Tudo é válido no combate aos inimigos: põe-se a prêmio a cabeça de seus chefes e provocam-se revoltas(MOUSNIER, Roland. História Geral das Civilizações: Os Séculos XVI e XVII – Tomo IV, 1º Volume. São Paulo: Difusão Europeia do Livro, 1960, p. 55-56)

O historiador francês André Maurois acrescenta que “More anelava a morte do espírito de cavalaria; anunciava o comunismo, o desprezo do ouro, o trabalho obrigatório para todos” (MAUROIS, André. História da Inglaterra. Rio de Janeiro: Pongetti, 1959, p. 188). Sua obra “utópica” lançou as sementes daquilo que mais tarde viria a ser o comunismo e influenciou diversos comunistas, como de fato continua influenciando a muitos até os dias de hoje. Se alguém ainda não sabe, trata-se de um regime político de opressão e cerceamento das liberdades individuais que resultou em 100 milhões de mortes só no século passado, mas que os apologistas católicos não acham tão ruim assim, afinal de contas a Igreja o canonizou como um “mártir”.

A lição que fica é bastante simples: um cara pode ser o precursor de um regime facínora e ditatorial que resultou em milhões de mortes no mundo todo e que supostamente é condenado pela própria Igreja Romana, mas se morreu como católico, tá valendo! O cara não apenas é perdoado das aberrações que ensinou em vida sem jamais ter se arrependido, como ainda tem um passaporte garantido direto pro Céu, uma canonização infalível e um poder de onipresença e onisciência para neste momento ouvir e atender as preces de todos os católicos que a ele rezam em todas as partes do mundo e ao mesmo tempo. E pior: o próprio site católico em questão se diz contra o comunismo, o que mostra que ou eles não conhecem nada do personagem que retratam no artigo, ou são completamente desonestos. Já as autoridades da Igreja que o canonizaram não podem alegar ignorância pois o conheciam perfeitamente bem, e mesmo assim fizeram do comunista um “santo”, só porque se opôs a Henrique VIII!

O site de “catequistas” não apenas aprova Thomas More, mas vai além, o chamando de “grandioso em todos os sentidos” (sim, isso é uma transcrição ipsis litteris das palavras deles!). Se ele era grandioso em todos os sentidos, então presume-se que em sua maior e mais importante obra que o tornou conhecido no mundo todo também foi. Talvez eles não saibam disso, afinal, acho que não consta no filme que eles divulgam sobre More, que é a única coisa que eles conhecem deste senhor.

As coisas poderiam terminar apenas mal se fosse só por isso, mas os catequistas, não satisfeitos, insistem em vomitar mais asneira. Dessa vez atacam covardemente um rei de apenas nove anos de idade que reinou até os seus onze quando morreu doente. A razão? Era protestante, é claro! O site católico o descreve como “um moleque enfermiço e boçal que nada mais foi que um joguete na mão dos protestantes”. Sim, eles escarnecem de uma criança de nove anos por ser doente, doença aliás que acabou com a sua vida prematuramente. São realmente canalhas, não tendo limites morais para atacar qualquer coisa que relacionem ao protestantismo, no alto do seu fanatismo cego.

Talvez o que incomode mesmo os apologistas católicos seja o fato de Eduardo VI nunca ter assassinado ninguém, nem empregado perseguições sumárias, nem levantado massacres como os reis católicos da época faziam. E isso explica a parte mais assustadora e chocante do artigo: a glorificação que eles fazem de uma assassina sanguinária, a rainha Maria I (não sem razão, conhecida como “Maria, a Sanguinária”). Em seu reinado os protestantes foram perseguidos, chacinados e torturados nas mãos dessa louca, que nas palavras do site católico, era “uma princesinha”! Por quê? Claro: porque era católica! Eles chamam de “princesinha” uma assassina maníaca pior que Jezabel, porque, na lógica deles, vale literalmente tudo se o rei ou rainha em questão servir à "Santa Igreja" para eliminar a "heresia".

Para quem não sabe, foi no reinado dessa rainha inescrupulosa e sanguinária (mas não muito diferente dos outros reis e rainhas católicos da época) que John Foxe escreveu o famoso “Livro dos Mártires”, onde narra os horrores vividos pelos protestantes ingleses em seus dias, além de uma descrição das perseguições históricas desde o início do Cristianismo. Mas aqui não precisamos sequer lançar mão deste livro, que será rechaçado a priori pelos apologistas católicos por se tratar de um autor protestante, então fiquemos com o que diz um dos maiores historiadores da história da Inglaterra:

“A crueldade das suas perseguições contra os protestantes, que lhe valeu o cognome de Maria a Sanguinária, pode sem dúvida em parte ser explicada por uma perturbação que tocava a loucura. Filipe não lhe aconselhava tais rigores. Queimar hereges, pensava ele, era excelente na Espanha e nos Países Baixos; na Inglaterra a prudência exigia alguma paciência. Maria não teve nenhuma. A 20 de Janeiro de 1555, fora estabelecida a lei contra a heresia; a 22, as comissões começaram a funcionar; a 3 de Fevereiro, o primeiro padre casado foi queimado em Smithfield. Cerca de trezentos mártires protestantes pereceram nas chamas. Esse suplício era tão horroroso que os assistentes, para abreviá-lo, traziam saquinhos de pólvora que amarravam ao pescoço das vítimas. Os próprios carrascos, também repugnados, não se opunham” (MAUROIS, André. História da Inglaterra. Rio de Janeiro: Pongetti, 1959, p. 209)

Os líderes reformistas na Inglaterra também não foram poupados:

“Alguns desses mortos foram sublimes. O velho Latimer, que tinha sido um grande pregador protestante, foi queimado em Oxford ao mesmo tempo que o doutor Ridley. Teria podido facilmente salvar a vida abjurando, mas, quando se abriu a discussão com os doutores que precedia sempre o suplício, respondeu que lera os Evangelhos sem neles encontrar a missa. ‘Ficai absolutamente tranquilo, Master Ridley, disse ele ao companheiro de suplício no momento em que as correntes do carrasco os atavam ambos ao poste, ficai tranquilo pois acenderemos hoje, com a graça de Deus, uma tal chama na Inglaterra que nunca mais se extinguirá’” (MAUROIS, André. História da Inglaterra. Rio de Janeiro: Pongetti, 1959, p. 209)

De fato, a perseguição de Maria Sanguinária teve um aspecto que a tornava ainda pior que Henrique VIII, o católico-nacionalista – ela tinha o costume de assassinar as pessoas do povo, e não apenas os líderes religiosos e gente da elite:

“As vítimas católicas de Henrique VIII pouco haviam comovido a massa do povo inglês, porque muitas delas tinham sido monges ou frades, tidos como seres de exceção; as vítimas de Maria foram, excluídos alguns eclesiásticos, homens e mulheres do povo” (MAUROIS, André. História da Inglaterra. Rio de Janeiro: Pongetti, 1959, p. 209)

Além de todos os que foram cruelmente assassinados no reinado de Maria Tudor pela única e exclusiva razão de serem protestantes, e, portanto, taxados de “hereges”, dois mil pastores protestantes foram expulsos ou tiveram que fugir do país (MAUROIS, 1959, p. 215). Na opinião desses cretinos travestidos de “apologistas católicos”, eles devem ter fugido sem razão, ou talvez para verem a final da Champions League. O mais assustador de tudo é pensar que eles sabem perfeitamente bem das atrocidades cometidas por essa rainha, e é exatamente por isso que eles a defendem. Tudo o que tinha como propósito destruir, aniquilar e exterminar o protestantismo (como a Inquisição e a noite de S. Bartolomeu) eles defendem com todo o entusiasmo do mundo, porque, para eles, matar “hereges” era um bem praticado em favor do triunfo da fé católica, tal como entendiam todos os papas e bispos da Igreja Romana ao longo de todo o período medieval e da Idade Moderna. Tem a intolerância no DNA, como regra de fé no lugar da Bíblia.

Antes de concluir, não poderia deixar de fora um artigo relacionado do mesmo site, embora essa falsidade eu já tenha refutado neste artigo mais antigo. Vejamos o print hilário:


É inacreditável como, em pleno século XXI, ainda existe gente tão ingênua e bobinha. Eu simplesmente não consigo acreditar que isso seja realmente ingenuidade, embora isso seja preferível à única alternativa que resta, a de desonestidade. Tentar enganar os leitores com um conto de fadas em que a Igreja Romana não era nada apegada ao poder e não entrava no “jogo político”, mas apenas cuidava das “questões espirituais” com toda a sinceridade do mundo, é uma coisa muito feia. No meu artigo antigo eu mostro como isso na verdade se deu: Catarina (a mulher de Henrique VIII, que sairia prejudicada com o divórcio) era tia de Carlos V, o mais poderoso imperador da época, que governava sobre todo o Sacro Império Romano-Germânico e também sobre a Espanha, então o país mais poderoso da Europa.

Este poderoso imperador ficou furioso com a notícia do divórcio e exigiu do papa as devidas providências. O papa teve que optar entre desagradar o rei da Inglaterra ou o imperador do Sacro Império, da Espanha e com domínio sobre os Países Baixos, e não teve muito o que pensar. Era óbvio que optaria pelo mais poderoso: Carlos V. Negou, assim, o divórcio ao rei inglês, não porque quisesse, mas porque foi forçado a isso diante das circunstâncias. No meu artigo antigo eu mostro como a Igreja Romana fazia vista grossa aos próprios papas que eram imorais, depravados, assassinos, pedófilos, estupradores, sodomitas, adúlteros e incestuosos, não tendo moral nenhuma e nem lógica alguma em condenar um divórcio de Henrique VIII. Mas para além disso há outra prova concreta de que o papa não estava disposto a rejeitar o divórcio de Henrique se não fosse obrigado pelas circunstâncias: o fato de já ter aceitado numerosos outros casos semelhantes:

“O divórcio civil não existia e, além disso, teria sido inútil a um rei piedoso; era-lhe necessário pedir a Roma a anulação do seu casamento. Parecia fácil de obter, pois o papa mostrara até então, em tais matérias, quando se tratava de soberanos, uma condescendência sem limites. Demais, existia a rigor um caso plausível de anulamento: Catarina tinha sido mulher do irmão de seu esposo. Era verdade: uma bula pontífica declarara válido o segundo matrimônio(MAUROIS, André. História da Inglaterra. Rio de Janeiro: Pongetti, 1959, p. 194)

A própria Catarina (sua mulher, de quem ele queria se divorciar) já tinha sido esposa de outro homem, e, mesmo contra as normas eclesiásticas (o direito canônico proibia que um homem se casasse com a mulher do seu irmão), o papa havia legitimado o segundo casamento. Então, por que com Henrique VIII não poderia haver exceção? Como se não bastasse, Henrique IV (rei da França, décadas mais tarde) teve quarenta mulheres (amantes), o que era fato notório e conhecido, e mesmo assim a Igreja Romana jamais o depôs por causa disso, como fez com Henrique VIII (MAUROIS, 1959, p. 191). Por isso, como aponta o historiador católico Cesare Cantú, foi só depois de ser instado pelos embaixadores de Carlos V (ou seja, quando pressionado politicamente) que o papa anulou a sentença de divórcio (CANTÚ, Cesare. História Universal – Vigésimo Segundo Volume. São Paulo: Editora das Américas, 1954, p. 118).

Os papas nunca excomungaram Catarina de Médici pelo extermínio de dezenas de milhares de protestantes na Noite de São Bartolomeu, também nunca excomungaram qualquer rei católico espanhol durante a Inquisição que eles defendem que “foi culpa do Estado”, também nunca excomungaram a quantidade inumerável de reis católicos imorais e assassinos da época, também nunca excomungaram os reis dos vários países católicos que permitiam a escravidão e praticavam o tráfico negreiro, também nunca excomungaram os que chacinaram crianças e bebês nas Cruzadas após salvo-conduto (pelo contrário, lhes deram indulgência plenária!), mas excomungou Henrique VIII por causa de um “simples” divórcio em comparado a estas monstruosidades sem fim. E ainda tem gente besta e ingênua o bastante pra pensar que os papas pautavam suas atitudes em pressupostos morais!

Essa era a realidade da Igreja Romana: uma Igreja que decidia tudo pela politicagem, sem nenhum compromisso com Deus, pela fé ou pela verdade. Uma Igreja que já havia se prostituído há tempos, caindo na maior e mais profunda apostasia e depravação moral, que levava em seu peito não as marcas de Cristo, mas a sinagoga de Satanás. Seria muito bom se tudo isso fosse apenas um passado distante e já esquecido no tempo, mas os “catequistas” fazem questão de reviver esse espírito, enaltecendo um dos maiores precursores ideológicos do comunismo, glorificando uma assassina maníaca sanguinária e inventando fábulas e fantasias de uma Igreja Romana honesta e sincera, que só existiu na cabeça dos que são tão ingênuos ao ponto de acreditar. 

Paz a todos vocês que estão em Cristo.

Por Cristo e por Seu Reino,
Lucas Banzoli (www.facebook.com/lucasbanzoli1)


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